quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Saúde humana está em jogo na Convenção do Clima

Em meio a protestos de ambien-talistas e encontros de líderes internacionais para negociar reduções de gases de efeito estufa na atmosfera, a Convenção das Mudanças Climáticas da ONU (Nações Unidas), em Copenhague, na Dinamarca, também discute os possíveis impactos do aquecimento global para a saúde humana. São muitos, segundo especialistas.

Para pesquisadores da University College London, no Reino Unido, os problemas com o clima serão a maior ameaça à saúde humana no século 21. Em estudo publicado na revista The Lancet, pouco antes do início da COP-15, que ocorre até o dia 18, os autores defendem que a adaptação a um mundo mais quente deve ser uma das principais preocupações de infraestrutura de saúde.

O estudo tem a inteção de se tornar uma espécie de "relatório Stern dos médicos", segundo os pesquisadores. O nome faz referência ao documento lançado em 2006 e reconhecido internacionalmente sobre os possíveis impactos negativos das mudanças climáticas no planeta, não apenas em questão de saúde.

Outra pesquisa, também publicada na revista The Lancet, aponta que reduzir as emissões de dióxido de carbono poderia salvar milhões de vidas. Falecimentos em decorrência de complicações no pulmão e do coração seriam os primeiros a serem evitados.

Para o diretor adjunto do Instituto Nacional de Ciências da Saúde Ambiental, Christopher Portier, a redução de gases de efeito estufa deve ser uma prioridade que, além de salvar o planeta a longo prazo, "melhora nossa saúde quase imediatamente".

O clima é fator determinante para a saúde humana. Temporadas de gripe, por exemplo, estão diretamente relacionadas com a queda de temperatura e a troca de estações no ano. A OMS (Organização Mundial da Saúde) estima que, a cada ano, morram cerca de 150 mil pessoas por complicações decorrentes das mudanças climáticas.

Segundo a instituição, a poluição do ar exterior é responsável pela morte de 1,2 milhão de pessoas anualmente, e a poluição do ar interior, 1,5 milhão. O número de mortes por acidentes de trânsito - 1,2 milhão por ano - também entra nas estatísticas da OMS porque tem a ver com as mudanças climáticas, uma vez que a substituição de automóveis por transportes mais limpos e coletivos ajuda a reduzir a emissão de poluentes.

A mudança de temperatura também pode acarretar comportamentos inesperados de doenças como a malária e a dengue, já que seus transmissores podem se multiplicar de acordo com a variação climática. São problemas de saúde que atingiriam principalmente os países mais pobres, segundo a OMS.

Um exemplo é a Zâmbia, na África, onde o nível de doenças por causa das mudanças climáticas pode aumentar quatro vezes, segundo estudo do IIED (Instituto Internacional para Ambiente e Desenvolvimento). Em algumas áreas do país, a seca é a principal ameaça à vida. Outras regiões estão sujeitas à inundação por causa da elevação do nível do mar, o que poder aumentar o risco de pneumonia e malária.

Para o autor do estudo, George Kasali, a Zâmbia ainda não desenvolveu qualquer estrutura de informação sobre políticas para o setor da saúde frente às mudanças climáticas. A mesma falta de preparação pode ser observada em países como Benin e Butão.

- Há muito pouca consciência do impacto potencial da mudança climática sobre a saúde humana em setores da saúde de países menos desenvolvidos. Há poucas avaliações de como a mudança climática afetará a segurança alimentar e o acesso à água, comenta diz Hannah Reid, outro pesquisador do IIED.

Brasil

Antes de representantes de todo o país se reunirem em Brasília (DF) para elaborar os primeiros passos da Política Nacional de Saúde Ambiental, um levantamento do Ministério da Saúde mostrou que 2,1 milhões de brasileiros vivem potencialmente expostos a produtos químicos. Os principais contaminantes são os agrotóxicos, com 20%, derivados do petróleo, 16%, resíduos industriais, 12%, e metais, 11%. Os Estados com mais pessoas potencialmente expostas são São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte.

Durante a 1ª Conferência Nacional de Saúde Ambiental, que terminou neste domingo (13), o governo lançou compromissos para melhorar o meio ambiente, saúde, saneamento básico e a qualidade do ar no Brasil.


Fonte: R7

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