terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Especialistas indicam impactos da mudança climática na saúde mental

Especialistas em saúde mental avisam que algumas das mais importantes consequências do aquecimento global para a saúde serão na área de saúde mental, embora esse assunto quase não esteja sendo tratado na Conferência do Clima em Copenhagem.

Liza Page e Louise Howard, do Instituto de Psiquiatria do King’s College de Londres, na Inglaterra, revisaram uma série de pesquisa recentes sobre o potencial das mudanças climáticas para a saúde mental.

Em seu artigo, publicado no periódico científico Psychological Medicine, as duas especialistas concluem que entre os efeitos negativos do aquecimento global será sentido principalmente por aqueles com um histórico de transtornos mentais sérios, mas também contribuirá negativamente para a saúde mental em todo o mundo.

“Os efeitos das mudanças climáticas estão atingindo o ponto crítico nessa reunião que acontecem em Copenhagem. Mas enquanto estão discutindo os efeitos dessas mudanças e quais ações que os governos estarão tomando nos próximos anos, estamos muito preocupados com o fato de que os efeitos do clima nos transtornos mentais serão totalmente ignorados, pondo em risco milhões de pessoas em um futuro não muito distante”, diz Page.

Mudanças impactarão cada vez mais

Page e Howard identificaram uma série de pontos que impactarão na saúde mental da população mundial nos próximos anos, caso as mudanças no clima do planeta continuem acontecendo na mesma velocidade que as atuais.

• Desastres naturais, assim como enchentes, ciclones e secas são algumas das consequências da mudança climática global. Os impactos psiquiátricos são bastante documentados nas pesquisas científicas em todo o mundo, e entre os transtornos enfrentados pelas pessoas após esse tipo de evento estão o estresse pós-traumático, depressão e transtornos somáticos.

• As necessidades de pessoas com transtornos mentais crônicos têm sido sub-avaliado após esses desastres, ao se focar apenas nas intervenções psicológicas ligadas ao trauma. Entretanto há diversas variantes que podem aumentar o risco de mortalidade e morbidade em ocasiões como essas.

• O aumento da temperatura em todo o planeta impactará especialmente as pessoas que já sofrem com algum transtorno mental, ou aquelas com alguma predisposição. E essa população é ainda mais vulnerável à morte, em decorrência do aumento do calor. Fatores de risco como medicação psicotrópicas, doenças pré-existentes relacionadas com o sistema respiratório ou cardiovascular ou mesmo o abuso de drogas (lícitas ou não) também se tornarão muito mais comum nessas pessoas. Os mecanismos naturais para redução do estresse aliado a baixa qualidade de moradia também deixam esses indivíduos mais vulneráveis. Outro dado importante é que a taxa de morte ou suicídio também aumentam quando se atinge uma determinada faixa de temperatura, dizem estudos anteriores.

• Estresse constante, ansiedade e estresse pós-traumático também aumentariam de maneira significativa o índice de morte durante uma possível epidemia de doenças infecciosas.

• A migração forçada, por conta dos desastres naturais ou mudanças drásticas em determinadas regiões também provocará mais transtornos mentais na população afetada por esses eventos.

• A urbanização, que é um fenômeno parcialmente benéfico, por aumentar, quase sempre, a oportunidade de trabalho e um maior acesso aos serviços de saúde, também é responsável pelo desencadeamento da esquizofrenia nos países desenvolvidos. Nos países com maiores diferenças sociais os serviços de saúde mental podem não estar preparados ou mesmo entrar em colapso paralelamente aos efeitos das mudanças climáticas.

• Mesmo as informações sobre os efeitos da ação do homem na mudança do clima, explicam os especialistas, pode ter efeitos adversos no bem estar psicológico individual.


Fonte: UOL

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