quarta-feira, 17 de junho de 2009

Esquizofrenia e as Constelações Familiares

A edição de domingo (14/6) do Diário da Manhã aborda a esquizofrenia e a discussão em torno da reforma psiquiátrica. Alguns defensores da reforma, como a psicóloga Deusdete do Carmo Martins, representante do Conselho Regional de Psicologia (CRP) no Fórum Goiano de Saúde Mental, argumentam que o tratamento não deve ser feito em instituições que isolam o paciente, que o segrega do convívio social. Por outro lado, há profissionais experientes, como o psiquiatra Salomão Rodrigues Filho, presidente do Conselho Regional de Medicina (Cremego), que defendem que, em momentos de crise, a internação em hospital psiquiátrico torna-se imprescindível.

A esquizofrenia é um grave transtorno mental que tem sido tema de reportagens em jornais, revistas e também na novela Caminho das Índias, da TV Globo, cujo personagem Tasso enfrenta o mais cruel dos preconceitos: o da própria família, que resiste em reconhecê-lo esquizofrênico. Em recente edição, a revista Época mostrou o drama do escritor e poeta Ferreira Gullar, que tem dois filhos com o problema. Mas a discussão deve ser mais ampla, ir além do “interna ou não interna”, comumente abordado na mídia. Devemos ampliar o debate e buscar soluções para o paciente, inclusive soluções novas. Em Caminho das Índias, fica claro que o transtorno atinge toda a família.

Bons argumentos não faltam para defensores e opositores da reforma que, com certeza, é um tema que ainda vai longe. Quero acreditar que todos, no final, sairão ganhando, especialmente os doentes.

Apresento, neste espaço democrático do Diário da Manhã, uma metodologia terapêutica que tem crescido vertiginosamente, sobretudo por sua forma simples e direta na busca de solução dos mais diversos problemas: as Constelações Familiares. Trata-se de um método desenvolvido originalmente pelo psicólogo alemão Bert Hellinger, com sólida base científica, inserido na abordagem sistêmico-fenomenológica. Sistêmico porque o paciente é visto dentro de seu contexto familiar, e o terapeuta se coloca a serviço de todo o sistema familiar na busca de soluções; e fenomenológica porque o terapeuta, o paciente e as pessoas que são chamadas a representar membros de sua família durante o processo terapêutico devem estar dispostos a se abrir à realidade que busca manifestar-se e a aceitá-la tal como é, sem intenções, sem medo e sem apelar para teorias ou experiências anteriores.

O que ocorre numa Constelação Familiar é que um paciente, aleatoriamente, escolhe entre os participantes de um grupo as pessoas que vão representar membros de sua família (pai, mãe, irmão, parceiro etc.) e os posiciona num determinado espaço, uns em relação aos outros. O mais curioso é que os representantes passam a sentir e a expressar sentimentos e comportamentos estranhos a si mesmos e, eventualmente, “captam” sintomas dos membros da família que eles representam, sem nenhuma informação prévia a respeito deles.

O método possibilita vir à luz o pano de fundo das mais diversas questões relacionadas à saúde, como a esquizofrenia, comportamentos destrutivos, dificuldades profissionais e financeiras, relacionamentos amorosos, lutos, perdas etc. O que se percebe é que situações traumáticas vivenciadas na família, em gerações passadas, podem repercutir no futuro, levando pessoas a repetirem, de forma inconsciente, o destino trágico de antepassados. Priorizamos as forças positivas que se mostram no sistema, mobilizando-as de forma que se tornem úteis ao cliente e a seu sistema familiar, ou seja, buscamos um caminho de solução.

Devo advertir que Constelações Familiares é uma forma de terapia complementar para a esquizofrenia e outros transtornos, e que não substitui os tratamentos tradicionais, tanto médico quanto psicológico e, por melhor que seja, não é uma panaceia universal do tipo “resolve tudo”. O que temos observado é que o método tem sido muito útil a pessoas que não obtiveram o resultado esperado nas terapias convencionais.

Fonte: Diário da Manhã

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