Caros associados da ABP,
A Associação Brasileira de Psiquiatria sempre foi para mim um lugar de troca de conhecimento, no qual se estabelecia uma comunicação rica entre psiquiatras clínicos e cientistas nas suas mais diversas atividades, sejam elas congressos, simpósios ou cursos. Por acreditar nisso, ao longo de vários anos, participei intensamente da vida associativa, seja como presidente de federada, delegado, voluntário nas mais diversas comissões ou participando dos congressos.
Nestes pouco mais de 10 anos acompanhei com muito entusiasmo o crescimento da instituição, o aumento do número de psiquiatras associados, sua progressiva democratização e sua consolidação científica. Neste momento em que poderemos exercer, com o voto direto para diretoria da ABP, o que considero o ápice do seu processo democrático, paro para refletir o que foi esta última diretoria dentro deste contexto.
Eu fui um dos que não apoiei esta atual diretoria por acreditar que ela não estava comprometida com tudo o que havia sido construído ao longo dos anos na ABP. O que pude notar ao longo desta última gestão só confirmou as minhas preocupações. No meu modo de ver, ao contrário das gestões anteriores, esta tem sido demasiadamente centralizadora e com orientações contrárias ao que eu considero pilares da Associação.
Assim por exemplo, com a pretensa bandeira da consolidação da psiquiatria como especialidade médica, vi o desmonte do braço científico da Associação. É preciso lembrar que nenhuma especialidade médica se consolida sem uma base científica forte. Acompanhei também campanhas e representações na mídia as quais, longe de representaram um consenso da classe, refletem apenas a opinião de um grupo. E também, com preocupação, vejo um aprofundamento da dependência da ABP à indústria farmacêutica. Esta já não se limita ao apoio aos congressos, mas tem financiado inclusive reuniões e ações políticas.
Eu defendo uma ABP autônoma e realmente democrática, na qual os Psiquiatras possam encontrar apoio científico e político para exercer uma medicina de excelência. E por isso apoio a Chapa 2.
Autor: Sérgio Baxter Andreoli.
(médico, professor adjunto da Universidade Federal de São Paulo, professor assistente doutor da Universidade Católica de Santos e diretor do Núcleo de Estatística e Metodologia Aplicadas do Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo).

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