quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Dois anos após tragédia, Santa Catarina é referência

Solução foi medida simples: aumentar eficiência dos mecanismos de alerta

Dois anos após uma tragédia que deixou 135 mortos, Santa Catarina está novamente em situação de alerta por causa das chuvas: a previsão é de fortes temporais até domingo no estado. Pode ser uma oportunidade de testar um sistema de gerenciamento de desastres que é tido como referência pela Secretaria Nacional de Defesa Civil (Sedec).

Cidades ficaram completamente alagadas.

Parte dos municípios catarinenses já está em situação delicada: 15 prefeituras decretaram estado de emergência. São 5 mil desalojados e 500 desabrigados em Santa Catarina. Ao todo, 215 mil pessoas foram afetadas pelas fortes chuvas. Mas, até agora, a única morte registrada foi a de um homem atingido por um raio.

A diferença no número de óbitos está numa medida simples: desde a última tragédia, as defesas civis municipais aumentaram a eficiência nos mecanismos de alerta à população. Não houve grandes mudanças no sistema de monitoramento climático e ambiental, considerado adequado pelas autoridades estaduais.
“Treinamos 70 mil jovens para receber essa informação como líderes comunitários. Fizemos também um documentário sobre o tema e divulgamos em todas as escolas públicas”, explica o major Márcio Luiz Alves, coordenador da Defesa Civil catarinense. Os alertas de temporais também são veiculados na internet e distribuídos aos veículos de comunicação, que replicam o aviso às populações de risco.

Na opinião do major, os órgãos públicos devem se concentrar na tarefa de fazer o recado chegar de forma clara aos moradores das áreas de risco: “Não adianta o governo investir milhões no sistema de monitoramento se ele não investir proporcionalmente num projeto de mudança cultural. A comunidade precisa saber como se comportar diante dos alertas”, afirma. Ele garante que, se as chuvas do final de 2008 se repetissem agora, as perdas seriam muito menores.


Reconstrução

Apesar das melhorias no sistema de prevenção, as regiões atingidas ainda não se recuperaram plenamente das tragédias. Em Blumenau, a cidade mais devastada pelas chuvas de 2008, ainda há 120 famílias vivendo em abrigos da prefeitura, à espera da casa própria. Outras 96 já conseguiram um novo imóvel, por meio do programa Minha Casa, Minha Vida. Só agora a prefeitura firmou parceria com o governo federal para a implantação de um sistema de pluviômetros no rio Itajaí-açu, que corta a cidade.
Depois da tragédia de dois anos atrás, Blumenau criou um novo sistema de mapeamento de áreas de risco: as regiões são classificadas pelas cores vermelha (proibido construir qualquer moradia), amarela (área em situação de alerta permanente) e verde (sem risco). A Defesa Civil municipal, que era um departamento e tinha seis funcionários, foi transformada em secretaria com 48 funcionários. De 2008 para cá, a prefeitura teve de reformar 62 unidades de saúde, 14 escolas e 19 creches. Em todo o estado, a reconstrução das áreas atingidas custou 360 milhões de reais aos cofres da União.

Blumenau é uma das cidades em situação de alerta por causa da previsão de novos temporais. Será um teste importante para confirmar se a cidade e o estado tiraram as lições necessárias da tragédia de dois anos atrás.

Fonte: Veja

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