Exatamente um ano depois do acidente com uma lancha, que matou duas irmãs, no Lago Paranoá, a tragédia se repete: um barco com mais de 100 pessoas a bordo afunda, deixando um bebê morto
Uma festa no Lago Paranoá, na noite de ontem, terminou em tragédia. Cento e quatro pessoas — sendo 12 tripulantes e 92 convidados —, segundo informações preliminares, estavam em um barco que afundou, por volta das 20h30, próximo ao clube da Associação dos Servidores da Câmara dos Deputados (Ascade), no Trecho 2 do Setor de Clubes Sul. Até a meia-noite, 88 pessoas tinham sido resgatadas, de acordo com o Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar do DF. A central de atendimento dos bombeiros (Ciade) confirmou pelo menos uma morte até o mesmo horário: a de um bebê de 6 meses, identificado pela tia Aline de Oliveira, 24 anos, como João Antônio. Segundo ela, a mãe da criança, Valdelice Fernandes, estava desaparecida. Pelo menos seis pessoas foram internadas em dois hospitais da cidade.
O barco teria saído, por volta das 19h30, do Edifício Ícone, um prédio ao lado clube Cota Mil, localizado no Trecho 2 do Setor de Clubes Sul. Crianças, jovens e adultos estavam na embarcação chamada Imagination, que, segundo relatos dos passageiros, teria sido atingida por uma lancha. Um dos sobreviventes, o estudante Guilherme Soares, 15 anos, contou que os coletes salva-vidas só começaram a ser distribuídos depois que o barco começou a afundar na parte de trás. “Nem todo mundo conseguiu pegar o seu”, conta o morador do Paranoá. A água teria entrado, primeiro, pelo banheiro da embarcação. Desesperadas, muitas pessoas se jogaram no lago.
A tragédia mobilizou pelo menos uma centena de bombeiros, além de cinco ambulâncias, dois helicópteros e oito carros de resgate. Os clubes da Associação Geral dos Servidores da Polícia Civil do DF (Agepol) e do Ascade serviram de base para a operação de salvamento. Mantas térmicas foram usadas no primeiro atendimento às vítimas, já que a temperatura à beira do lago era muito baixa. Na hora do naufrágio, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), chegava a 17ºC. “Como o dia todo foi frio, a temperatura da água deveria estar bem abaixo disso”, explicou o meteorologista Hamilton Carvalho.
Segundo um homem que trabalhava como garçom no barco de festas, o motor do Imagination parou duas vezes durante o trajeto. Logo depois de ser religado, voltou a pifar. “Veio, então, o efeito Titanic. A embarcação começou a afundar e foi um salve-se quem puder”, disse o homem, que não quis se identificar.
Dos passageiros resgatados, três mulheres permaneciam internadas no Hospital de Base e outras três pessoas no Hospital Regional da Asa Norte (Hran), até o fechamento desta edição. Mas os feridos foram levados para outras unidades hospitalares do DF.
O barco estaria em reforma.
Comandante afirmou à Polícia que, durante a festa, desceu à casa de máquinas diversas vezes para averiguar se estava entrando água
Em depoimento ontem à noite, o comandante do Imagination, Airton Carvalho da Silva Maciel, demonstrou estar bastante preocupado com o estado do barco. De acordo com o relato que ele fez a um agente ao chegar à 10ª Delegacia de Polícia, no Lago Sul, a embarcação passava por reformas. Por isso, durante o trajeto que fez no Lago Paranoá, Maciel teria descido pessoalmente à casa de máquinas várias vezes para checar se estava entrando água na embarcação.
A Polícia Civil abriu um inquérito para investigar as causas do acidente. Segundo as informações dos agentes, o depoimento do comandante não foi tomado pelo titular da 10ª DP, delegado Adval Cardoso, que não estava presente no momento. Até o fechamento desta edição, o interrogatório não havia sido concluído. Dois policiais militares foram chamados para fazer o teste do bafômetro em Maciel, um piauiense nascido em Teresina, de 28 anos. Mas o exame não encontrou traços de álcool em sua respiração.
No local do acidente, o secretário de Segurança Pública, Sandro Avelar, disse que as causas ainda não foram identificadas e que a prioridade, durante a madrugada, seria manter as buscas de possíveis desaparecidos. “O momento é de prestar auxílio às pessoas. Mas o trabalho de investigação continua”, disse.
O comandante assegurou que o barco só trazia 79 passageiros e 11 tripulantes, num total de 90 pessoas. A informação contradiz a fornecida pelo Corpo de Bombeiros, segundo a qual havia 104 presentes — 92 convidados para a festa e 12 empregados da embarcação.
Fonte: Jornal Correio Braziliense.
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