"A incompreensão do presente nasce fatalmente da ignorância do passado”
(Marc Bloch, 1941)
Penso que, nesta eleição para a nova diretoria da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), existem vários motivos para apoiar a chapa 2, a ABP Plural, mas indico aqui somente os principais pontos que, a meu ver, diferenciam seu programa e a postura de seus membros e que, decididamente, me fazem optar pela ABP Plural.
Como sabemos, a ABP foi criada em um contexto político repressivo e duro, à época da ditadura militar. A consolidação da Associação se confunde com a luta pela democracia no país, e seus membros-fundadores e ex-diretores (dos quais vários já manifestaram seu apoio à chapa 2) tiveram um importante papel na formulação das políticas de saúde mental nos níveis estaduais e federal, desde o início da construção do presente Sistema Único de Saúde. Desde então, ao longo de sua história, a ABP se pautou pela postura aberta ao diálogo, acolhendo o diverso e o contraditório que, evidentemente, são partes constituintes da nossa especialidade médica.
Eu não poderia apoiar quem desconsidera o processo histórico (por ignorância ou malícia) e, assim, não pode cuidar bem da herança da nossa Associação. Nem quem escreve uma “história oficial” da ABP (uma rústica história tipo whig – voltada apenas à glorificação do presente) criando heróis que, além de tudo, são nascidos ontem. E, finalmente, não votaria jamais em quem maltrata a língua portuguesa (”psicofobia é crime”!) e cria neologismos vazios de sentido e com baldios fins (isso, sim, deveria ser crime!).
Voto na chapa ABP Plural porque ela reúne pessoas que se mostram conhecedoras da história da ABP e a respeitam, e que tem capacidade e disposição para seguir representando dignamente o legado da instituição, defendendo a boa prática clínica, o compromisso social e a ética.
Entendo que o compromisso ético da ABP é com a sociedade brasileira e não poderá jamais se confundir com a defesa corporativa, incondicional e cega de psiquiatras, ou de instituições psiquiátricas flagrantemente descumpridoras de elementares princípios da ética médica e dos direitos humanos.
Estou segura de que a chapa ABP Plural compartilha destas premissas fundamentais. Por isso, tem todo meu apoio.
Autora: Ana Maria Galdini R. Oda
Professora adjunta do Departamento de Medicina - UFSCar
Ex-coordenadora do extinto Departamento de História da ABP

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