segunda-feira, 21 de março de 2011

Obras de hidrelétricas em Rondônia subestimaram impacto social

As regiões onde ocorrem as obras das hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, em Rondônia, registram uma explosão de criminalidade e de casos de exploração sexual de crianças e adolescentes. O aumento dos problemas supera o ritmo do crescimento populacional.

A obra de Jirau foi palco de revolta de trabalhadores na semana passada e o canteiro foi depredado.

As usinas começaram a ser construídas no segundo semestre de 2008. A população de Porto Velho, onde estão as duas obras, cresceu 12,5% entre aquele ano e 2010. A expansão populacional de Rondônia foi de 2,7%.

Já o número de homicídios dolosos na capital aumentou 44% no mesmo período. Para o promotor Aluildo de Oliveira Leite, que acompanha o impacto das obras, o efeito social das obras foi "subdimensionado".

A ampliação do hospital de base da cidade, que era prevista, não foi concluída.

Em janeiro, os Ministérios Públicos, Estadual e Federal, cobraram do governo do Estado e da prefeitura "ações sociais efetivas" para o distrito de Jaci-Paraná. O objetivo, segundo o documento, é "reduzir a alarmante prostituição e tráfico de drogas" no local.

Segundo Raiclin Silva, do Juizado da Infância, as áreas próximas aos canteiros tinham participação mínima nos resgates de menores e agora são metade do total.

O número de estupros em Rondônia cresceu 76,5% de 2008 a 2010. A quantidade de crianças e adolescentes vítimas de abuso ou exploração sexual subiu 18% no período.

Mais de 37 mil funcionários, na maioria homens vindos de outros Estados, trabalham nas duas obras. "É como se houvesse um garimpo", diz Silva.

OUTRO LADO

Segundo o consórcio Energia Sustentável do Brasil, o programa de compensação da obra de Jirau prevê repasse de R$ 156 milhões ao governo estadual e prefeitura.

O consórcio Santo Antônio Energia disse que repassou recursos para a segurança pública estadual.
O governo estadual e a prefeitura não se pronunciaram.

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