Por que você é candidato numa chapa para a ABP?
Esta
foi uma pergunta que minha esposa me fez há alguns dias atrás. O
interessante foi que este questionamento apareceu no pós-operatório de
uma apendicectomia videolaparoscópica. Mesmo sendo um procedimento
simples do ponto de vista cirúrgico, o pré-operatório foi atormentador
para nós dois, visto que, as hipóteses diagnósticas não eram das mais
animadoras pela característica pouco convencional do quadro. Quando o
medo e a ansiedade tomam conta de você, a sua energia é sugada e até
aqueles com muita resiliência passam a ficar pessimistas e resignados
esperando o pior. A incerteza e o risco de diagnósticos pouco palatáveis
me fez silenciar externa e internamente, haja vista, que ela conseguiu
cochilar após a prescrição de alguns opióides injetáveis. Como estávamos
sozinhos no Box da emergência, o meu silêncio reverberou
“silenciosamente” em mim mesmo.
Vivenciei a música do Rappa chamada “O silêncio que precede o esporro”.
Enfim, só me restava esperar o esporro clínico de um diagnóstico que
não desejava ouvir. Por bem, a tomografia de abdômen mostrou o
diagnóstico mais simples e de melhor prognóstico, mas, ressalto
novamente, que não havia sido pensado nele. Depois de tudo isto, no dia
seguinte, eis que ela me aborda no final da noite com esta dúvida.Provavelmente,
a dúvida dela surgiu por perceber o meu envolvimento na campanha a qual
consumia parte do meu dia e eliminava parte do tempo disponível da
família, lazer e trabalho. Diante de tudo isto, a necessidade de
respondê-la era necessária e pujante, pois, assim, também me
responderia. Deveria haver algo que motivasse o meu desejo de participar
de alguma forma daquele momento institucional da Associação Brasileira
de Psiquiatria.
Para isto, tentei pensar e arquitetar minhas idéias para depois ter
argumentos de resposta. Voltei um pouco no tempo e visualizei a
Assembléia de Delegados no Congresso Brasileiro de Porto Alegre/RS. Lá,
se não estou enganado, acontecia, pela primeira vez na história da
Associação, uma disputa à diretoria da ABP com duas chapas. Os discursos
foram completamente confrontadores e, depois de certo tempo, eu
confesso que era muito complicado se manter atento àquelas acusações e
contra-acusações as quais, muitas vezes, assumiam manifestações
pessoais. Qual seria a grande motivação daquilo tudo? Em Congressos e
Assembléias passadas, mesmos com as diferenças e os diferentes pontos de
vistas, os atores opositores se toleravam e conviviam não digo em
harmonia, mas com algum respeito básico. A sensação que me dava por ser
recém-chegado àquele fórum de discussão é que o gargalo era estreito.
Parecia-me que existiam menos vagas do que postulantes a elas. Eu ainda
não sabia responder qual era o real impacto de um cargo oficial da ABP
na vida de um psiquiatra. Embora não soubesse esta resposta, pude
perceber que alguns estavam sedentos por estes cargos oficiais.
Infelizmente, o gargalo era estreito e pelo funil não era possível
passar todos a fim de preencher os devidos postos da Diretoria Executiva
da ABP. Nisto, discussões iam e viam. Algumas eram interessantes e
outras entediantes. O microfone da assembléia passava de mão em mão
bastando se inscrever e falar seu nome e federada de origem. Claro que
algumas falas importantes apareciam em meio ao confronto, mas, quando o
microfone parava na mão de alguns delegados, as cortinas se abriam e
palco estava pronto para peças teatrais performáticas dignas de trupes
famosas. Assim foi aquela assembléia em Porto Alegre que, após o final
da eleição, terminou tarde da noite. As Assembléias de Delegados nos
Congressos seguintes realizados em Brasília e em São Paulo seguiram a
mesma lógica descrita anteriormente com a ressalva de que crescia uma
discussão fervorosa sobre o modelo de eleição. Os delegados que,
atualmente, fazem parte do grupo diretor da ABP ou que os apóiam
questionavam a “ética” daquele formato de processo eleitoral. As
justificativas destas críticas estavam pautadas na falta de
representatividade do pleito eleitoral pela presença de votos indiretos e
num questionamento de que aquele formato “mantinha os caciques ou cardeais no poder e não permitiam a renovação das lideranças”.
