Barro nos cantos das ruas, poeira, casas destruídas, pedras, e postes quebrados bloqueando vias. O cenário de caos continua em algumas cidades da Região Serrana do Rio, um mês após a catástrofe provocada pela chuva em janeiro. Desde o início da enchente, as prefeituras dos municípios afetados contabilizam mais de 890 mortes.
Em Teresópolis, chuva deixou rastros no bairro Campo Grande. |
As buscas por vítimas continuam e o Ministério Público do Rio ainda estima que mais de 400 pessoas estejam desaparecidas.
Para muitos, o novo lar ainda é um sonho distante. Com escassez de imóveis para alugar, as igrejas, galpões e escolas servem de residência para aqueles que perderam tudo. Em Teresópolis, a prefeitura registrou 9.110 desabrigados e 6.727 desalojados. Atualmente, a cidade tem 18 abrigos, onde residem cerca de 900 pessoas.
A situação não é diferente em Nova Friburgo. O levantamento da prefeitura aponta 949 famílias desabrigadas e 4.528 desalojados. Parte dessas pessoas se divide entre os 69 abrigos espalhados pela cidade. Em São José do Vale do Rio Preto, há 111 famílias morando em locais provisórios, como tendas e associações de moradores.
Destruição no bairro Campo Grande
Moradores andam em meio ao cenário de caos em Teresópolis. |
O motorista Antonio Gonçalves Rocha, de 68 anos, mora há mais 40 anos em Campo Grande, um dos bairros mais afetados pela chuva em Teresópolis.
Nas paredes das casas ainda é possível ver as marcas que a água atingiu, na noite de 11 de janeiro. A Cedae e a Ampla, a pedido da Defesa Civil, não normalizaram o abastecimento de água e luz no local, para evitar o retorno dos moradores.
Apesar do cenário desolador, algumas pessoas resistem a sair de casa. Antônio é um deles. Ele diz que não deixa a residência da patroa com medo de saques. O motorista alega que não há segurança em Campo Grande à noite e de madrugada.
“Nesta semana mesmo, houve roubos em várias casas que foram abandonadas por seus moradores nos bairros da Posse, Caleme e Campo Grande. A casa da minha patroa, onde moro, não foi afetada. A chuva carregou apenas a piscina e o jardim. Sei que pra isso aqui voltar ao normal vai levar uma década, mas enquanto isso, estou ajudando a desobstruir algumas ruas para os carros passarem”, conta o motorista.
O caseiro Manoel Rodrigues teme que o bairro de Campo Grande seja esquecido pelas autoridades.
“Moro aqui na região há 25 anos. Como fica um pouco distante do Centro, acho que isso aqui vai servir mesmo de cemitério, com várias pessoas ainda mortas embaixo desse tanto de pedra e terra. Campo Grande virou um bairro fantasma, acho que nunca mais vai voltar ao normal, com o tempo as pessoas esquecem”, declara o caseiro.
Comerciantes lamentam prejuízo
Comerciantes ainda lamentam prejuízo um mês depois da chuva (Foto: Tássia Thum/G1) |
A chuva levou grande parte do estoque da loja e derrubou prateleiras. Com a ajuda de amigos e funcionários, Gilberto pretende reabrir o comércio em dois meses. A loja fica na Praça do Suspiro, um dos principais pontos turísticos da cidade.
“O comércio em Nova Friburgo está totalmente parado. Acho que as coisas vão voltar à normalidade, em 6 meses, até um ano, quem sabe”, lamenta o comerciante.
Turismo em Petrópolis
Após as chuvas, Petrópolis tenta voltar a atrair os turistas. A cidade que abriga o Museu Imperial registrou 72 mortes e ainda tem 200 habitantes desabrigados e mais de 6 mil desalojados. Os bairros mais castigados pelo temporal ficam a cerca de 15 quilômetros do Centro de Itaipava, distrito de Petrópolis.
Segundo a prefeitura de Petrópolis, no mês de janeiro, os hotéis e pousadas da cidade chegaram a sofrer uma queda de quase 100% nas reservas. O comércio amargou também um declínio de 60% nas vendas. Para reaquecer a economia local, os hotéis baixaram as tarifas e criaram promoções.
Fonte: G1
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