SOLIDARIEDADE AOS COLEGAS DO CRIA DA UNIFESP
Nós da equipe de Psicossomática Psicanalítica do Instituto Sedes Sapientiae manifestamos nossa total solidariedade a toda a equipe do Centro de Referência da Infância e da Adolescência - CRIA da UNIFESP, indignados diante da determinação da Secretaria da Saúde do Governo do Estado de SP que encerra o apoio financeiro que há mais de dez anos vinha viabilizando o trabalho desses profissionais.
Há mais de 30 anos, são conhecidos a importância e o alcance do trabalho dessa equipe estruturada a partir das atividades pioneiras de Raul Gorayeb e Oswaldo Di Loreto entre muitos que lutaram por atendimentos dignos no campo da Saúde Mental infantil e adolescente no Brasil, principalmente junto à população absolutamente carente de serviços para lidar com seu sofrimento psíquico.
Repudiamos a justificativa da Secretaria da Saúde para tal interrupção, alegando que serviços de saúde mental inspirados pela prática psicanalítica "não contam com eficácia comprovada" e não fazem parte da "mainstream" da psiquiatria atual.
Consideramos essa alegação mais uma manifestação de atitudes discriminatórias que, infelizmente, vem sendo observadas de forma cada vez mais frequente, intensa e intimidatória nos serviços públicos de Saúde Mental, instituições, CAPs e congêneres.
Acreditamos e defendemos o respeito à pluralidade de olhares, compreensão e de abordagens terapêuticas que tentam lidar com o sofrimento humano, reconhecendo serem elas, sobretudo, fruto das histórias transferenciais, clínicas e identificatórias da formação dos profissionais que buscam, todos, oferecer o que tem de melhor para os pacientes.
É lamentável que equipes e trabalhos sérios na área de Saúde Mental, construídos ao longo de anos de forma cuidadosa e com imenso esforço individual e coletivo sejam inviabilizados de forma intempestiva a partir de posições preconceituosas, desconsiderando as necessidades e a realidade clínica individual e social dos pacientes e da população atendida nesses serviços.
Consideramos ser mais grave ainda, do ponto de vista ético, o desrespeito aos vínculos terapêuticos, institucionais e históricos construídos com os pacientes e suas famílias que estão sendo interrompidos de forma repentina pela simples razão de inexistirem no momento estruturas terapêuticas alternativas capazes de receber o encaminhamento dos pacientes que deixarão de ser atendidos.
Equipe de Psicossomática Psicanalítica do Instituto Sedes Sapientiae.
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