As discussões permeavam comportamentos ora coerentes, ora agressivos e
ora irônicos até que chegou a Assembléia de Delegados no Congresso de
Fortaleza onde uma nova eleição, novamente, com duas chapas aconteceu.
De novo, eu inventei de estar por lá. Ali, eu percebi que a ABP passaria
a ter outros rumos com um modus operandi
bem político e, em alguns momentos, penosamente politiqueiro. O
discurso das assembléias anteriores contextualizado na ética e no desejo
de evitar um seqüenciamento dos cargos e uma manutenção do poder foi
quebrado com comportamentos éticos questionáveis. Como se poder combater
uma suposta falha ética com atitudes eticamente questionáveis mesmo que
legais do ponto de vista normativo? Assim foi feito. Esta eleição
indireta com os delegados eleitos nas suas federadas foi caracterizada
por uma série de procurações que traziam uma mancha ética no processo.
Senão, vejamos: alguns delegados coletaram, após contatos com outros
colegas, assinaturas em procurações se transformando procuradores de 20 a
30 pessoas ao mesmo tempo e assim arbitraram a si o direito de escolher
os delegados para a assembléia. Isto foi um instrumento legal, pois,
quando não existe no direito administrativo uma proibição normativa
explícita, o evento é permitido mesmo que existam análises na ética do
processo. Neste evento, esta conduta legal demonstrava traços pouco
éticos daqueles que exigiam, em nome dos bons costumes, condutas éticas.
Enfim, a busca da ética e a pouca ética convivendo no mesmo espaço.
Conseqüentemente, entendi que os cargos da diretoria da ABP eram
desejados a todo custo. Seria pelo desejo de construção associativa ou
por outras demandas? Naquela assembléia, eu não saberia responder e
teria que esperar os 3 anos de gestão da chapa eleita (ABP Democrática)
para poder concluir. Por ser jovem, mantive o desejo de participar
associativamente. Claro que a juventude traz uma energia interessante em
alguns projetos, mas pode também provocar erros impulsivos nas
análises. Independente disto, eu me mantive participativo mesmo sem
concordar com algumas construções da gestão atual da ABP, pois
acreditava que a existência do contraditório era importante para mim e
para a instituição. A minha conclusão era simples: eu posso aprender,
mudar de opinião e crescer ao escutar o contraditório do grupo gestor da
ABP bem como eles também poderiam ter isto utilizando a via contrária
desta avenida dialética. Infelizmente, não foi isto que aconteceu pelo
menos comigo. A minha fala e a minha escrita não reverberava e a
indiferença era uma marca constante da atual diretoria da ABP frente as
minhas intervenções, opiniões e críticas. Em alguns espaços não oficiais
da ABP, mas divulgado pela própria ABP como espaço de construção
coletiva, fui, inclusive, excluído. Qual seria o motivo? A justificativa
é que eu teria ferido normas éticas. No entanto, este jargão pairou na
superficialidade e nem sequer fui comunicado oficialmente do evento
excludente. Seria uma dificuldade deles em escutar o contraditório? Será
que eles estariam sempre certos? Mantive minha participação propondo,
criticando e denunciando questões importantes da psiquiatria brasileira
por outros canais e o comportamento indiferente e excludente era o
mesmo. Assim sendo, fui ficando desestimulado e, nestes 3 últimos anos,
confesso que pensei, ao receber o boleto de pagamento da anuidade, em
sair da condição de sócio titular, quite e participativo da ABP. Talvez,
o desejo associativo prevaleceu, embora fosse decepcionante constatar
uma realidade – aquele que não escrever na mesma cartilha do grupo
gestor da ABP não será escutado e, por que não dizer, respeitado.
Restou a mim observar e como um bom
observador crítico eu observei demais. Observei um discurso messiânico
de que a partir de então a ABP entraria nos eixos, pois, agora sim, uma
gestão de bons princípios apareceria. Um discurso triste pautado na
idéia de que “nunca uma gestão da ABP ....” e “que percebemos o errado e faremos o certo”.
