sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

A violência invisível nas relações de trabalho

Texto produzido por Ana Laura Moraes Martinez, veiculado no portal RibeirãoPretoOnline

O que é assédio moral?
O assédio moral é uma forma de violência silenciosa bastante presente nas empresas, seja ela de pequeno, médio ou grande porte.

Quanto mais hierárquica e vertical são as relações dentro da empresa, mais este tipo de violência pode assolar a interação quotidiana no ambiente de trabalho, gerando queda de produtividade, insatisfação, adoecimento emocional e até mesmo físico para aqueles que são vítimas de tal violência.

O que são agressores invisíveis?
Os agressores são aqueles que estão em posições privilegiadas e detêm algum tipo de poder dentro da organização. Pode ser um supervisor, gestor ou chefe imediato que utiliza do seu status e poder para violentar seus subordinados, os quais ele considera inferiores e submissos.

A Psicanálise nomeia este tipo de relação de perversa. O intuito da pessoa com traços perversos é provocar algum tipo de dor ou violência no seu par, subjugando-o e controlando-o. Este tipo de relação pode ocorrer no trabalho, na vida conjugal e social e minar as forças daquele que a sofre.

Intensificada cada vez mais por um contexto social narcísico e hedonista em que vivemos atualmente, as relações perversas podem se configurar de inúmeras maneiras, nem sempre facilmente perceptíveis para aqueles que sofrem e para aqueles que assistem a estas interações patológicas.

Como ela pode acontecer no trabalho?
Xingamentos e humilhações, ataques à autoestima, acusações infundadas e pautadas na lei do mais forte, perseguições repetidas e boicotes ao trabalho diário são apenas alguns dos exemplos bastante corriqueiros deste tipo de violência.

E o pior de tudo é que, muitas vezes, esta violência está tão banalizada no quotidiano do trabalho que fica difícil perceber o que está acontecendo, particularmente, quando o alvo imediato são pessoas que já possuíam uma autoestima diminuída e que, por isso, tem dificuldade de se defender de tais ataques.

Nestes casos, muito dificilmente a pessoa conseguirá sozinha dar um basta a este círculo vicioso de violência, pois, no fundo acaba acreditando que ela é tudo aquilo o que seu chefe ou supervisor alega que ela seja.

Como se proteger desta violência?
É importante ressaltar que tanto a vítima como o agressor precisam de ajuda psicológica, embora este último dificilmente vá buscá-la, pois, acredita que o problema está sempre nos outros e não em si.

Em relação à vítima, esta precisa ser alertada de que aquela relação não é saudável para sua vida, pois, mina sua saúde mental e torna sua auto-estima cada vez mais comprometida e frágil.

Além disso, precisa refletir sobre seu posicionamento de passividade em relação à violência sofrida.

É muito comum que a vítima se submeta a tais ataques por precisar daquele trabalho, acreditando que não conseguirá arrumar outro. Entretanto, se ela permanece muito tempo nesta relação patológica sem conseguir se defender, irá realmente minar cada vez mais sua autoestima e se considerar cada vez mais incapaz, fechando o ciclo vicioso da violência perversa.

Se você se identificou com este tipo de situação, busque ajuda profissional e acredite que se você estiver forte e confiante, com certeza poderá encontrar outro trabalho mais saudável para sua vida.

Ana Laura Moraes Martinez é psicóloga clínica e docente na área de Recursos Humanos
MAIS.

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