quarta-feira, 23 de março de 2011

Região serrana do Rio ainda tem 345 desaparecidos


Setenta dias depois do temporal que vitimou 905 pessoas na região serrana do Rio de Janeiro, familiares enfrentam falta de informações para encontrar 345 pessoas classificadas, até agora, como desaparecidas.

Teresópolis conta 180, entre elas a mulher e duas filhas de Wendel Cunha, 33. O pedreiro não estava em casa quando a força da água arrastou todo o imóvel. Ele só encontrou o corpo da filha mais nova, Yasmin, de apenas dois meses.

Segundo o juiz José Ricardo Ferreira, da 2ª Vara de Família da cidade, conseguir a confirmação documental da possível morte de um desaparecido será um processo "vagaroso e cuidadoso". "Se eu declarar a morte de alguém que não morreu, vou causar graves consequências em questões de herança, dívidas e sucessão", afirma.

Mesmo com a cópia da autorização de sepultamento do pai, Elizangela Lopes, 28, não consegue o atestado de óbito a fim de que sua mãe consiga a pensão que tem direito. "Minha mãe está gravemente ferida e precisou fazer um enxerto no pé", diz Elizangela, que está desempregada.

Para casos como o dela, a Vara de Família marcou para meados de abril um "pautão" no qual serão julgados casos em que a prova documental foi insuficiente para comprovar uma morte.

O Ministério Público não sabe dizer quantos dos mortos em Teresópolis foram enterrados sem identificação. Segundo o órgão, a promotora Anaíza Malhardes suspendeu a questão enquanto está de férias. Ela pretende cuidar dos casos quando voltar, no mês que vem.

Em Nova Friburgo, levantamento do Ministério Público sobre os 85 desaparecidos aponta indícios de que apenas 22 casos se tratam de pessoas que morreram de fato. Os outros 63 seriam pessoas que foram encontradas sem que a Promotoria fosse avisada para que desse baixa na lista de desaparecidos. Nova Friburgo teve 21 corpos enterrados sem identificação. Dois deles foram reconhecidos posteriormente por fotos e tiveram a identidade confirmada por digitais.

Um comentário:

  1. Bastou as imagens da catástrofe saírem dos noticiários televisivos e a desorganização que contamina o país em todas as esferas da administração pública voltou a reger o cotidiano da população da região serrana do Rio.

    É inacreditável que a promotora tenha deixado a população desamparada e “saído em férias” poucos dias após a catástrofe.
    Afinal, será que ela compreendeu o que aconteceu com a população em que ela trabalha?!
    Quando um promotor sai de férias, não há um substituto que assuma a posição? O trabalho simplesmente pára?!

    Assim como as promessas de liberação de investimentos para “aluguel social”, entre outros, e de organização de um plano de ação nacional para intervenção em situações de crise, que na prática não passaram de discursos oportunistas, o oportunismo irresponsável da representante do Ministério Público, deixa ainda mais evidente que continuamos desamparados de planejamento e competência pública.

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