Um ato abominável com uma falta de respeito à história e as pessoas que
estiveram à frente da ABP em todos estes anos. Erros aconteceram e,
certamente, alguns erraram menos e outros erraram mais, porém,
independente dos erros, todos construíram e tentaram fazer o seu melhor.
Este discurso, que era veiculado, trazia uma idéia de que algo novo e
especial, capaz de abrir uma nova era histórica, acabara de chegar.
Será? Seria? Nunca gostei desta mensagem que aparecia de forma ora
subliminar ou ora mais explícita. Na vida terrena não existem ou pelo
menos não deve existir a figura personificada de algum messias capaz de
um comportamento meteórico que mudaria tudo e, diga-se de passagem,
mudando tudo que estava errado até aquele momento. Como numa mágica
medieval, após a chegada dele ou deles tudo ficaria nos eixos daqui para
frente, pois os erros foram extirpados à fórceps. Sempre achei estas
posturas e insinuações não positivas e, institucionalmente, pouco
construtivas, visto que, a ABP é um continuum, onde altos e baixos aconteceram, mas que a resultante sempre foi ascendente.
Mantive meu foco de observação e
pude visualizar um pouco mais. Visualizei uma mensagem de que a gestão
era defensora dos médicos, dos psiquiatras e da psiquiatria. Ademais,
novamente, aparecia uma mensagem subliminar de que nunca uma gestão
atuou neste caminho como esta vem atuando. Eis que veio na minha cabeça
uma dúvida cabal: o que é defender o médico, o psiquiatra e a
psiquiatria? Seria freqüentar o espaço do Congresso Nacional ou tirar
fotos com políticos em audiências públicas com temáticas da área médica?
Inclusive, é preciso ressaltar que alguns dos políticos clicados são
bem questionáveis do ponto de vista ético. Confesso que ficar ombreando
certos políticos brasileiros não fortalece, pelo menos do ponto de vista
ético, nenhum médico psiquiatra brasileiro. As inúmeras seqüências de
fotos de representantes da ABP com políticos diversos soam mais, para
mim, como um desejo psicodinâmico de se tornar político do que uma
defesa propriamente dita da classe. Eu também não vejo que o crescimento
profissional apareça sem escutar o opositor e aqueles que não concordam
conosco. Nós, médicos psiquiatras, precisamos crescer na sociedade,
portanto no convívio com todos cuja maioria é de não médicos e não
psiquiatras. A mensagem interna de que somos valorizados por nós mesmos
não adianta nada para o objetivo mor de valorização. É preciso crescer e
ser valorizado para fora. Caso contrário, não cresceremos nunca e não
seremos valorizados ad eternum. De que adianta nos valorizarmos by ourselves?
A gestão atual da ABP não entendeu muito bem a diferença entre ter uma
postura forte e representativa e atuar com uma postura arrogante. Para
sermos respeitados, precisaremos escutar além de falar. A ABP atual
passa uma mensagem de que, democraticamente, escuta a todos, mas não é
bem assim em termos institucionais internos e externos. As verdades
julgadas absolutas que não foram construídas na coletividade são
quebradiças e frágeis. O mais lamentável é o risco de ser acusado de
anti-psiquiatra, anti-manicomial, anti-científico e “anti-tudo” pelos
defensores apaixonados da atual gestão da ABP se você trouxer este
raciocínio contraditório para a discussão. Às vezes, isto vem
acontecendo e mostra a incapacidade de escutar. Assim, eu questiono como
é que se pode usar as palavras democracia, democrática e parceira se
esta premissa básica não é respeitada. Se eu não aceito o contraditório e
imponho o que eu penso de forma absoluta, eu poderei ser um tirano com
posturas centralizadoras as quais impedirão o crescimento institucional.
