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terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Opinião: drogas e políticas públicas

Crack: uma realidade dolorosa

A sociedade padece e agoniza diante da situação dos usuários de crack e das “cracolândias”. Em todos os confins do território brasileiro existem usuários desta droga. Embora o cidadão pobre, sem oportunidades e que fica à mercê da sociedade continue sendo o mais acometido, pessoas das classes sociais mais abastadas também passaram a configurar como usuários desta substância. Conseqüentemente, o caos, numa realidade já caótica, vem se agravando. Eis que surge um questionamento: como reagir frente a esta realidade?

Os programas governamentais sucumbem na necessidade de combater o crack. Tais programas e projetos devem extrapolar a dimensão da saúde, visto que, sem instrumentos sociais, educacionais e culturais nenhum resultado será alcançado. Por mais que o componente de saúde pública seja primordial, é obtuso e equivocado achar que a problemática do crack e que todas as suas conseqüências serão combatidas, apenas, com discussões pautadas em leitos psiquiátricos ou clínicas de tratamento.O dependente de crack e suas famílias necessitarão, além de espaços de tratamentos dignos e adequados, de uma revolução social.

Este é o grande engodo da problemática que poderia ser questionada de forma reducionista da seguinte forma: o Estado Brasileiro está preparado e se mostra capaz para esta revolução?

Confesso que é difícil responder se em algum momento ele esteve ou se ele está ou se ele estará pronto para revolucionar desta forma conforme analisado acima. O dependente de crack é o mesmo fora e dentro do espaço de tratamento seja ele comunitário, hospitalar ou misto. Portanto, a vida dele, em sua quase totalidade, acontecerá nas ruas, nas relações familiares e sociais, no trabalho e no cotidiano. Eis o porquê da necessidade de se pensar além dos espaços de tratamento sejam eles públicos ou privados. A propósito estes últimos crescem gradativamente evidenciando a falência do modelo público de tratamento e a lucratividade neste terreno fértil e não semeado pelo Estado.

Após as propostas de Reforma da Assistência à Saúde Mental, ocorridas nas décadas de 1980 e 1990 e confirmadas nas décadas seguintes, ocorreu uma redução maciça dos leitos hospitalares psiquiátricos. Paralelamente, havia a proposta de criar uma rede comunitária substitutiva capaz de assumir, em todos os aspectos terapêuticos, o paciente psiquiátrico. Nesta transição reformadora, alguns pontos críticos merecem destaques:

1. O descompasso na velocidade de redução dos leitos hospitalares e de criação dos serviços substitutivos comunitários;

2. A falta de análise longitudinal do principal substitutivo da Reforma “Psiquiátrica” Brasileira (CAPS – Centro de Atenção Psicossocial) no que concerne aos seus indicadores de impacto (eficiência, eficácia, efetividade, etc);

3. O investimento deficitário para o setor hospitalar gerando uma falta de assistência àqueles que necessitam deste modelo de tratamento;

4. O número limitado de unidades psiquiátricas em hospital geral capazes de fornecer um tratamento psiquiátrico mais integral e integrado com as outras áreas médicas;

5. O financiamento precário para saúde mental associado a um direcionamento majoritário de recursos aos Centros de Atenção Psicossociais.

Há uma necessidade de avaliação crítica sobre estes pontos e isto de forma alguma é significado de que ocorrerá uma defesa a modelos asilares ou manicomiais. Pelo contrário, os asilos não necessariamente precisam de muros hospitalares, visto que, eles também estão ligados a forma ideológica do pensar e nascem com o abandono. Desse modo, um consultório pode ser manicomial, um CAPS pode ser manicomial, uma unidade de internação pode ser manicomial e embora os manicômios tenham sido combatidos no período pós-reformador, atualmente, temos manicômios maiores do que os de outrora, por exemplo: os presídios brasileiros.

Se o gargalo já era estreito para ter um tratamento psiquiátrico digno antes do aumento da preocupação social com o crack e com as “cracolândias”, imaginem agora. Por isto, eu volto a ressaltar: o que era o caos ficou mais caótico e neste terremoto sanitário e social surgirão aproveitadores e falsos líderes capazes de lucrar com tudo isto sejam com ganhos primários ou secundários. Na verdade, isto já é um filme repetido basta lembrar as guerras, as situações de conflitos e a seca nordestina.

