Ecobioética na prática
O comentário do cineasta Arnaldo Jabor, hoje na rádio CBN, expressa muito bem a pressão emocional que aflige boa parte da humanidade no atual período de catástrofes naturais, desastres antropogênicos, corrupção, terrorismo, terrorismo de estado, violência urbana e, apesar de não ter sido expressamente mencionado, aumento sem igual do consumo de álcool e drogas – em todos os países e em todas as classes sociais.
A realidade, documentada, noticiada e distribuída, como nunca, através de canais de comunicação tecnicamente eficientes, mas nem sempre editorialmente engajados com a promoção do bem estar geral da população; invade as nossas vidas como um tsunami de informações em que, ultimamente, a adversidade ganha maior destaque. A ponto de influenciar os nossos sentimentos e instintos mais básicos, ligados ao medo da morte e busca por sobrevivência. Sentimentos interpretados e descritos por Jabor em trechos como: “A sensação de que a Natureza está se casando com os instintos de morte dos homens”, “O que é isso? A sensação de fragilidade e de precariedade dos homens aumenta a cada dia” e “A vitória parece que é sempre dos piores”.
Através da Rede de Ecobioética, eu participo de uma corrente internacional de profissionais, ligados à Saúde Mental e outras especialidades, integradas transdisciplinarmente, que perceberam que é inócuo buscar somente tratar as doenças, sem se debruçar também sobre as causas. E que em escala dimensionada em populações, para combatermos o adoecimento emocional e as somatizações e consequencias dele advindas, como há tempos já alertou o sociólogo Edgar Morin, precisamos compreender a vida em um contexto mais amplo, que ele teorizou como Complexidade.
Impulsionada pelo processo globalizado de acesso à informação, às tecnologias, à economia e à necessidade de interlocução entre culturas, nem sempre simples, a Vida no século XXI contempla amplo espectro de exposição a estímulos emocionais, condição que, por exemplo, não existia há séculos atrás. E se por um lado, em alguns momentos a avaliação subjetiva que nos envolve parece tender à ansiedade, e até à angústia. Por outra perspectiva, a humanidade nunca contou com tantos recursos e conhecimentos universalmente compartilhados para compreender a multiplicidade de alternativas que podem ser trabalhadas para estabelecermos a harmonia entre pessoas e meio ambiente.
Não se trata apenas de enxergar a realidade a partir de uma perspectiva otimista e menos desestabilizadora, emocionalmente. Na prática, a Ecobioética nos convida a reconhecer as limitações humanas, ao mesmo tempo que apresenta o caminho da transdisciplinaridade, ou seja, cooperação entre todas as atividades envolvidas na construção e aprimoramentos das realidades, como alternativa amadurecida, para não só combater o sofrimento emocional, como para construir qualidade de vida em escala muito maior.
José T. Thomé
Escute o comentário do Jabor.
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