Talvez, por isto, a ABP emita uma série de opiniões em assuntos
polêmicos tais como internação psiquiátrica, políticas de álcool/drogas e
políticas de saúde mental sem perguntar a opinião do associado. Embora
as intenções, certamente, sejam positivas, a instituição deve sempre ter
a validação dos seus associados, pois, se não for assim, a opinião em
questão é da diretoria da associação e não da ABP. Esta atitude se
espalha nas campanhas que a ABP passou a construir e que a meu ver
valorizam mais as pessoas envolvidas na campanha do que a própria
campanha em si. Como é possível acreditar que a criminalização é a
melhor alternativa para combater o estigma e o preconceito à doença e ao
doente mental. Desse modo, a idéia do Projeto de Lei intitulado
Psicofobia mostra-se equivocada na etimologia do termo e no propósito da
lei. Não é possível aceitar que o doente mental será mais respeitado
por que existe uma norma que penalize as pessoas preconceituosas. A
quantidade de leis é inversamente proporcional a existência de justiça
social e estas associações já foram demonstradas num dos preceitos
histórico do direito germânico. Novamente, a ABP mostra sua dificuldade
de dialogar e assumir um papel ora de emissor e ora de receptor da
comunicação. Enfim, escutar a opinião dos outros é bem vindo nesta
construção dialética, pois os atores sociais construiriam algo mais
sólido no combate do estigma à doença mental e ao doente mental.
Portanto, a ABP atual constrói suas campanhas e suas definições
políticas sem escutar e sem discutir coletivamente. Tenho receio,
inclusive, que esta campanha chamada de “Psicofobia” até piore o estigma
por valorizar o lado punitivo e não o educativo. Em caminho semelhante,
vem à campanha de “Orgulho de Ser Psiquiatra”. Será que é preciso uma
campanha para nos orgulhar da nossa formação e da nossa práxis? Se eu
preciso de uma campanha sistemática para algo, eu posso está colocando a
própria proposta encampada em dúvidas. Se há um desejo de prestar uma
homenagem ou uma deferência a ícones da psiquiatria brasileira, que
façamos isto sem sombra de dúvidas, todavia esta valorização em nada tem
a ver com o ato de se orgulhar de ser psiquiatra. Todos nós nos
orgulhamos e muito. O pior, eu repito, é perceber que as campanhas,
novamente, são veiculadas com muitas fotos e imagens com as mesmas
pessoas da diretoria. As fotos acontecem com artistas, desportistas e
políticos. Enfim, as campanhas perdem destaque no meio de tantas fotos e
de tantas pseudo-celebridades. Qual seria o objetivo de tudo isto?
Alguém poderia dizer que esta seria a melhor forma para difundir a
campanha na sociedade. Será que esta seria a melhor forma? Será que a
centralização dos holofotes em poucos ajudaria na campanha em curso?
Confesso que não sei, mas me incomoda sobremaneira o uso recorrente da
mídia e a justificativa de que esta é a melhor forma para os objetivos
institucionais. O quanto institucionais são estes objetivos?
Por outro lado, divulga-se que nunca
na história da ABP a instituição teve as finanças tão ajustadas e
equilibradas com um fluxo de caixa impecável. Certa vez, eu, como
associado participativo, mandei um email solicitando a prestação de
contas da instituição e o parecer do Conselho Fiscal sobre a gestão
financeira da ABP. Até ontem, eu não obtive respostas e até o momento
não tenho os dados desta solicitação mesmo com um congresso não tão
barato e valores de inscrição das provas de título bem onerosos e
maiores do que nas gestões anteriores. Eu não sei e nenhum associado
sabe quanto custa às campanhas da ABP e quais são os seus indicadores de
impacto. Portanto, elas são dispendiosas? Eles alcançam seus objetivos?
Existem patrocinadores que bancam os produtos da ABP? Se sim, quais os
termos contratuais? Enfim, qual é o balancete financeiro da associação e
em que meios ele é divulgado? A transparência é uma marca importante de
qualquer administração seja ela pública ou associativa. Não adianta
afirmar que avançamos em termos financeiros e patrimoniais sem a
descrição e a divulgação a quem é de direito dos meios e mecanismos de
administração desta gestão econômica.
Em relação ao Congresso Brasileiro
de Psiquiatria, a mudança de formato agradou a alguns e desagradou a
muitos. Nos últimos congressos, fomos surpreendidos com um modelo de Talk Show
onde um bocado de celebridades falavam a um público não leigo com uma
proposta, pelo menos propagada, de diminuir o estigma à doença mental.
