Dados sugerem que os problemas econômicos enfrentados pela Grã-Bretanha podem estar ligados a um aumento nos casos de depressão na Inglaterra.
Segundo estas informações, o número de receitas para antidepressivos como Prozac aumentou 40% nos últimos quatro anos.
Os dados foram conseguidos junto ao Serviço de Receitas Médicas do Sistema Público de Saúde (NHS, na sigla em inglês), sob a Lei de Liberdade de Informação. As informações cobrem as receitas para antidepressivos em um período entre 2006 e 2010, durante o qual o país teve que lidar com a crise bancária, a recessão e o início dos cortes de gastos do governo.
Médicos e instituições de caridade estão sendo cada vez mais contatados por pessoas com problemas como dívidas ou medo do desemprego.
O aumento ocorreu em um momento em que o governo britânico aumentou o acesso a terapias sem o uso de medicamentos o que, teoricamente, diminuiria a demanda por antidepressivos.
Apenas em 2010 os pedidos para este tipo de terapia quadruplicaram e chegaram a 600 mil, de acordo com dados do Departamento de Saúde britânico.
Clare Gerada, diretora do Colégio Real de Clínicos Gerais, afirmou que parte do aumento no número de receitas de antidepressivos também se deve ao aumento da conscientização sobre a doença, e também ao fato de os médicos britânicos terem melhorado sua capacidade de diagnóstico.
"Claro, em momentos de dificuldades econômicas podemos esperar que problemas de saúde mental piorem, e médicos estão vendo mais pessoas chegando (ao consultório) com dívidas aumentando, ou que perderam seus empregos e estão cancelando suas férias", disse.
"Eles se sentem culpados por não poder sustentar suas famílias e estas coisas frequentemente funcionam como um gatilho da depressão", acrescentou.
MEDICAÇÃO
Os dados do Serviço de Receitas Médicas do NHS mostraram que as receitas para inibidores seletivos de recaptura de serotonina, o grupo de medicamentos antidepressivos receitados mais frequentemente, aumentou em 43%, para quase 23 milhões por ano.
As informações também mostram o aumento do número de receitas para outros tipos de antidepressivos, incluindo remédios como Duloxetina, que costumam ser usado para casos mais graves.
"A última recessão deixou muitas pessoas enfrentando tempos difíceis. Se as pessoas passam por problemas de saúde mental, o NHS poderá ajudar", afirmou Paul Burstow, secretário para Assistência Social do governo britânico.
"Estamos aumentando as verbas para terapias sem uso de medicação em 400 milhões de libras (cerca de R$ 1 bilhão) nos próximos quatro anos. Isto vai garantir que terapias modernas sejam disponibilizada para todos que precisem delas, seja para depressão ou ansiedade causadas por problemas econômicos ou qualquer outra coisa", acrescentou.
MAIS TELEFONEMAS
A instituição de caridade britânica Sane também afirmou que tem recebido mais contatos por email e telefone devido a problemas econômicos.
"É impossível dizer com certeza que os problemas econômicos estão levando a um aumento na depressão. Mas certamente estamos ouvindo mais pessoas preocupadas com isso, com a segurança no emprego e cortes em benefícios, muitos deles estão entrando em contato pela primeira vez", contou a diretora-executiva da instituição, Marjorie Wallace.
"Certamente há um aumento no número de pessoas que sofrem de depressão, e a crise econômica teve um impacto", disse Emer O'Neill, diretora-executiva da instituição de caridade Depression Alliance UK. Mas acho que o que aconteceu é que muito do estigma ligado à depressão foi superado."
"Agora é normal falar que você tem depressão e as pessoas, em geral, estão conseguindo melhores informações sobre o que é e estão indo aos clínicos gerais e falando sobre isso."
Fonte: BBC News
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