ONU estima que 70 mil pessoas foram mortas desde o início da crise, há dois anos. Número de pessoas necessitadas quadruplicou desde junho de 2012.
As agências humanitárias estão tentando abordar as crescentes necessidades decorrentes do conflito em curso na Síria, afirmou nesta terça-feira (19) a principal funcionária de coordenação humanitária da ONU, ressaltando no entanto que o acesso limitado dentro do país está impedindo a chegada de ajuda humanitária.
“Estamos cruzando linhas de conflito, negociando com grupos armados localmente, com o objetivo de atingir mais pessoas em necessidade. Mas nós não estamos alcançando suficientemente aqueles que necessitam de nossa ajuda”, disse a Subsecretária-Geral para Assuntos Humanitários, Valerie Amos.
Em declarações à imprensa em Genebra, logo após o Fórum Humanitário da Síria, Amos disse que o acesso limitado no norte é um grande problema que só pode ser resolvido usando métodos alternativos de distribuição de ajuda.
Garantir o acesso a milhões de sírios que desesperadamente precisam de ajuda foi o foco da reunião de hoje, a sétima de uma série realizada para combater as crescentes necessidades decorrentes de um conflito que vai em breve entrar em seu terceiro ano e já alcançou um pesado estágio humanitário.
“Estamos assistindo a uma tragédia humanitária se desenrolar diante de nossos olhos. Devemos fazer tudo o que pudermos para tranquilizar as pessoas sobre o fato de que nós nos importamos e que não vamos decepcioná-los”, disse Amos, que também é Coordenadora do Socorro de Emergência das Nações Unidas.
Situação está se deteriorando
Ela afirmou que a situação na Síria está piorando, com a violência causando destruição generalizada e tendo um impacto devastador sobre a vida dos sírios comuns, mulheres, homens e crianças.
Em janeiro, Amos realizou sua quarta visita à capital da Síria, Damasco. Ela disse que estava consciente durante a visita do constante bombardeio e viu em primeira mão a destruição de vidas, de infraestrutura e da erosão dos serviços sociais básicos como saúde e educação.
“A ONU estima que 70 mil pessoas foram mortas desde o início da crise. As pessoas não se sentem seguras. O número de pessoas necessitadas quadruplicou desde junho do ano passado”, informou Amos.
“Mais da metade dos hospitais públicos da Síria foram danificados. Muitos dos que estão abertos carecem de suprimentos básicos como antibióticos e analgésicos. Uma em cada cinco escolas ou foi destruída ou está sendo usada como um abrigo coletivo. Cerca de 400 mil dos 500 mil refugiados palestinos precisam de assistência humanitária.”
Ela acrescentou que “o fluxo de pessoas fora do país continua inabalável”. Durante um período de oito semanas a partir de meados de dezembro, 255 mil sírios fugiram do país. De um total de 860 mil refugiados, Iraque, Jordânia, Líbano e Turquia abrigam – juntos – 97% deles.
As agências humanitárias estão tentando se manter com as necessidades crescentes, Amos observou. O Programa Mundial de Alimentos (PMA) está aumentando sua resposta de acordo com as necessidades de 2,5 milhões de pessoas em abril. Cerca de metade dos seus atuais 1.750 mil beneficiários estão em áreas da oposição controladas ou contestadas.
Crianças são metade da população total afetada pelos conflitos
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) atingiram, juntamente com seus parceiros, mais de um milhão de crianças com campanhas de vacinação contra a poliomielite e sarampo, muitas em áreas dominadas por grupos da oposição.
Pelo menos metade da população total afetada é composta de crianças, segundo o UNICEF, que observou que muitas foram deslocadas pelo conflito em curso e estão vivendo em abrigos coletivos com poucos pertences, faltando muitas vezes até mesmo as necessidades mais básicas.
“Mesmo com a situação se deteriorando, o UNICEF conseguiu expandir suas operações para entregar suprimentos essenciais, como cobertores, roupas infantis, itens de higiene, lençóis de plástico e biscoitos energéticos”, disse Youssouf Abdel-Jelil, Representante do UNICEF na Síria. “Muitas dessas entregas foram feitas como parte das operações de cruzamento de linhas.”
“Com a situação de segurança no estágio atual, tem sido um grande desafio sermos capazes de chegar a algumas dessas áreas”, acrescentou. “Mas graças aos esforços dos nossos parceiros e nossa equipe, no terreno, conseguimos fazer progressos reais.”
Saiba tudo sobre a situação na Síria em www.onu.org.br/siria
Trechos da coletiva de imprensa
Confira abaixo coletiva de imprensa em Genebra, na Suíça, com a Subsecretária-Geral para Assuntos Humanitários e Coordenadora de Emergência de Socorro das Nações Unidas, Valerie Amos, e em seguida a transcrição em português do que foi dito por ela:
“A situação na Síria está piorando. A violência está causando destruição generalizada e tendo um impacto devastador sobre as vidas de pessoas comuns, mulheres, homens e crianças.”
“Estamos cruzando linhas de conflito, negociando com grupos armados localmente, com o objetivo de atingir mais pessoas em necessidade. Mas nós não estamos alcançando suficientemente aqueles que necessitam de nossa ajuda. Acesso limitado ao norte é um grande problema que só podemos resolver usando métodos alternativos de distribuição de ajuda.”
“Estamos assistindo a uma tragédia humanitária se desenrolar diante de nossos olhos. Devemos fazer tudo o que pudermos para tranquilizar as pessoas sobre o fato de que nós nos importamos e que não vamos decepcioná-los.”
“Ao entregar ajuda humanitária, você tem que pedir o consentimento do país afetado, que é o governo da Síria. O governo da Síria tem deixado bem claro que não vai aceitar o material que vier da Turquia. Assim, sem uma resolução do Conselho de Segurança, as Nações Unidas e seus parceiros não são capazes de ir além de suas fronteiras. É por isso que temos nos concentrado em linhas cruzadas e em sermos capazes de levar as coisas de áreas do governo às áreas controlada pela oposição no interior da Síria em si.”
“Se a crise continua a se arrastar, o impacto em termos do que está acontecendo com as pessoas no terreno, o que está acontecendo com os que fogem através da fronteira para países vizinhos, o que está acontecendo em termos do impacto, em termos de perda de vidas, só vai se tornar cada vez maior. Só nos últimos dois meses, mais de 250 a 255 mil pessoas fugiram para países vizinhos. Estes números não são sustentáveis.”
Informação divulgada através do portal da ONU Brasil.
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