Comentário do psiquiatra Telmo Kiguel sobre o artigo "A história de um estigma", de Moacyr Scliar, publicado no dia 29/11 pelo jornal Zero Hora.
Poucas vezes a imprensa mundial publicou tantas matérias sobre as discriminações como em 2008.
No EUA foram vários meses de reportagens, em função das eleições presidenciais. O processo iniciou com as prévias do Partido Democrata: seria pior uma mulher ou um candidato negro e de origem muçulmana? Depois, na disputa com o Partido Republicano, o componente racista se manteve e novamente não foi suficiente para evitar a eleição do 1º negro como presidente do país.
Depois disso, foram os episódios racistas na Espanha contra a possibilidade de um negro se tornar campeão, pela primeira vez, na fórmula 1. O que os racistas temiam acabou acontecendo. Ainda no âmbito esportivo, a Europa testemunha o andamento de processos por manifestações racistas no futebol.
Em Porto Alegre, um membro de uma torcida organizada do Grêmio (que também é conselheiro do clube) que discrimina negros, mulheres, homossexuais e crianças atirou no final de um jogo contra um outro torcedor do clube porque ele carregava uma bandeira com a imagem de um negro (o falecido jogador Everaldo, campeão do mundo em 1970 no México). Detalhe: ele acabara de torcer por um time formado por 9 ou 10 jogadores negros.
No dia 23 de novembro, a Folha de S. Paulo publicou um caderno especial sobre o racismo com ótimos conteúdos. Há poucos dias, na Índia o terrorismo também tinha um componente de discriminação religiosa. E agora vemos este belo artigo publicado no jornal Zero Hora tão a propósito de dois projetos da Associação Brasileira de Psiquiatria: Discriminação e Combate ao Estigma.
Chama a atenção o empenho de segmentos da imprensa divulgando matérias com objetivo de incentivar o debate dessas questões para diminuir o sofrimento mental e físico causado por preconceitos, estigmas e discriminações. O que somado ao empenho dos grupos discriminados, tem contribuído para alguns avanços saudáveis.
Leia o ARTIGO de Moacyr Scliar.
Caderno Especial e edição do jornal FOLHA DE SÃO PAULO (23/11):
- Igualdade distante
- Os muitos movimentos negros
- Ações afirmativas aumentaram elite negra nos EUA
- FHC e Lula colocaram tema na agenda
- Comparação entre Brasil e EUA se baseia em caricaturas
- Cor de celebridades revela critérios "raciais" do Brasil
- O RACISMO CONFRONTADO
- País se vê menos branco e mais pardo
- Diminuem as manifestações de preconceito
- Responsabilidade pelas diferenças é da sociedade atual
- Cota é vista como essencial e humilhante
- "Situações de discriminação só tive no Brasil"
(Entrevista / Min. Joaquim Barbosa);
- "Elite preta" se divide sobre extensão do preconceito
EM QUE SITUAÇÕES A COR DA SUA PELE SE MOSTRA RELEVANTE?
"Há cerca de um mês, embarcava para um compromisso fora do país e, já no avião, vivi mais uma situação que mostrou como ainda há poucos negros em posições tradicionalmente ocupadas por brancos. Fui abordado pela aeromoça brasileira em inglês e respondi que ela podia falar em português mesmo, porque eu era brasileiro. Um outro passageiro, já sentado, ouviu o diálogo e disse à moça que eu era ministro. Imediatamente, ela perguntou: "De qual igreja?". Não foi discriminação ou racismo, mas mostra como nossa população ainda não está acostumada a ver negros em cargos de chefia."
Edson Santos, 54 ministro da Igualdade Racial.
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