Em todo processo saúde-doença, independente da patologia, é necessário compreender, aprofundar o entendimento e investir em atividades preventivas. Estas propostas mostram-se eficazes e, ao final, menos onerosas, portanto mais eficientes. Em relação ao crack, discute-se sobre “tratar” e “internar” como se a simples colocação do indivíduo no regime hospitalar, por mais que indicada sob o julgamento médico, resolvesse a problemática. A discussão técnica de muitas entidades representativas de classes e de categorias profissionais bate, recorrentemente, nesta tecla. Cansamos de escutar o questionamento – “onde vamos internar”? No entanto, não escutamos o seguinte questionar: como vamos fazer para combater esta ascensão de usuários de crack e de “cracolândias”? Enfim, numa linguagem mais coloquial, seria melhor e mais lógico “enxugar o gelo ou impedir que ele cresça”?

A voz daqueles que trabalham com saúde mental e que poderiam pressionar as instâncias governamentais é uma voz fraca e sem reverberação. No Brasil, a forma ideologicamente apaixonada que a Reforma da Assistência à Saúde Mental foi conduzida deixou um triste legado – a dicotomia entre as categorias profissionais. De um lado “os defensores da reforma” e de outro “os opositores da reforma”. Às vezes, esta análise é tão primitiva e tão apaixonada que você pode ser colocado em um lado por uma simples opinião que, em tese, não teve como objetivo defender nem lá, nem cá. Conclusão: a voz é fragmentada e, muitas vezes, até contraditória. O resultado é um meio de cultura apropriado para a construção de Políticas de Saúde Pública que não darão certo. E nós, protagonistas do processo, ficamos parecidos com “baratas tontas” trombando uns nos outros sem conseguir mudar absolutamente nada.

Talvez, tudo isto justifique esta importante problemática. Portanto, a questão não é somente a capacidade expansiva de consumo e de dependência que o crack tem. Ele se encaixou como dedo em luva nesta realidade caracterizada por uma:
• Atenção à saúde mental capenga;
• Usuários com situação social, educacional e cultural agonizante;
• Disputa entre categorias profissionais com ausência de voz conjunta e coletiva;
• Ausência de Políticas de Saúde Mental com medição de indicadores de impacto das suas propostas;
• Surgimento de aproveitadores e falsos líderes que, ao invés de inverter e resolver a demanda, acaba por perpetuá-la.

O crack é uma realidade nua e crua que está explícita aos olhos de todos. Não adiantará se esconder, pois, de um jeito ou de outro, ele baterá na nossa porta. Por fim, é preferível analisarmos estes pontos de estrangulamentos a fim de construirmos exércitos e propostas de vitória, pois esta postura é mais digna e enriquecedora do que escrever e valorizar derrotas. As categorias profissionais da saúde mental e a sociedade civil precisarão ajustar o discurso para que, de maneira mais efetiva e menos dicotomizada e messiânica, melhores resultados sejam alcançados.







Autor: Dr. Régis Eric Maia Barros
(Psiquiatra, Mestre e Doutor em Saúde Mental pela FMRP – USP)
Escreva para o autor AQUI.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Doenças do pulmão matam um em cada dez europeus

Pesquisadores da European Respiratory Society constataram que a incidência de câncer de pulmão e da doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) - mal que destrói os alvéolos pulmonares, incapacitando parcialmente o órgão - deve continuar a crescer nos próximos 20 anos por causa do persistente hábito do fumo entre europeus.

Apesar de ser considerado um problema grave, a pesquisa apontou que a prevenção, o tratamento e o fomento à pesquisa não são prioridade em países europeus. A pesquisa europeia, divulgado na publicação científica European Lung White Book e feita a partir de dados recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do European Centre for Disease and Control, analisou as tendências da evolução das doenças pulmonares em toda a Europa.

O estudo demonstra que fumantes de tabaco representam "o desafio da saúde mais importante da Europa" e mantém o fumo como o hábito que causa o maior número de mortes por câncer de pulmão, DPOC e insuficiência cardíaca.

Ainda que o número de fumantes tenha diminuído significativamente em países como a Dinamarca e Grã-Bretanha desde os anos 1970, o estudo mostra que os efeitos de longo prazo daqueles que mantiveram o hábito ao longo dos anos continuam a gerar um alto índice de mortes por câncer de pulmão e DPOC. Com isso, a proporção no número de mortes causado por condições pulmonares deverá permanecer estável pelos próximos 20 anos, ainda que haja uma previsão de queda no índice de infecções do pulmão.

Desde 2000, o serviço nacional de saúde da Grã-Bretanha oferece um serviço gratuito de aconselhamento para pessoas que queiram largar o cigarro. O estudo europeu destaca que iniciativas como essa "resultam num maior número de fumantes engajados em parar de fumar".

