Psicólogo do HC analisa a nova fobia que já atinge 20% da população
Há exatos 20 anos a primeira companhia de celular chegava ao Brasil, comercializando telefones móveis, grandes, difíceis de carregar e que quase não se via pelas ruas do país. Hoje, o aparelho tornou-se um dos objetos de consumo mais populares por adultos a crianças. Assim como a tecnologia se desenvolveu, trazendo facilidade para quem usa, trouxe também uma conseqüência para os usuários, a dependência.
O fenômeno já foi batizado de nomofobia pelos especialistas, que significa no mobile, ou medo de estar sem celular, na tradução literal. A síndrome causa ansiedade, pânico, impotência, angústia que surge quando alguém se sente impossibilitado de se comunicar por estar sem o aparelho. “A pessoa não consegue se desprender da tecnologia. Deixa o aparelho ligado 24 horas por dia, inclusive na hora que vai ao banheiro ou até mesmo na hora de dormir”, explica o psicólogo Cristiano Nabuco, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da FMUSP, ligado à Secretaria de Estado da Saúde.
Para ele, a nomofobia não diz respeito somente ao aparelho celular, mas qualquer tecnologia que deixe as pessoas conectadas, como computadores e notebooks. Só no Brasil já são mais de 250 milhões de aparelhos de telefonia móvel vendidos. “Esse número é impressionante, principalmente porque é maior que a população. Isso mostra como as pessoas estão cada vez mais dependentes e passaram a usar mais de um telefone”, afirma o psicólogo acrescentando que antigamente as janela das casas eram grandes, pois era uma forma de se comunicar com o mundo. “E hoje as janelas estão cada vez menores e as TVs cada vez maiores. Essa é a nova conexão com o mundo”, completa o psicólogo.
Ainda, segundo Nabuco, o mais preocupante é que qualquer um está sujeito à fobia, mas o alvo mais comum são os jovens. O especialista alerta para os sintomas mais frequentes: abandonar tudo o que faz para atender o celular; nunca deixar o aparelho sem bateria; não carregar o celular na bolsa, bolso ou similares (prefere carregá-lo na mão para que possa atender imediatamente); nunca esquece o celular em casa, se isso acontecer, volta de onde está para pegá-lo; sente-se mal quando acaba a bateria, quando perde o aparelho ou pensa que perdeu.
“Os jovens já nasceram nesse mundo tecnológico, já usam a própria linguagem quando estão no computador, o que traz prejuízo de aprendizado já que abreviam e não acentuam quase nenhuma palavra”, alerta. Além disso, os adolescentes, por possuírem uma renda controlada pelos pais estão se acostumando cada vez mais usarem os sms, ou torpedos, como forma comunicação, já que é mais barato. “É mais prático e econômico para eles”, observa.
“Não dá para tirar totalmente o celular da vida de alguém, o importante é usar o bom senso para não se viciar”, finaliza o Cristiano Nabuco.
Fonte: SEGS Portal Nacional Seguros & Saúde
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