quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Compra compulsiva é doença, e tem tratamento

Comprar sem parar, gastar mais do que ganha e ver a vida financeira no fundo do poço pode não ser apenas um problema de desequilíbrio financeiro. Comprar demais pode ser uma doença: a oniomania (mania de comprar), um dos transtornos do impulso, reconhecido pela Sociedade Brasileira de Psiquiatria.

Isso não quer dizer que qualquer pessoa com uma quedinha por liquidações, ou que adora bater perna por aí, precisa de tratamento. Apesar de os sintomas do transtorno serem sutis, eles existem, como explica a psicóloga Tatiana Filomensky, coordenadora do grupo de tratamento dos transtornos do impulso do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo.

- O comprador compulsivo tem algumas características, ele apresenta arrependimento, mente, esconde, muitas vezes deixa a mercadoria na loja e passa para pegar depois. Enfim, ele tem um comportamento para encobrir a compra, porque tem culpa e em geral tem arrependimento. Muitas vezes se arrepende assim que sai da loja.

Segundo Tatiana, o diagnóstico nem sempre é fácil, principalmente porque o ato de comprar não é condenado pela sociedade.

- Ao contrário. Consumir é algo estimulado e bem aceito pela nossa sociedade. Somos todos bombardeados e estimulados a comprar. E como a doença está relacionada ao desejo é difícil mesmo de ser percebida, porque todo mundo consome, em geral já ficou desorganizado, ou está devendo, ou compra e deixa de usar.

A grande diferença entre quem simplesmente compra de quem tem o transtorno é que o doente tem uma grande inquietação quando não pode comprar. Segundo Tatiana, tem uma falha em controlar o impulso de comprar.

- A relação com a necessidade de comprar pode ser comparada com a de um dependente químico.

Para os compradores compulsivos, portanto, a compra é como uma anestesia emocional, que envolve sentimentos como tristeza e ansiedade.

Em geral, o tratamento do comprador compulsivo só começa quando a situação já está totalmente fora de controle e afeta ou comprometeu, nos casos mais graves, as relações pessoais. Este é o perfil dos pacientes que chegam ao Ambulatório Integrado dos Transtornos do Impulso do Hospital das Clínicas.

- Em geral o paciente chega com uma dívida. E estamos falando em proporções de R$ 20 mil, R$ 30 mil.

Tratamento

Os pacientes do ambulatório do Hospital das Clínicas têm, em média, entre 30 e 50 anos. Para fazer o tratamento, que é gratuito, basta ligar e se inscrever. A grande dificuldade é que o paciente demora a reconhecer que precisa de tratamento.

- Há a fase da negação. Por isso, na maioria dos casos as pessoas já chegaram “no fundo do poço”. Alguns, por não terem mais crédito acabaram roubando. Tivemos um caso de uma pessoa que trabalhava em empresa e começou a desviar recursos para poder comprar, e acabou demitida por justa causa.

O tratamento do HC ao viciado em compras é feito por meio de terapia em grupo. São vinte sessões, uma por semana, com duração de uma hora e trinta minutos cada uma. Após cinco meses de tratamento é feita uma avaliação. Se houver necessidade, o paciente é encaminhado para a terapia individual ou para o tratamento psiquiátrico.

Fonte: R7

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