"O Brasil não é Bangladesh e não tem nenhuma desculpa para permitir, no século 21, que pessoas morram em deslizamentos de terras causados por chuva." O alerta foi feito pela consultora externa da ONU e diretora do Centro para a Pesquisa da Epidemiologia de Desastres, Debarati Guha-Sapir.
Conhecida como uma das maiores especialistas no mundo em desastres naturais e estratégias para dar respostas a crises, Debarati lançou duras críticas ao Brasil, em entrevista ao Estadão.com.br. Para ela, só um fator mata depois da chuva: "descaso político."
Estadão- Como a senhora avalia o drama vivido no Brasil?
Debarati Guha-Sapir- Não sei se os brasileiros já fizeram a conta, mas o País já viveu 37 enchentes, em apenas dez anos. É um número enorme e mostra que os problemas das chuvas estão se tornando cada vez mais frequentes no País.
Estadão- O que vemos com o alto número de mortos é um resultado direto de fenômenos naturais?
DGS- Não, de forma alguma. As chuvas são fenômenos naturais. Mas essas pessoas morreram porque não têm peso político algum e não há vontade política para resolver seus dramas, que se repetem ano após ano.
Estadão- Custa caro se preparar?
DGS- Não. O Brasil é um país que já sabe que tem esse problema de forma recorrente. Portanto, não há desculpa para não se preparar ou se dizer surpreendido pela chuva. Além disso, o Brasil é um país que tem dinheiro, pelo menos para o que quer.
Estadão- E como se preparar então?
DGS- Enchentes ocorrem sempre nos mesmo lugares, portanto, não são surpresas. O problema é que, se nada é feito, elas aparentemente só ficam mais violentas. A segunda grande vantagem de um país que apenas enfrenta enchentes é que a tecnologia para lidar com isso e para preparar áreas é barata e está disponível. O Brasil praticamente só tem um problema natural e não consegue lidar com ele. Imagine se tivesse terremoto, vulcão, furacões...
Fonte: Estadão
É realmente ofensivo verificar que, ano após ano, verão após verão, as chuvas caem sobre as cidades brasileiras, as catástrofes acontecem, e os executivos do poder público tem a cara-de-pau de vir a público para afirmar ‘surpresa’ com relação ao ocorrido.
ResponderExcluirA diretora da ONU foi até muito sutil. No Rio, os sentimentos expressados pela população são bem menos simpáticos. E como aparece nesse vídeo de 7 meses atrás, revelam que a população está chegando ao seu limite!
http://www.youtube.com/watch?v=qNqk9bzwcJw
Parabéns pelo blog!
Gustavo.