Não vou me ater às questões financeiras de cachê (pago pela ABP,
patrocinado por algum parceiro ou gratuito) das celebridades, visto que,
já descrevi algo neste sentido no parágrafo anterior. No entanto, vale à
pena ressaltar que os entrevistadores destas celebridades eram os
mesmos ou o mesmo. Enfim, novamente, aparece uma faceta centralizada e
ensimesmada em poucos a qual não é compatível com o vernáculo
democrático tão utilizado até então. O associado aprovou e aprova este
formato? Quando falo genericamente o associado, refiro-me a coletividade
e não, somente, aos apoiadores da gestão política que, por conseguinte,
aprovarão este estilo de congresso. O Congresso científico ofuscado
pela caracterização midiática.
Por fim, vem à tona a tão desejada
eleição direta que foi defendida em plataforma política prévia na última
eleição da diretoria da ABP. Um avanço democrático com sufrágio
universal a todo associado quite. Assim, evitaríamos que os caciques
mantivessem o status quo e o controle de tudo num herdar de
cargos parecidos com os das Capitanias Hereditárias do Brasil Colônia.
Talvez, esta foi uma das propostas mais impactantes da ABP Democrática
em 2010. A eleição direta foi encaminhada, mas será que o avanço
democrático existiu de fato? Alguns pontos precisam ser realçados.
Dentro da eleição direta, está sendo permitido a reeleição e se
observarmos na Chapa 1, que tem o mesmo nome do pleito de 2010,
poderemos perceber uma quase totalidade de recandidaturas de seus
membros. Como assim? A eleição direta tinha como objetivo impedir uma
herança de cargos de um para outros, ou seja, de um decano para seu
protegido. Agora, neste modelo “democrático”, isto não é preciso, pois
não será necessária a transmissão de cargo, visto que, a manutenção do
poder é permitida. Tudo isto em nome da democracia. Ademais, todo o
processo eleitoral é marcado pela burocracia e existência de muitas
regras e prazos confusos. No entanto, é claro que a atual diretoria, por
ser a protagonista da construção das regras e do estabelecimento dos
prazos, era sabedora de tudo desde muito antes da eleição. Outro fator
complicador é a limitação temporal para uma campanha franca capaz de
atingir os associados num debate político de fato democrático. Qual
seria o motivo de prazos tão exíguos? Qualquer chapa que desejasse
concorrer com a chapa que se recandidata na sua quase totalidade (Chapa
1), teria grandes e maciças desvantagens. Isto é democrático? Isto
respeita a isonomia e a imparcialidade dos pleitos eleitorais? Para
piorar a situação, muitos membros da Chapa 1 foram palestrantes em
congressos regionais que vem acontecendo poucos meses antes da eleição e
no Programa de Educação Continuada. Isto configuraria um conflito de
interesses? Isto de certa forma poderá ser interpretado como campanha? A
democracia não pode funcionar assim. Ela não é pautada nestes
parâmetros e o discurso não é bem democrático como se parece. Inclusive,
as palavras - democrática/democracia/parceira - foram atacadas em sua
gênese e princípios desde o começo do processo.
Toda esta longa descrição foi o que passou pela minha cabeça para tentar encontrar os argumentos para responder o questionamento da minha esposa. No fundo, ela entendeu os jogos políticos em que a ABP está submersa. Acho que ela queria somente me proteger evitando que eu me machucasse até por que falar a verdade conforta o que emitiu o verdadeiro, mas incomoda o ouvinte contaminado. Em função disto, poderiam acontecer alguns respingos em mim. Como ela ainda estava no leito hospitalar, preferi poupá-la de um relato tão enfadonho e decidi mostrar para ela que sou um sonhador e repliquei uma frase de Mario Quintana que havia lido no dia anterior. Assim, falei olhando nos olhos dela: “sonhar é acordar-se para dentro” e, por fim, expliquei que eu precisava me senti vivo associativamente. Depois disto, dei um pequeno beijo na sua testa e disse “boa noite”.
Dr. Régis Eric Maia BarrosPsiquiatraMestre e Doutor em Saúde Mental pela FMRP – USPCandidato a Diretor Secretário Adjunto da Chapa 2 / ABP Plural
psiquiatria@stabilispsiquiatria.com.br
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