quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

ABP e APERJ iniciam intervenção no Rio de Janeiro

Psiquiatras voluntários oferecem atendimento à população dos municípios afetados pelas chuvas.

A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), através da Associação Psiquiátrica do Estado do Rio de Janeiro (APERJ), iniciou, desde sábado, os trabalhos de intervenção nas cidades serranas do Rio de Janeiro, afetadas pelas fortes chuvas das últimas semanas.

A diretoria da ABP acredita que a valorização dos profissionais que residem nos locais onde as intervenções se fizerem necessárias é fundamental para atingir o resultado esperado. Segundo Antônio Geraldo, presidente da ABP, é primordial que sejam respeitados os conhecimentos regionais e técnicos das Federadas locais e seus associados. “Prestigiando e priorizando este conhecimento todo o processo será facilitado, os custos serão reduzidos, e os resultados mais objetivos”. Na visão da nova diretoria é fundamental a descentralização da ação, acionando as associações locais, regionalizando as ações e agindo em rede. Esta será a forma de trabalho da ABP neste tipo de situação em qualquer uma das regiões do país.
O objetivo é manter a ABP junto com os associados, buscando o que é melhor para os associados, suas federadas e para seus pacientes.

Vários psiquiatras de todo o Brasil estão se dispondo a ajudar, e para a coordenação isso é extremamente importante para uma eventual necessidade. “É de suma importância que os associados de todo o país, que tenham disponibilidade de amostras grátis de medicação façam a remessas para a ABP ou APERJ.

Acompanhe o que já está sendo feito

As associações estão em contato com as secretarias municipais de saúde da região para oferecer atendimento psiquiátrico, por profissionais voluntários, à população afetada. Presidentes de outras federadas do Rio de Janeiro, IPUB e Sociedade de Psicanálise foram acionados e, em segundo momento, também irão ajudar.

Os coordenadores de atendimento já iniciaram os trabalhos em Petrópolis e Itaipava. No Vale do Cuiabá, uma escola foi colocada à disposição para que os psiquiatras montem um ambulatório de Psiquiatria no local. Em Teresópolis, os profissionais estão atuando com a coordenação de saúde do município e outras autoridades locais.

Em Nova Friburgo, já há um lugar com boa estrutura de consultórios, disponibilizada pelo Day Hospital. Profissionais de saúde mental, de um fórum permanente, se reúnem todos os dias para acertar os detalhes de atendimento e 4 psiquiatras da infância e adolescência voluntários trabalham na região, reforçando a rede local.

Segundo Fátima Vasconcellos, presidente da APERJ e coordenadora das ações de intervenções no Rio de Janeiro da ABP, as cidades estão solicitando profissionais para atender adultos, mas, principalmente, crianças e adolescentes. "Muitas crianças estão em estupor, outras com quadros depressivos. Também, muitas perderam os pais e só conseguem informar o primeiro nome, não sabem o sobrenome. Entre os adultos, também há casos de depressão e até mesmo de surtos psicóticos", explica.

Além disso, associações mobilizam reforços para atender a demanda por medicamentos. "Praticamente tudo foi perdido durante a catástrofe e o estoque de remédios disponível nos dispensários das prefeituras não será suficiente, principalmente, neste primeiro momento em que não há uma rede organizada. Tudo ainda está sendo criado. Também há o grave problema de pacientes psiquiátricos que precisam de internação pela reagudização da crise. Entretanto, não existem leitos psiquiátricos disponíveis, pois na região não há CAPS III, que teriam leitos de retaguarda", acrescenta Fátima Vasconcellos.

Ainda de acordo com a psiquiatra, não foi possível chegar a todos os municípios, pois a área do desastre é grande e de difícil acesso. As estradas foram destruídas e estão sendo reabertas. Também não há postos de saúde montados, mas conforme alternativas forem disponibilizadas, mais ajuda será oferecida. "A questão básica é falta de organização por conta da extensão da catástrofe. As necessidades estão sendo reconhecidas, mas estamos tomando as medidas para supri-las", diz.

Contudo, apesar das dificuldades, muitos profissionais estão se mobilizando. "Tenho certeza que podemos contar com os psiquiatras do Rio de Janeiro. Temos que agradecer, inclusive, a solidariedade de colegas de várias federadas, que estão se comprometendo em conseguir medicamentos para nos ajudar. Estamos em contato com o Ministério Público, que garante adquirir o que for necessário. Porém, por hora, o nível local pode precisar de mais reforços e vamos acionar quantos profissionais forem necessários", finaliza Fátima Vasconcellos.

Fonte: ABP

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