ARTIGO
José Thomé
Nos últimos dias, dois textos publicados em jornais de grande circulação chamaram a minha atenção. No dia 19, o articulista Sérgio Telles, do Estadão, veiculou “O divã e a bolha financeira”, em que comenta a "Proposta para Desenvolver uma Finança Emocional", do Prof. David Tuckett. Pesquisa selecionada para receber bolsa através do Instituto para o Novo Pensamento Econômico (Inet, em inglês), de Nova York. E no último domingo, um dos editoriais da Folha, intitulado “Livres para abusar”. Em que sem entrar explicitamente no campo da psicanálise, o jornal abordou justamente a impossibilidade de haver desconhecimento, por parte dos bancos e fundos de investimento, ou seja, das pessoas que neles trabalham, sobre a incompatibilidade entre dividendos oferecidos e alternativas de investimentos, nas movimentações bilionárias realizadas por Bernard Madoff. E através da mesma linha de raciocínio, entre os papéis imobiliários supervalorizados através dos bancos e fundos, e a realidade das pessoas que contraíram tais financiamentos.
Enfim, ainda que timidamente, o mercado financeiro sinaliza começar a compreender que por trás das sofisticadas teorias econômicas e das milhares de conjecturas sobre o futuro dos ativos econômicos em jogo no mundo, existem os Fatores Humanos. E que estes últimos não podem ser negligenciados, pois possuem o poder, singular, de transformar todo o resto em abstração.
Percebo com satisfação que o conceito de interdisciplinaridade começa a tomar corpo. E que a percepção sobre o emocional das pessoas envolvidas, não só no mercado financeiro em si, mas em toda a cadeia de relações econômicas que integra diferentes mercados, nações, culturas, não é mais interpretado como tão menos relevante, frente às decisões lógicas e racionais.
Tenho desenvolvido projetos ligados a populações expostas em situações extremas, em diversas regiões do país. E estudado tantas outras, em âmbito internacional. E seja em situações pós catástrofes climáticas, seja em disputas imobiliárias características de grandes metrópoles: o direcionamento Ecobioético, que propõe intervir a partir da abordagem transdisciplinar, colhe resultados práticos e se fortalece como modelo de atuação eficaz sob perspectivas múltiplas, tais como social, educacional, de Saúde e também econômica, entre outras. Por isso, espero que também o mercado financeiro brasileiro, os governos, e toda a sociedade civil, abram seus olhos para a força silenciosa, que pode simplificar as equações mais complexas, e inviabilizar projetos planejados como infalíveis. As pessoas.
José Toufic Thomé é psiquiatra e psicoterapeuta psicodinâmico; coordenador do Curso Intervenções em Situações Limite Desorganizadoras no Instituto Sedes Sapientiae-SP; preside a Unidade Brasileira da Rede Ibero-americana de Ecobioética / Cátedra UNESCO de Bioética; membro da Associação Mundial de Psiquiatria (WPA) – Secção de Psiquiatria dos Desastres; e delegado do Conselho Mundial de Psicoterapia (WCP) na Comissão de Saúde Mental do ECOSOC na Organização das Nações Unidas (ONU).
Leia outros artigos do psiquiatra José Thomé no seu Blog Pessoal.
José Toufic Thomé é psiquiatra e psicoterapeuta psicodinâmico; coordenador do Curso Intervenções em Situações Limite Desorganizadoras no Instituto Sedes Sapientiae-SP; preside a Unidade Brasileira da Rede Ibero-americana de Ecobioética / Cátedra UNESCO de Bioética; membro da Associação Mundial de Psiquiatria (WPA) – Secção de Psiquiatria dos Desastres; e delegado do Conselho Mundial de Psicoterapia (WCP) na Comissão de Saúde Mental do ECOSOC na Organização das Nações Unidas (ONU).
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