Dezenas de médicos e enfermeiras que trataram manifestantes feridos durante protestos pró-democracia no Bahrein foram levados ao tribunal nesta segunda-feira sob a acusação de tentar derrubar a monarquia.
Os 47 profissionais da área da saúde se apresentaram em um tribunal especial militar na capital do país, Manama. Eles estão detidos desde março, quando o Bahrein decretou estado de emergência, que foi suspenso na semana passada.
Os manifestantes, em grande parte muçulmanos xiitas, exigiam reformas democráticas e mais direitos para seu grupo religioso, que é majoritário no Bahrein - país que é governado por sunitas.
Segundo a correspondente da BBC no Catar Stephanie Hancock, os médicos e enfermeiras alegam que estavam cumprindo obrigações profissionais ao tratar todos os pacientes.
Hancock diz que os acusados rejeitam a alegação do governo de que estariam apoiando a causa dos manifestantes.
Uma decisão sobre o caso foi adiada para a próxima semana.
Preocupação
Centenas de opositores do regime foram detidos no Bahrein desde março, quando o governo pediu ajuda de países vizinhos da região do Golfo Pérsico - principalmente da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos - para reprimir os protestos.
Mais de 20 pessoas foram mortas devido à repressão das manifestações pelas forças de segurança. Duas pessoas foram condenadas à morte por participar dos protestos, e quatro morreram sob custódia da polícia.
Somente jornalistas selecionados possuem permissão para trabalhar nos recentes julgamentos realizados pelo tribunal especial, formado por juízes civis e militares.
Em abril, a organização Médicos pelos Direitos Humanos (PHR, sigla em inglês) expressou preocupação com os ataques contra médicos, pacientes e civis desarmados desde o início das manifestações, em fevereiro.
A entidade afirma que dezenas de médicos foram detidos - em alguns casos, segundo a PHR, sendo levados por homens mascarados na calada da noite.
Autoridades do Bahrein negam estar perseguindo os médicos e alegam que algumas das principais instalações hospitalares do país "foram tomadas pela atividade política e sectária."
Desde o fim da lei de emergência, protestos realizados em vilarejos xiitas foram rapidamente dispersados pela polícia, que usou gás lacrimogêneo, balas de borracha e bombas de efeito moral, segundo indicam vídeos publicados no site YouTube.
O rei do Bahrein, Hamad Al-Khalifa, anunciou que um "diálogo nacional pela reforma" terá início no mês que vem.
Fonte: Portal BBC Brasil.
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