Terror que inspira

Quem assistiu a filmes como Psi-cose, O Silêncio dos Inocentes e O Massacre da Serra Elétrica sabe que os serial killers exercem um estranho fascínio sobre a plateia. O que as pessoas não sabem – e isso certamente aumentará o fascínio por obras do gênero – é que os assassinos do cinema foram baseados em criminosos da vida real. Como é que é?! Quer dizer que existem pessoas capazes de cometer todas aquelas esquisitices sanguinolentas? A resposta é sim, e isso acontece com mais incidência do que imaginamos.

A principal inspiração para os psicopatas da tela foi um sujeito chamado Ed Gein. Nascido em 1906, criou-se numa região agrícola de Wisconsin, nos EUA, como se sabe um dos países mais problemáticos do Ocidente. O pai morreu cedo por causa do álcool. A mãe era uma religiosa empedernida, dessas que proíbem os filhos de tudo que se afaste um centímetro da Bíblia. Ed cresceu cheio de culpas e castigos físicos, pouco afeito à convivência com o mundo exterior.

Quando tinha 38 anos, o celeiro da fazenda se incendiou. Seu único irmão morreu queimado ao tentar apagar o fogo.

É possível que tenha sido a primeira vítima de Ed, então tomado pela ira e pelos ciúmes de um Caim. No ano seguinte, foi a vez da mãe falecer. Ed passou a viver sozinho, e com isso sua loucura só fez crescer. Começou a frequentar o cemitério para furtar cadáveres recentes e com eles – ô, louco! – decorar a casa. Forrou um abajur e uma cadeira com pele humana, fez um prato com ossos cranianos, pendurou orelhas por todos os lados e, para dar um toque de requinte, amarrou pedaços de corpos na sala e na cozinha.

Devido à desconfiança dos vizinhos e do coveiro, Ed resolveu produzir a matéria-prima para suas práticas bizarras. Com a ajuda de uma pistola e da astúcia que ninguém reconheceria num sujeito tão recluso, assassinou pelo menos duas mulheres. Quando a polícia finalmente o pegou, descobriu que ele possuía uma “fantasia de mulher” feita com a pele da própria mãe.

– Meu Deus! – disse o comissário. – Por que você fez isso?

– Para trocar de sexo – respondeu o maníaco, calmo como uma flor de maracujá.

Considerado mentalmente incapaz, passou o resto da vida num hospital psiquiátrico. Morreu em 1984, aos 78 anos, esquecido e ofuscado pelos personagens cinematográficos que inspirou. Nada errado se Ed Gein despertou o tal fascínio em você. O problema – pois é – é se pintou algum tipo de admiração. Aí, danou-se!


Fonte: Jornal de Santa Catarina