Sentir que a própria vida está, de alguma maneira, ameaçada – como em um acidente de carro, um assalto ou devido a uma doença grave – pode impactar sua saúde em longo prazo.
Esse é um dos resultados de uma pesquisa feita no Karolinska Institutet, na Suécia. O estudo, feito pelo pesquisador Lars Wahlström, acompanhou indivíduos que haviam sobrevivido a situações de perigo de vida em desastres naturais.
Sabe-se, com base em dados de outras pesquisas, que o trauma causado por situações de estresse imenso podem causar danos psicológicos. A pesquisa de Wahlström, entretanto, acompanhou mais de 1.500 pessoas que sobreviveram a um grande evento natural – o tsunami ocorrido no Oceano Índico em 2004 – monitorando o impacto psicológico da situação.
Aproximadamente 70% dessas pessoas apontaram terem se recuperado do incidente de maneira satisfatória, sendo que a família e os amigos tinham sido as principais fontes de conforto psicológico.
“Uma experiência desse tipo pode levar a uma avalanche de sentimentos e impressões negativas. Isso é normal e pode ser visto como uma necessidade do corpo em encontrar formas de trabalhar o ocorrido”, diz Wahlström.
Mas nem todas as pessoas conseguiram se livrar do trauma. Após 14 meses, 30% desses indivíduos ainda sofriam com os sintomas mentais, que incluíam estresse pós-traumático, flutuações do humor e problemas para dormir. A surpresa do pesquisador foi constatar que dois terços desses indivíduos não haviam enfrentado as situações mais extremas – como presenciar a morte de alguém ou terem ficado feridos. Essas pessoas, entretanto, haviam temido pelas suas vidas de forma intensa.
“Pelo que observamos, a simples ameaça à própria existência foi o suficiente para deixar marcas profundas nessas pessoas”, aponta Wahlström. Essas respostas também foram observadas em indivíduos que sofreram acidentes de trânsito ou haviam sido vítimas de violência urbana.
“O acompanhamento desses indivíduos, ou ainda, sobreviventes, precisa ser feito com atenção. Os profissionais de saúde envolvidos precisam estar atentos ao desdobramento desses casos”, explica o pesquisador que afirma também que as pessoas que ainda sentiam os efeitos do trauma após 14 meses do ocorrido – principalmente pelo fato de não terem sido devidamente acompanhadas ou confortadas – tinham mais problemas psicológicos do que as pessoas que haviam perdido alguém próximo.
“Essas pessoas precisam de acompanhamento profissional mais próximo desde o primeiro momento, quando as primeiras reações aparecerem, sob pena de desenvolverem transtornos mentais mais sérios”, finaliza o pesquisador.
Fonte: Portal O Que Eu Tenho?
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