O efeito devastador do crack é percebido por qualquer cidadão que caminhe na área central de Brasília, em Taguatinga e em Ceilândia — nessa última, os viciados fizeram dos bueiros a residência oficial. Mas a velocidade com que a droga se alastrou pelo Distrito Federal começa a aparecer agora nas estatísticas da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF). Balanço divulgado no início de fevereiro revelou que em 2010 as apreensões das pedras triplicaram em relação a 2009.
Homem entra em bueiro usado para o consumo de crack, em Ceilândia. |
A polícia retirou das ruas 35,6kg do entorpecente contra 11,9kg recolhidos no ano anterior. Isso representa um aumento de 199,15%. Já as apreensões de merla estão em queda. A SSP-DF mostrou ainda redução na apreensão de armas e crescimento nos homicídios dolosos, decorrentes dos acidentes de trânsito (leia arte). Já a criminalidade de forma geral caiu, como adiantou com exclusividade o Correio ao longo da semana.
Na avaliação do diretor da Divisão de Estatística e Planejamento Operacional (Depo) da Polícia Civil do DF, Ronaldo Almeida da Silva, o crescimento do crack e a diminuição da merla podem ter ocorrido porque são equivalentes no preço e no acesso. “Com a chegada do crack, os usuários migraram para o que era novidade”, explicou. Para Almeida, o incremento das apreensões das pedras não está relacionado apenas
ao crescimento do consumo e da distribuição. “A polícia tem feito operações em locais onde as pessoas se reúnem para fazer uso da droga, e a inteligência tem atuado para chegar aos traficantes. A partir do momento em que se intensificam as ações policiais, isso se reflete no aumento das estatísticas”, afirmou.
O balanço da SSP-DF revelou ainda um crescimento de 29,25% nas apreensões de cocaína. Em compensação, houve redução nas ocorrências envolvendo maconha, heroína, haxixe, ecstasy e LSD. “Heroína, ectasy e LSD são drogas mais caras e raramente são apreendidas em Brasília”, disse o diretor da Depo. A participação da sociedade em parceria com a polícia é apontada por integrantes do órgão como fundamental para combater esse tipo de crime.
O diretor de Avaliação, Fiscalização e Análise da SSP-DF, coronel Jailson Ferreira Braz, afirmou que a denúncia dos moradores é essencial para o combate ao tráfico e ao uso de drogas. “O cidadão pode ligar para o (serviço) 190, o 197 ou o 181 para comunicar fatos suspeitos. A denúncia pelo 181 é anônima, e a pessoa fica com um protocolo para acompanhar o que a polícia fez a respeito. Às vezes, as ações demoram porque é preciso conseguir provas”, explicou.
O crescimento do número de acidentes fatais e de mortos nas vias do DF também aparece nas estatísticas de crimes da SSP-DF. A quantidade de homicídios culposos (sem intenção de matar) cresceu 22,5% em 2010, na comparação com o ano anterior. Foram 375 casos em 2010 e 306 em 2009. A taxa que leva em conta o número de ocorrências por habitante também aponta crescimento de 19,8%.
Ações integradas
Ao avaliar a criminalidade no DF, o coronel Jailson ressaltou que a análise dos dados deve levar em conta a metodologia aplicada para a elaboração das estatísticas. Segundo ele, no DF as tentativas de homicídio são acompanhadas por 45 dias após o fato. Depois, as informações são cruzadas com dados do Instituto de Medicina Legal (IML) e com as investigações do crime. “Se a pessoa morreu nesse intervalo de tempo, deixa de ser tentativa e entra para o quadro de homicídio. Portanto, temos um quadro bem próximo do real, o que não ocorre em algumas unidades da Federação, onde os índices podem até ser menores”, destacou.
Para o coronel Jailson, os índices de criminalidade têm caído em função de operações integradas das forças de segurança pública e de ações específicas. Entre elas, a Chronos, que fiscaliza os sentenciados com o regime aberto. Outra operação citada é a Prenda Seu Ladrão, em que cada policial tem a obrigação de cumprir pelo menos um mandato de prisão. A SSP-DF não divulgou as cidades com o maior número de ocorrências criminais. A informação, segundo o órgão, é considerada estratégica para fechar o cerco aos marginais.
Fonte: Correio Braziliense
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