Em meio às dificuldades de identificação por parte de familiares e, por vezes, de médicos, a doença de Alzheimer apresenta impactos cada vez mais maiores sobre a sociedade.
Levantamentos e análises da Academia Brasileira de Neurologia e do Ministério da Saúde alertam que, nos dez anos compreendidos entre 1999 e 2008, as mortes decorrentes da patologia cresceram exatos 586% em todo o País. Foram 7.882 pessoas vitimadas pela doença em 2008, ante 1.076 óbitos registrados em 1999. No Rio Grande do Sul, o salto foi de 187 mortes em 1999 para 788 óbitos em 2008, o que representa um crescimento de 421%.
Esse aumento no volume de óbitos deve-se à elevação da população idosa no Brasil e também no maior controle quanto aos registros da doença. Especialistas, contudo, apontam que o número poderia ser menor caso o diagnóstico fosse realizado precocemente. Em média, o período de tempo entre os primeiros sintomas e o diagnóstico correto é de cerca de três anos.
Dificuldades para o diagnóstico correto e precoce e, consequentemente, o acesso ao tratamento específico - disponibilizado gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) - são os maiores obstáculos para a efetiva assistência dos pacientes. Segundo a coordenadora da campanha, Marcia Chaves, atualmente o brasileiro com Alzheimer leva mais de três anos para obter o correto diagnóstico da doença.
A neurologista, que é professora da faculdade de Medicina da Ufrgs, credita parte dessa demora ao fato de que sintomas como perda de memória e dificuldades de planejamento e raciocínio são comumente associados a características naturais do envelhecimento e não de uma patologia. "As atuais linhas de tratamento do Alzheimer estão baseadas em três aspectos: melhorar a cognição, retardar a evolução e tratar os sintomas e as alterações de comportamento. A maioria das medicações aprovadas para uso está indicada para os doentes nas fases mais iniciais da doença, quando estes ainda possuem alguma capacidade cognitiva ou independência funcional preservadas."
Marcia revela que apesar de cerca de 70% dos doentes com demência recém-diagnosticada terem doença de Alzheimer leve ou moderada, apenas 52% recebem a prescrição de uma medicação específica no primeiro atendimento. O relatório norte-americano Treatment Algorithms in Alzheimer's Disease (Algoritmos de Tratamento para Doença de Alzheimer) aponta que 66% dos pacientes tomam antidepressivos como único tratamento na fase inicial da doença.
A ausência de diagnósticos afirmativos resulta também em entraves para políticas públicas de distribuição de medicamentos específicos para o tratamento da patologia. O acesso ao tratamento farmacológico para o Alzheimer está disponível gratuitamente pelo SUS. Contudo, estudos da Universidade Federal de Minas Gerais estimam que quase 90% dos pacientes que poderiam se beneficiar do uso de medicamentos estão sem tratamento no País.
Fonte: Jornal do Comércio
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