A China é o segundo país com mais usuários de internet. São 140 milhões de pessoas conectadas, perdendo apenas para os Estados Unidos. Possui o maior mercado de games on-line, com mais de 10 milhões de jogadores que, apesar das severas restrições impostas pelo governo chinês, passam horas em frente ao computador, principalmente em cybercafés e lan houses.
Na semana passada, um chinês de 30 anos morreu após ficar durante três dias seguidos em uma maratona de jogos on-line. O fato não é inédito por lá. Em 2005, uma jovem chinesa morreu depois de dias jogando World of Warcraft. Aos amigos, ela revelou que estava “em preparação para enfrentar uma parte muito difícil do jogo” e que não tinha tempo para dormir. Na mesma semana, um jovem coreano morreu enquanto jogava o mesmo jogo.
“Sabemos que o que faz mal não é a internet, mas a relação que se desenvolve”, explica Cristiano Nabuco de Abreu, especialista em dependência em internet e que desenvolve pesquisa sobre o tema no Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (IPq/USP). “Nestes casos, estes jovens morreram por causa de exaustão. São dias seguidos cheios de adrenalina por conta dos jogos. O corpo entra em colapso”, explica.
De acordo com Nabuco de Abreu, os jovens estão mais suscetíveis a desenvolver este vício por estarem mais despreparados, no entanto, o número de adultos também é grande, havendo casos de pessoas com mais de 70 anos procurando ajuda. “Na verdade, eles já apresentariam comodidades psiquiátricas como quadros de depressão, transtorno bipolar do humor ou ainda quadros de fobia social. O indivíduo acaba preferindo navegar a ter uma experiência no cotidiano”.
A dependência em internet ainda não é um transtorno psiquiátrico reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), porém o número de casos – ou a proporção epidêmica – faz que países como China, Coreia do Sul e Holanda tratem do vício como uma patologia social com centros de reabilitação para viciados em videogames ou internet. “Só na China são 150 centros de tratamento”, diz Nabuco.
No Brasil, o assunto é timidamente abordado e ainda não possui tanto espaço quanto o necessário. “O que acontece na China, na verdade, pode ser um exemplo em médio prazo dos efeitos que poderemos sentir aqui no Brasil, uma vez que a internet se popularizou cinco ou sete anos antes nos Tigres Asiáticos”, explica.
Segundo o especialista, para evitar que se desenvolva o vício, principalmente nos jovens, os pais devem deixar o computador em algum local comum da casa, nunca no quarto dos adolescentes. “Deve-se estabelecer uma relação saudável com a internet. Nunca proibir, pois este jovem estaria sendo segregado do meio social dele, já que todos os seus amigos estão ali”, finaliza Nabuco.
Como identificar o problema?
Nabuco indica que alguns comportamentos são típicos e podem ser observados, como: ficar mais tempo conectado do que o planejado; preferir estabelecer relações com amigos virtuais em vez de amigos do mundo real; deixar de lado as atividades que precisariam ser feitas para poder ficar mais tempo na frente do computador; observar prejuízos no trabalho, escola ou mesmo nas relações pessoais; mentir a respeito do tempo que esteve conectado; tentar reduzir o tempo de navegação, mas não conseguir. “Todos estes elementos juntos, ou mesmo separados, já seriam fortes indícios de que a pessoa se tornou ou está se tornando dependente da internet”, diz o especialista, que indica também que o IPq/USP mantém um site para ajudar pessoas com o problema ou familiares e amigos que queiram ajudar alguém com os sintomas de dependência de internet: dependeciadeinternet.com.br.
Fonte: O que eu tenho
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