Conclusão

Os resultados da pesquisa concluíram que o investimento em prevenção, tratamento e pesquisa de doenças ligadas ao pulmão deve ser priorizado. "Tanto o tratamento quanto a prevenção de doenças pulmonares devem melhorar se quisermos reduzir o impacto (do problema) na longevidade, qualidade de vida e economia dos países Europeus e em todo o mundo", afirma Francesco Blasi, presidente da European Respiratory Society.

Para o professor Richard Hunnard, da British Lung Foundation, o estudo europeu mostra o real problema causado pelas doenças respiratórias da Grã-Bretanha. "Doenças como o câncer de pulmão e DPOC mata milhares de pessoas todos os anos, mas existem ainda outros 40 tipos diferentes de doenças pulmonares. Índices de mortalidade por fibrose pulmonar idiopática (doença em que os alvéolos se transformam num tecido rígido chamado fibrose e param de funcionar) e mesotelioma (câncer considerado raro, que acomete dentre outros órgãos a pleura - a membrana que envolve o pulmão), têm crescido progressivamente por décadas", ressalta Hunnard. "Se levarmos tudo isso em consideração, é bem provável que cerca de um quarto das mortes na Grã-Bretanha a cada ano sejam causadas por doenças respiratórias - o mesmo número de mortes causadas por todos os outros tipos de câncer que não envolvem o pulmão", explica.

Ele ainda disse que os altos índices de morte na Grã-Bretanha associadas ao pulmão sugere que os pacientes estão procurando ajuda médica muito tarde.

Informação divulgada através do portal BBC Brasil.

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

POPULAÇÃO BRASILEIRA TEM 12% DE FUMANTES

Dados do Ministério da Saúde mostram que 12% dos brasileiros são fumantes. Para tentar conscientizar as pessoas sobre o risco do tabaco e a importância de largar o cigarro, foram feitas nessa quinta-feira (29/08), data em que é comemorado o Dia Nacional de Combate ao Fumo, ações educativas em praticamente todo o país para comemorar.

O pneumologista da Divisão de Controle do Tabagismo, do Inca (Instituto Nacional do Câncer), Ricardo Meirelles, alerta que o tabagismo é uma doença que pode ocasionar outras: é um dos fatores de risco para o aparecimento de diversos tipos de câncer (pulmão e boca), doenças cardiovasculares, AVCs (acidentes vasculares cerebrais), além de menopausa, infertilidade e envelhecimento precoces.

Meirelles explica que, logo depois de deixar o cigarro, o ex-fumante já sente melhora na qualidade de vida. “Ele sente uma melhora dentro de dois, três dias no fôlego, se não tiver uma doença respiratória, já dá pra subir uma escada melhor, fazer exercícios”, disse o especialista.

Segundo o especialista, deixar de fumar é difícil, mas o acompanhamento de profissionais pode tornar o processo mais confortável. De acordo com o Ministério da Saúde, existem 24.515 equipes de 4.371 municípios brasileiros inscritas no PMAQ (Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica ), que inclui o PNCT (Programa Nacional de Controle do Tabagismo), para oferecer tratamento gratuito ao dependente.

A terapia do serviço público inclui apoio psicológico, medicamentos (entre adesivos, pastilhas, gomas de mascar e o antidepressivo bupropiona), atendimentos educativos e terapêuticos.

O tabagismo é considerado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) a principal causa de morte evitável. Além disso, cerca de 1,2 bilhão de pessoas são fumantes. “Cerca de 80% dos fumantes desejam parar, mas apenas 3% conseguem realmente abandonar o vício. Além disso, é considerado ex-fumante a pessoa que fica um ano sem fumar”, explica o cardiologista do Hospital do Coração do Brasil, João Ferreira Marques. O médico esclarece que, quem abandona o vício antes dos 30 anos, consegue reestabelecer o organismo a ponto de parecer que nunca fumou.

De acordo com Meirelles, muitas vezes o fumante espera ter um problema de saúde para decidir parar de fumar. O médico acrescentou que a proibição de fumar em locais fechados fez com que muitos fumantes se sentissem incomodados em ter que deixar o ambiente de amigos para fumar e isso está fazendo com que pensem em deixar o vício. “Ele está conversando com amigos e tem que sair para fumar, a pessoa sente-se escrava do cigarro. Se está no shopping e precisa sair pra fumar, isso passa a ser desconfortável”.

Segundo pesquisa da Organização Pan-Americana da Saúde, entre 1989 e 2010 um em cada três brasileiros deixou de fumar devido à entrada em vigor das medidas que restringiram a propaganda de cigarros na televisão e em veículos de comunicação de massa.

A meta do governo brasileiro é reduzir de 12% para 9% a proporção de fumantes na população adulta até 2022.