segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Resultados e efeitos adversos dos remédios para emagrecer em xeque.

O testemunho de reações adversas e desagradáveis, como boca seca, alterações de humor, dor de cabeça, insônia, taquicardia, euforia, falta de ar, hipertensão, irritação, dependência, prisão de ventre, depressão, crises de ansiedade e pânico, entre outras, são relatos comuns entre pessoas que utilizam ou já utilizaram alguns medicamentos emagrecedores.

"Minha experiência com inibidores de apetite não foi muito boa. Ou melhor, foi boa enquanto durou. Emagreci tudo que desejava. Mas depois que parei, já viu... O remédio dá uma falsa sensação de sucesso, porque quem toma emagrece sem esforço. Mas, além do efeito sanfona, o próprio tratamento não foi fácil - tinha tremores, queda de pressão e muita, muita sede. A gente suporta essas coisas quando está obcecada por emagrecer. Parei, porque fui morar fora do Brasil e não tinha como conseguir a receita. A compulsão voltou e meu metabolismo ficou lento. Ganhei 13 quilos, 6 a mais do que tinha perdido”, essa foi a declaração da atriz Camila Medeiros, para a reportagem “Remédios para emagrecer: Prós e Contra” da Boa Forma.

Nesta semana, após a Anvisa - Agência Nacional de Vigilância Sanitária, anunciar a possível proibição da comercialização da substância sibutramina e de outros inibidores de apetite derivados das anfetaminas no Brasil (anfepramona, fempropox e mazindol), as discussões sobre o uso dos medicamentos emagrecedores e os efeitos que eles provocam no organismo das pessoas entraram definitivamente em pauta.

Em notícia publicada na Folha de São Paulo, quarta-feira (16), o jornal relata que a Anvisa, por meio de nota, afirmou que a medida tem como base estudos recentes realizados na Europa, e um parecer da Câmara Técnica de Medicamentos - Cateme, de outubro de 2010, que recomenda o cancelamento do registro dos remédios, ao considerar que os riscos superam os benefícios. A nota afirma que os inibidores de apetite que contêm sibutramina e os anorexígenos anfetamínicos já foram banidos em diversos países desenvolvidos, por serem considerados medicamentos obsoletos e de elevado risco para os pacientes.

Será que é realmente indispensável contar com esses medicamentos, que apresentam resultados, mas também podem causar sérios problemas a saúde?

Segundo o psiquiatra e psicoterapeuta José Thomé, condenar o uso de medicamentos, emagrecedores, ou destinados a quaisquer outros objetivos medicinais, de maneira irredutível e verticalizada é um erro. Entretanto, é indispensável observar que o uso de substâncias químicas só deve ser admitido sob supervisão e acompanhamento atento de profissionais especializados. “O problema não é o medicamento, mas o uso errado, e muitas vezes irresponsável, que se faz deles. É errado, por exemplo, optar pelos medicamentos como forma de conquistar resultados de forma mais rápida, e normalmente menos duradoura, ou compensar desvios de comportamento dos pacientes. Ou ainda pior, encobrir a deficiência na atenção e acompanhamento prestados pelo profissional de saúde”, argumenta.

Estudos indicam que a sibutramina e os derivados de anfetaminas apresentam graves riscos cardiopulmonares e ao sistema nervoso central, e que o uso continuado de medicamentos com essas substâncias podem estimular ou agravar o desenvolvimento de diversas doenças, pré-existentes ou não.

Em reportagem sobre a Esquizofrenia, veiculada pelo Programa Altíssima , exibido até 2008 na Rede Bandeirantes, o psiquiatra José Alberto Orsi, explicou que essa doença mental é genética, mas que os surtos acontecem a partir de fatores desencadeantes, como por exemplo estresss, desnutrição, infecções graves e consumo de drogas, inclusive, medicamentos para emagrecer. Segundo o psiquiatra, o surto psicótico acontece devido ao aumento de uma substância no cérebro, chamada dopamina, que quando em excesso, causa uma série de sintomas. “Uma substância que faz o corpo produzir muita dopamina é a anfetamina, usada em remédios para emagrecer. E certas pessoas entram em um quadro psicótico, devido ao consumo de anfetamina”, alerta o Dr. José Alberto.

No Programa CBN Noite Total de ontem (17), foi organizado um debate que contou com a participação do médico Alfredo Halpern, chefe do grupo de obesidade e síndrome metabólica do Hospital das Clínicas e professor da Universidade de São Paulo, do cardiologista do Incor e professor da Faculdade de Medicina da USP, Dr. Augusto Uchida, e do Dr. Daniel Ciampi de Andrade, médico neurologista do Departamento de Neurologia do Hospital das Clínicas. E apesar da rádio não ter ouvido nenhum psiquiatra (...), as opiniões e pontos de vista apresentados foram importantes para esclarecer não só algumas das falhas técnicas em que se fundamenta a motivação da Anvisa, mas também para reforçar a recomendação expressada pelo Dr. Thomé: “o tratamento médico especializado e o acompanhamento efetivo dos pacientes é o ponto que mais precisa receber atenção. Cada caso e situação requer conhecimento, diagnóstico específico e terapia personalizada. Não se pode admitir o uso de medicamentos em escala ou sem a devida atenção às características individuais de cada caso, nem é correto simplesmente condenar os medicamentos, por mal uso ou falhas em sua prescrição”.

Na próxima quarta-feira (23), a Anvisa promoverá audiência pública para propor o cancelamento do registro dos medicamentos mencionados. Até lá, não custa nada conhecer mais alguns pontos de vista de especialistas e pacientes.

Ouça o debate da CBN, visite o Canal do PsicoterapiaBRASIL no You Tube, e leia também:

Anvisa quer banir venda de emagrecedores no Brasil

"Remédios são tentadores, mas devem ser proibidos"

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