Pesquisa da Fiocruz mostra o aumento do número de  demandas ambientais envolvendo comunidades tradicionais e atividades  pouco sustentáveis, como mineração, siderurgia e agronegócio. O Lixão da  Estrutural vai entrar no próximo levantamento.
 
Nos  últimos dois anos, o país viu crescer em 15% o número de conflitos  ambientais decorrentes de ocupações territoriais e da expansão de  atividades econômicas poluentes e pouco sustentáveis. O Mapa da  Injustiça Ambiental e Saúde no Brasil, da Fundação Osvaldo Cruz  (Fiocruz) em parceria com a ONG Fase, aponta 343 casos onde houve piora  significativa da qualidade de vida das populações locais decorrente de  atividades industriais, agropecuárias, mineradoras e de obras de  infraestrutura, entre outras. 
Ausente das listagens feitas até agora, o Distrito Federal será incluído ainda este ano no mapa, com o problema do Lixão da Estrutural. O conflito com os índios que ocupam uma a área do Setor Noroeste também deve integrar levantamentos futuros.
O estudo destaca que a queda da qualidade de vida das comunidades é a principal consequência dos conflitos ambientais, e se reflete no aumento da incidência de doenças crônicas — como câncer e enfermidades respiratórias —, da insegurança alimentar e da violência.
São Paulo registra o maior número de disputas ambientais, com 34 casos, seguido de Minas Gerais, com 27 registros, e do Rio de Janeiro, com 21.
Pó de grafite
Moradora há 55 anos do bairro de Santa Cruz, zona oeste do Rio de Janeiro, a dona de casa Maria Sueli Barreto, 62 anos, sofre de rinite alérgica, contraída após a instalação da Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), da ThyssenKrupp, no bairro.
De acordo com especialistas, o contato direto com pó de ferro e grafite emitido pela fábrica, inaugurada há dois anos, pode desencadear as reações. “Nossa área era uma das melhores da cidade. Hoje, não posso mais ficar na varanda por causa do pó de ferro. Quando saio para cuidar das plantas, me sinto mal, os olhos lacrimejam”, disse ela.
A CSA recebeu multas dos órgãos ambientais que somam R$ 3,6 milhões por causa da emissão de fuligem e foi obrigada a investir R$ 14 milhões em saúde e infraestrutura na região.
A bióloga da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) Mônica Lima, que acompanha o caso, garante que a poeira liberada pelo ferro, em contato com o ar, pode causar aumento na pressão sanguínea, problemas cardíacos e pulmonares, alergias, asma, conjuntivites e rinites. “Atualmente, estudos de impacto ambiental têm sido feitos de maneira muito rápida, sem levar em conta os impactos na saúde da população”, critica.
Em nota enviada ao Correio, a Thyssenkrupp esclarece que, nos últimos 21 meses, não ocorreram emissões de grafite na atmosfera e que está investindo em medidas para diminuir o risco de acidentes. “A empresa implantou um novo sistema de despoeiramento, inédito no mundo, no qual investiu R$ 33 milhões”, destaca a nota. Segundo a empresa, o sistema é “capaz de conter esse material e impedir que o mesmo chegue à casa dos moradores vizinhos”.
Meio século de problemas
Logo após a inauguração de Brasília, o lixo da capital começou a ser depositado na área entre o Plano Piloto e Taguatinga. Na mesma época, surgiram os primeiros invasores. No início dos anos 1990, a invasão já somava cerca de cem barracos, que deram origem à Vila Estrutural. Em 2004, o Estudo de Impacto Ambiental para a área recomendou a elaboração de projeto de reurbanização e adoção de medidas de controle ambiental, como a desativação do aterro sanitário. Atualmente, mais de 2 mil pessoas da Vila Estrutural têm como única fonte de renda o material retirado do lixão.
Logo após a inauguração de Brasília, o lixo da capital começou a ser depositado na área entre o Plano Piloto e Taguatinga. Na mesma época, surgiram os primeiros invasores. No início dos anos 1990, a invasão já somava cerca de cem barracos, que deram origem à Vila Estrutural. Em 2004, o Estudo de Impacto Ambiental para a área recomendou a elaboração de projeto de reurbanização e adoção de medidas de controle ambiental, como a desativação do aterro sanitário. Atualmente, mais de 2 mil pessoas da Vila Estrutural têm como única fonte de renda o material retirado do lixão.
Informação publicada no jornal Correio Braziliense. 
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