PROMOTORA PRESA POR FORJAR DOENÇA
Na véspera do seu aniversário de 51 anos, Brasília ganhou mais um triste escândalo de repercussão nacional. Citada na operação Caixa de Pandora, Deborah Guerner foi presa ontem com o marido, Jorge Guerner, em casa, no Lago Sul. Processada pelo Conselho Nacional do Ministério Público(CNMP) por crimes como tentativa de extorsão corrupção, Deborah, agora é suspeita também de forjar uma doença mental para escapar das acusações que podem lhe custar o cargo. Como em sua aparição pública, no julgamento do CNPM, em seis de abril, Débora fez questão de agir como uma pessoa desiquilibrada. Ontem, conduzida por policiais na chegada do IML, desceu do carro com uma echarpe na cabeça aos gritos, e tentou agredir fotógrafos que registraram a cena. Há indícios -incluindo um vídeo gravado em sua própria casa- de que Débora e Jorge, com orientação de uma psiquiatra, ensaiavam atos de loucura para atestados falsos. A promotora e o marido estão detidos em sala da PF.
Deborah Guerner e o marido foram levados à cadeia pela Polícia Federal. Ambos são acusados de participar de uma armação, com a ajuda de um psiquiatra, para simular a loucura que poderia garantir a aposentadoria dela no MP. A fraude foi gravada em vídeo
Promotora de Justiça acusada de corrupção, extorsão e formação de quadrilha, Deborah Guerner foi presa ontem por tentativa de enganar a Justiça. Ela e o marido, Jorge Guerner, estão na Superintendência da Polícia Federal, no Setor Policial Sul. O casal é suspeito de forjar a doença mental que Deborah alega ter. A insanidade é o principal argumento da defesa da promotora no processo movido pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) que pode resultar na expulsão dela e do ex-procurador-geral de Justiça Leonardo Bandarra do serviço público. A intenção de Deborah era conseguir a aposentadoria por invalidez depois de provar incapacidade para o trabalho. No entanto, para atingir tal objetivo, segundo o Ministério Público Federal, Deborah teria cometido os crimes de fraude processual, falsidade ideológica e formação de quadrilha. Por isso, acabou detida por meio de mandado de prisão preventiva expedido pelo Judiciário.
O pedido de detenção é do procurador regional da República Ronaldo Albo. Ele denunciou Deborah, o marido dela e o psiquiatra Luis Altenfelder Silva Filho porque os três teriam participado de uma armação para simular a loucura de Deborah. Há registros da fraude em vídeo, gravado pelas câmeras do circuito interno de tevê da casa da promotora de Justiça. Em filmagem apreendida pela PF na residência do casal, que mora na QI 23 do Lago Sul, Altenfelder dá lições a Deborah de como ela deveria se portar para ser diagnosticada com transtorno bipolar diante da Junta Médica do Ministério Público. Entre as dicas de como parecer insana, Deborah deveria usar roupas descoordenadas. O psiquiatra teria recebido R$ 10 mil pelo serviço, que incluía a assinatura dos laudos atestando a suposta doença mental de Deborah.
Além de Deborah, Jorge e o psiquiatra foram denunciados por fraude processual, formação de quadrilha e falsidade ideológica. Ontem, circularam informações da existência de pedido de prisão também contra o médico. Mas a Polícia Federal não confirmou a existência desse mandado. Por enquanto, as decisões judiciais alcançaram Deborah e Jorge, que tiveram a prisão preventiva deferida na terça-feira pela desembargadora do Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região Mônica Fuentes. Marido e mulher foram presos em casa, pela manhã. A polícia trabalha com a suspeita de que o casal planejava fixar moradia na Itália, pois ela teria dupla cidadania. Em um primeiro momento, acreditou-se que a promotora e o marido haviam sido detidos depois de desembarcar no Aeroporto Internacional de Brasília. Mas a versão foi desmentida pela PF, que afirmou ter buscado o casal no Lago Sul.
Ampla segurança
A residência dos Guerner passou o dia com as janelas abertas, carros na garagem (uma BMW e um Toyota) e cachorros latindo. Havia pelo menos três pessoas na casa no fim da manhã, provavelmente funcionários. O imóvel de dois andares tem, na entrada, cerca elétrica e câmeras de segurança — as mesmas que flagraram as visitas suspeitas de Leonardo Bandarra, que entrava e saía do local de capacete. Vizinhos contaram ter visto dois carros descaraterizados estacionados em frente à residência do casal, por volta das 10h. Uma moradora da mesma rua contou que percebeu “entra e sai” de pessoas na casa no meio da manhã.
Deborah está presa em uma sala do Centro de Operações Táticas (COT) da PF. A promotora foi colocada no mesmo local, com 16 metros quadrados, onde o presidente do Tribunal de Contas do Amapá, José Júlio Miranda, ficou detido. O lugar tem ar-condicionado, cama de solteiro, mas não há banheiro privativo. Já Jorge Guerner está em uma das celas da superintendência da Polícia Federal. O ex-governador José Roberto Arruda ficou preso dois meses em sala do COT. Como a sala não tem infraestrutura, é possível que Deborah e o marido sejam transferidos após o feriado da semana santa. Uma das hipóteses em análise é a sede do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar. Jorge chegou a ser levado para a Papuda ontem, mas por falta de espaço retornou às instalações da PF.
Pedido de soltura
À tarde, o casal foi levado por policiais federais ao Instituto de Medicina Legal (IML) da Polícia Civil em carros da PF descaracterizados e separados. Os exames de corpo de delito dos dois duraram cerca de 25 minutos. Na chegada ao IML, a promotora apareceu com o rosto coberto por uma echarpe verde. Ela estava exaltada ao descer de um Renault/Mégane preto. Aos berros, exigiu que ninguém a tocasse nem chegasse perto. “Sai daqui, sai daqui!”, gritou, dando socos no ar na tentativa de acertar os jornalistas. Jorge Guerner entrou no instituto sem esconder o rosto, mas saiu com um casaco listrado cobrindo a face. O casal deixou o local sem dizer uma palavra.
O advogado dos Guerner, Pedro Paulo de Medeiros Guerra, esteve na superintendência da PF, às 17h55, logo após protocolar o pedido de habeas corpus no Superior Tribunal de Justiça (STJ), às 17h40. Guerra avaliou que não há motivos para os clientes estarem presos e espera que o pedido seja acatado pelo ministro de plantão, João Octavio de Noronha. “Vim aqui comunicar a Dra. Deborah e ao Sr. Jorge que o pedido já está impetrado (no STJ) e saber se eles precisam de alguma coisa. Estamos confiantes que serão soltos porque não há qualquer motivo para estarem presos. Eles nunca fugiram e nunca atrapalharam a investigação”, disse. A assessoria do STJ informou que o pedido de soltura será analisado hoje e uma decisão pode sair até as 10h.
As acusações
Deborah e Bandarra são apontados como cúmplices em esquema de corrupção revelado pela Caixa de Pandora. Entre os crimes pelos quais são julgados, há a suspeita de que teriam vazado informações secretas de uma operação que tinha como alvo Durval Barbosa. Também são denunciados por terem, supostamente, cobrado dinheiro de Arruda para evitar a divulgação do vídeo em que o ex-governador aparece recebendo dinheiro.
Fonte: Jornal Correio Braziliense.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por acessar o Psicoterapia Brasil!
Sua opinião é importante, será muito bem recebida e esperamos poder contar com ela sempre!