terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Álcool e fumo afetam fertilidade

Duas pesquisas inéditas, reali-zadas com homens goianos inférteis, comprovam a relação direta entre a infertilidade e o consumo frequente de álcool e fumo. Os estudos analisaram o material genético desses homens, que procuraram ajuda médica juntamente com suas mulheres para a dificuldade de o casal ter filhos. Quase três de cada dez homens que declararam consumir bebidas alcoólicas manifestaram baixa ou nula produção de espermatozóides. Entre os fumantes, a variação é até nove vezes maior, em comparação com quem não fuma. Esses fatores se potencializam quando somados a uma predisposição genética para o problema.

Pesquisas em andamento analisam os efeitos da bebida e do cigarro para a infertilidade feminina. Outros fatores são estudados, como o uso de medicamentos anticoncepcionais e a prática de exercícios físicos. “O anticoncepcional faz demorar o surgimento da endometriose, doença que provoca infertilidade, mas ainda não há certeza científica sobre isso”, afirma a doutora em Biologia Molecular Kátia Karina Verolli Moura, professora da Pontífica Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) e coordenadora do Grupo de Genética Molecular, autora dos estudos.

O Grupo de Genética Molecular da PUC-GO realizou outros dois estudos com conclusões importantes para homens e mulheres inférteis. Cada um dos quatro levantamentos analisou um gene diferente, cuja variação ou mutação pode determinar se o casal tem condições genéticas para ter filhos (veja no quadro da página 5).

Os pesquisadores descobriram que 78,9% dos homens com alteração do número de espermatozóides apresentam uma variação num gene específico. O grupo também descobriu as razões para a manifestação da endometriose nas mulheres.

A doença, em que células do útero chegam ao abdome e provocam infecção e dor intensa, está entre as principais causas de infertilidade feminina. A raiz genética do problema é um entrave nos tratamentos para a infertilidade.

As amostras de sangue utilizadas nas quatro pesquisas foram coletadas de pacientes do Laboratório de Reprodução Humana do Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal de Goiás (UFG), o único em Goiás que oferece tratamento público, do início ao fim, para casais inférteis. Já o laboratório da PUC-GO é o único que faz exames genéticos gratuitamente, basicamente para casais que estão em tratamento no HC. O hospital atende 45 pessoas por dia, em média. Já o laboratório da PUC realiza de 20 a 30 exames por mês.

Cada exame rende um material que é útil nas pesquisas. Foi assim com os 206 homens utilizados na pesquisa com o andrógeno, um hormônio sexual masculino importante para a formação dos espermatozóides. O gene decisivo para a produção do andrógeno sofre influência do álcool no organismo, como constatou o estudo.

Quase 30% dos homens que, no HC, apresentaram baixa ou nenhuma produção de espermatozóide declararam consumir álcool. Em alguns casos, foram identificadas alterações no formato do espermatozóide, que impedem a fecundação com o óvulo. “Uma quantidade insignificante de homens que não bebem apresentou mutações”, afirma Kátia Karina.

No caso do cigarro, a influência é mais negativa para a fertilidade masculina quando associada a uma predisposição genética para o problema. O gene responsável pela produção do estrogênio, outro hormônio importante para a regulação da fertilidade, pode sofrer alterações que, associadas ao fumo, decidem se o homem será fértil ou não.

Após a análise de amostras de sangue de 157 goianos inférteis e 125 férteis, os pesquisadores do Grupo de Genética Molecular concluíram que a variação do gene é quatro vezes maior em homens com baixa produção de espermatozóides, cinco vezes maior em homens com nenhuma produção e sete vezes maior naqueles com formatos alterados do espermatozóide. “O fumo, associado a esses polimorfismos, pode levar à diminuição ou até à ausência de espermatozóides”, diz Kátia Karina.


Fonte: O Popular

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