Associação de familiares das vítimas da tragédia protestam e acusam as autoridades francesas de arbitrariedade na decisão.
O Escritório de Investigação e Análises da França (BEA, na sigla em francês) informou ontem que 74 corpos de vítimas do acidente do voo 447 da Air France não serão retirados do mar. A agência enviou nota às famílias das vítimas, dizendo que “foram resgatados todos os corpos enquadrados nos critérios definidos e verificados pelas equipes de legistas”. Juízes franceses haviam determinado que apenas os restos mortais que “pudessem ser entregues decentemente às famílias” seriam resgatados.
O presidente da Associação de Vítimas Brasileiras do Voo AF447, Nelson Marinho, afirmou que o anúncio não foi bem-recebido pelas famílias, que terão o sofrimento ainda mais prolongado. “Todos os familiares estão ansiosos. De novo, é uma decepção em torno desse processo. Agora, todos ficarão se questionando se o seu familiar foi deixado no mar ou não. É uma injustiça, porque é a família que tem que decidir o que fazer com os corpos”, protestou Marinho, que perdeu um filho no acidente.
Segundo Nelson Marinho, a decisão de manter 74 corpos no mar foi arbitrária, um vez que os primeiros restos mortais resgatados não estavam em boas condições. Ainda de acordo com o presidente da associação, nenhuma comunicação relativa à identificação dos 104 corpos resgatados recentemente foi feita às famílias. Marinho pede, há dois meses, uma audiência com a presidente Dilma Rousseff para a resolução de problemas relativos ao caso.
O navio Ile de Sein, que fazia o resgate, deixou o local do acidente — a cerca de 1.100km da costa brasileira — no último dia 3, com destino às Ilhas Canárias, na Espanha. O navio deve chegar ao destino amanhã, onde a equipe de buscas será desmobilizada. Os corpos serão transferidos para o Instituto de Pesquisas Criminais da Polícia Militar francesa, onde será feito o processo de identificação. A transferência à França do material genético dos parentes brasileiros será realizada pela Interpol.
O acidente, ocorrido em maio de 2009, envolveu uma aeronave que fazia o trecho Rio de Janeiro-Paris e matou as 228 pessoas a bordo. Logo após a tragédia, 50 corpos encontrados flutuando foram retirados do mar — 20 deles, de brasileiros. Na fase atual de buscas, outros 104 restos mortais foram resgatados, elevando para 154 o total de cadáveres tirados do oceano. Um relatório parcial sobre as causas do acidente deverá ser divulgado no fim de julho, segundo o BEA. O documento definitivo, com recomendações de segurança, será publicado em 2012.
Fonte: Jornal Correio Braziliense.
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