São, ao todo, 700 famílias no conjunto habitacional Cingapura. A Justiça diz que todo mundo têm que sair do conjunto habitacional, mas os moradores dizem que não vão sair.
Será que o impasse acaba hoje? A Justiça decidiu: 700 famílias, quase três mil pessoas, vão ter de deixar as casas onde moram. São moradores do conjunto habitacional Cingapura, na Zona Norte de São Paulo.
Fica ao lado do Shopping Center Norte, que chegou a ser interditado, semana passada, por estar em cima de um lixão. A Justiça determinou agora a desocupação imediata do Cingapura, também por risco de explosão de gás.
E as famílias? O que vai acontecer com elas? As famílias dizem que vão ficar e recorrer da decisão da Justiça. Ninguém quer sair de casa. Por isso, teve protesto na segunda-feira (10) durante toda a tarde e parte da noite. Os moradores dizem que vão entrar ainda hoje com um pedido de liminar para reverter essa decisão da Justiça.
Protesto à tarde e mais protesto à noite. As 700 famílias do conjunto habitacional Zachi Narchi não querem nem pensar em deixar o local.
“Não tem vazamento de gás, nunca ninguém sentiu cheiro de gás. Isso é um absurdo. Eu tenho de trabalhar e deixo meu nenê na creche. Ele não vai poder mais ficar na creche?”, protesta a vendedora Viviane Bianchini. “Eu me considero seguro morando aqui, lógico. Eu sempre morei aqui, minha vida em São Paulo sempre foi aqui. Não vejo insegurança nem risco aqui”, disse o vendedor José dos Santos.
A desocupação dos prédios da Zona Norte de São Paulo e a retirada imediata dos moradores foi determinada pela Justiça a pedido do Ministério Público. O conjunto habitacional fica perto do Shopping Center Norte, construído sobre um aterro.
O shopping foi interditado pela prefeitura na semana passada e ficou fechado durante dois dias, mas reabriu depois de instalar drenos para remover gás metano do subsolo. Na decisão, o juiz diz que, apesar de o risco potencial de explosão também ter sido constatado no conjunto habitacional, estranhamente a prefeitura não interditou os prédios nem a creche.
O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, não quis gravar entrevista. Em nota, a prefeitura informou que pediu ao juiz que reconsiderasse a decisão, porque já foram tomadas medidas para minimizar os efeitos do gás. Segundo a prefeitura, não há risco imediato para a população.
A nota diz que já foram contratados drenos para remover o gás e que a situação do conjunto habitacional é diferente do shopping. Os prédios estão à margem do terreno onde há concentração de gás e não em cima dele, como é o caso do Center Norte.
A moradora Aparecida Fernandes conta que técnicos da prefeitura têm checado diariamente se existe vazamento. “Começa a fazer medição pelas tomadas, os cantos, os tetos e os ralos dentro do banheiro. Eles medem com o aparelhinho”, contou.
Os moradores pretendem entrar na Justiça para evitar a desocupação. “Hoje nós procuramos os advogados e já estão elaborando um processo. Vão entrar com um pedido de liminar para que essa decisão seja quebrada”, afirmou Bento Inácio dos Santos, representante da comissão dos moradores.
O certo é que qualquer risco precisa ser eliminado. Em sua decisão, o juiz reconheceu que a retirada das famílias é uma medida extrema, mas justificou que essa é a única maneira de controlar a situação de risco a que essas pessoas estão submetidas.
Assistaa reportagem.
Reportagem veiculada no Telejornal Bom Dias Brasil (Rede Globo)
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