sexta-feira, 26 de junho de 2009

Recaídas atingem 80% dos usuários internados

Na luta contra a dependência química, a maior dificuldade está em manter o paciente sem usar drogas. Informações da Diretoria de Saúde Mental da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) mostram que 80% dos pacientes internados sofrem recaídas em até cinco anos, em função de sua vulnerabilidade genética. Em Goiânia são realizadas, por mês, cerca de 600 internações de dependentes químicos. Essas clínicas especializadas recebem pacientes viciados em álcool e drogas, sendo que o crack tem se destacado entre os entorpecentes.

Para reverter o atual quadro, o grande desafio da SMS é oferecer tratamento para os 6% da população considerados como usuários esporádicos. “As internações devem ser restritas apenas aos casos graves, com sérios riscos. Em vez da segregação, hoje o grande foco está nos tratamentos ambulatoriais”, salienta o coordenador da Diretoria de Saúde Mental da SMS, psiquiatra Léo Machado, membro da Diretoria da Associação Goiana de Psiquiatria.

A prevenção primária, segundo o psiquiatra, tem sido meta do governo. Machado frisa que o trabalho atual busca evitar que os usuários de drogas passem para o grupo de dependentes. Segundo o coordenador da Diretoria de Saúde Mental, das 600 internações registradas, 50% são por alcoolismo e a outra metade por entorpecentes. “O crack é responsável por 25%”. Foi ao apresentar esses dados que Machado reforçou a importância do trabalho preventivo.

A prevalência das internações fica para dois homens para cada mulher. Mesmo assim, o psiquiatra revela que o número de pessoas do sexo feminino dependentes quimicamente tem crescido sensivelmente. “O crack é uma droga devastadora, mais barata, tem chegado a Goiânia com muita força e viciado tanto homens quanto mulheres.” Para Machado, o trabalho do município avançou, mesmo assim ainda é preciso aumentar substancialmente a rede.

Na capital existem duas unidades dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) específicas para o tratamento de dependentes químicos de álcool e entorpecentes. Uma é própria para adultos e outra, infanto-juvenil. Além dos Caps, o município conta com o Pronto-Socorro Psiquiátrico Wassily Chuc e com convênios com casas de assistência, como a Casa de Eurípedes. O governo do Estado não oferece tratamento para dependentes químicos.

“MALDIÇÃO DA PEDRA”

Vítima do crack, Maurício (nome fictício) fumava sete gramas da droga todos os dias (aproximadamente 30 cigarros). Em um súbito momento de lucidez, percebeu que se não parasse com o entorpecente seu destino certo seria a morte. Foi quando pediu ajuda. Internado há 17 dias na Casa de Eurípedes, Maurício já conseguiu recuperar 10 quilos de seu peso. “Esse mundo é uma ilusão, onde você busca mais e mais, e não encontra nada. Ao contrário, é a droga que te encontra”, ensina.

Maurício trocou estudo, trabalho e família por uma ambição: o dinheiro. Nesse anseio, começou a vender a pedra, mas acabou preso. Já na cadeia, o ócio levou o rapaz a experimentar a droga e, em pouco tempo, ele já estava totalmente seduzido. “Perdi o contato com a sociedade, minha mulher, meus dois filhos e toda a minha família já não importavam”, lembra.

Agora Maurício resolveu tentar não mais viver no mundo de sua imaginação, como ele mesmo considera. Seu objetivo é ser tratado e reaver as pessoas que ama. “Pensei que todos estavam contra mim, era a paranoia. Todo mundo sempre esteve ao meu lado e nunca parei de ser amado.” Arrependido e determinado, Maurício aconselha a nunca buscar alívio nas drogas. “Uma pequena depressão leva as pessoas até as drogas e depois é só desespero e angústia”, afirma Maurício, que não quer mais usar e, muito menos, vender crack.

Fonte: Hoje Notícia

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