Após realizar um debate ao vivo entre o secretario municipal de desenvolvimento urbano de São Paulo, Miguel Bucalem, e o presidente da Associação de Comerciantes da Santa Ifigênia, Paulo Garcia, na quinta-feira (27/01), na manhã de ontem, os veículos de comunicação finalmente começaram a perceber que devem ouvir os moradores que serão afetados com a implantação do Projeto Nova Luz. Em entrevista para a rádio CBN, a jornalista Paula Ribas, moradora da região e líder da Associação de Moradores da Luz, afirma que o projeto de revitalização de parte da área antiga da capital paulista, proposto pela Prefeitura Municipal e batizado como Nova Luz, não oferece oportunidade para os moradores apresentarem suas opiniões e necessidades, nem considera o problema de saúde pública que aflige a região.
Segundo Paula, as manifestações que impedem o diálogo entre população, Secretaria e empresas envolvidas no projeto, são organizadas, em sua maioria, por comerciantes da Rua Santa Ifigênia e, na opinião dela, ao barrar o diálogo sob forma de protesto, não atende às expectativas e intenções dos moradores, que desejam ser ouvidos. “O protesto (dos comerciantes) é válido e importante para mostrar que o bairro está preocupado, e mais do que isso, está unido e interessado no que está acontecendo. Só que o excesso prejudica. Porque não abre oportunidade para diálogo entre a população, moradores, lojistas, comerciantes, enfim, os interessados, para falar o que pensam e como querem”, contestou. “No Anhembi, perdemos uma grande oportunidade de dialogar. E isso não é consenso de todos. Foi um posicionamento (impedir a audiência pública) de um grupo”, afirmou a moradora.
Durante a conversa com o âncora da rádio, Milton Jung, Paula afirmou que a região precisa ser requalificada, e não somente revitalizada, como propõe a Prefeitura. “O termo revitalização parece pretender indicar que nunca houve vida aqui. Que nunca houve gente, ou trabalho. Sempre houve. Agora é que pararam para olhar e para perceber”, argumentou Paula. “Não estamos concordando com o projeto de revitalização da Nova Luz. Nós queremos várias alterações no projeto e não como ele está. O bairro precisa ser requalificado. É indigno morar aqui! É indigno passear aqui!”, afirmou.
E a ineficiência do poder público em enxergar o fator humano envolvido na alteração proposta para o bairro, fica ainda mais evidente quando a moradora aponta a ausência de políticas voltadas para saúde pública. “A Crackolândia, pejorativamente chama de Crackolândia. O projeto não tem uma linha que fale sobre a questão de Saúde Pública do bairro. E isso tem que estar no projeto”, afirma Paula, que ainda aponta falhas da prefeitura em identificar, precisamente, quem são os moradores e profissionais que atuam na região: “A nossa reivindicação é cadastramento. A população, lojas, todos, precisam passar por um processo de cadastramento oficial da Prefeitura”.
A jornalista mantém um blog (apropriacaodaluz.blogspot.com), com que pretende “dar voz e vez aos moradores do perímetro de renascimento da Luz”, e foi muito clara ao declarar, na entrevista: “A gente quer participar desse processo. A gente quer opinar nesse processo!”
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