A quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (previsto para ser lançado em 2013, e conhecido como DSM-5) eliminou cinco dos dez transtornos de personalidade que estão listados na edição atual.
Para o psicólogo Charles Zanor, de Massachusetts, não é que diminuiu o número de narcisistas. Eles ainda existirão, mas serão ignorados.Segundo Charles, a maioria das pessoas tem uma boa ideia do que seja o narcisismo, mas a definição formal é mais precisa do que o significado encontrado no dicionário.
Nossa imagem cotidiana de um narcisista é de uma pessoa muito egocêntrica – a conversa sempre gira em torno dela. Embora não se aplique a pessoas com DPN (distúrbio de personalidade narcisista), essa caracterização é muito ampla. Existem pessoas completamente egocêntricas que não se qualificariam no diagnóstico de DPN.
O requisito principal para o DPN é um tipo especial de autoabsorção: um senso grandioso de autoestima, um sério erro de cálculo de suas próprias habilidades e potenciais que é muitas vezes acompanhado por fantasias de superioridade.
O segundo requisito para o DPN: visto que o narcisista é tão convencido (a maioria são homens), ele automaticamente espera que os outros reconheçam e falem sobre as suas maiores qualidades. Isso é geralmente conhecido como “espelhamento”. Ele não se contenta em saber que é bom. Os outros devem confirmar isso, rápido e com frequência.
Finalmente, os narcisistas, que desejam a aprovação e a admiração dos outros, não têm noção sobre como as coisas parecem da perspectiva dos outros. Os narcisistas são muito sensíveis ao serem ignorados ou menosprezados, mas dificilmente reconhecem quando estão fazendo isso com os outros.
A maioria de nós concordaria que este é um perfil facilmente reconhecível, e é uma incógnita o porquê o manual do comitê sobre distúrbios de personalidade decidiu tirar o DPN da lista.
O psiquiatra de Harvard, John Gunderson, também culpou a chamada abordagem dimensional, um método de diagnóstico de distúrbio de personalidade que é novo para o Manual.
Consiste em fazer um diagnóstico global e geral do distúrbio da personalidade para um determinado paciente, e então, selecionar traços particulares de uma longa lista para melhor descrevê-lo.A abordagem dimensional tem o apelo de um pedido à la carte –você pede o que quer, nada mais e nada menos. Uma coisa é chamar alguém de elegante e bem vestido. Outra coisa é chamar de almofadinha. Cada um desses termos tem significados levemente diferentes e evoca um tipo.
E os médicos gostam de tipos. A ideia de substituir o diagnóstico padrão do DPN pelo diagnóstico dimensional como “distúrbio de personalidade com traços narcisistas e manipuladores” não vai dar certo.Há 30 anos o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) tem sido o padrão inquestionável que os médicos consultam ao diagnosticar distúrbios mentais.
Quando um novo diagnóstico é introduzido, ou um diagnóstico estabelecido é substancialmente modificado ou excluído, isso não é pouca coisa. Como disse Gunderson, isso afetará a maneira como os profissionais pensam e tratam seus pacientes.
Levando isso em consideração, a falta de informação dos especialistas em distúrbios de personalidade não deverá ser novidade. Gunderson escreveu uma carta coassinada por outros pesquisadores e médicos à Associação Psiquiátrica Americana e à força-tarefa que dirige a DSM-5.
Em um mundo relativamente pequeno de diagnósticos de saúde mental, esta é uma batalha que certamente vale a pena assistir. Agora, está claro que é muito cedo para os narcisistas desistirem do seu lugar na lista.
Fonte: Blog da Saúde
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