Pesquisa divulgada na semana passada pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad), órgão vinculado ao Ministério da Justiça, aponta o consumo excessivo de álcool entre motoristas de todo o país. Dos 8 mil motoristas entrevistados no levantamento feito nos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal, intitulado Uso de bebidas alcoólicas e outras drogas nas rodovias brasileiras, 25,3% admitiram ter consumido álcool em excesso de duas a oito vezes no mês da entrevista. Além disso, 55% dos entrevistados revelaram consumir de 7 a 15 doses de álcool em um dia típico de consumo. A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera consumo excessivo cinco doses ou mais para homens e quatro ou para mulheres.
O coordenador da pesquisa, o médico psiquiatra e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Flávio Pechansky, considera esses números preocupantes. Mesmo que o motorista não conduza um veículo no dia do consumo, pois os efeitos do álcool no organismo, explica Pechansky, perduram por várias horas. No dia seguinte ao consumo excessivo, quando o usuário já não está mais embriagado, os reflexos ainda estão prejudicados e alterações na coordenação. “Isso pode ocorrer mesmo que o exame de alcoolemia (presença de álcool no sangue) aponte para zero no bafômetro”, explica.
Luiz Antônio Marques Mendonça, médico do Hospital Psiquiátrico Nossa Senhora da Luz e especialista em tratamento de dependência química, afirma que o motorista não deve assumir o volante por um período de no mínimo 24 horas após beber excessivamente. Segundo Mendonça, estudos indicam que esse é o tempo mínimo que o fígado leva para metabolizar o álcool – dependendo do organismo e da quantidade ingerida, esse período pode ser ainda maior. “A pessoa bebe pesado, vai para casa, dorme e no outro dia acorda acreditando que está plenamente capaz de dirigir novamente, mas não está. É uma falsa sensação, já que a mistura álcool e direção não é perigosa somente no momento seguinte à ingestão”, enfatiza.
Senso crítico
Outro fator prejudicial é a redução do senso crítico – quando o motorista comete imprudências sem considerar que está errado. O funcionário público aposentado Paulo, 65 anos, conheceu bem essa realidade nos 25 anos em que consumiu álcool. Sem beber há 20 anos, desde que ingressou no grupo Alcoólicos Anônimos (AA), Paulo – que pelo preceito de anonimato do grupo não pode ter o sobrenome divulgado – dirigiu inúmeras vezes após longas bebedeiras, inclusive em rodovias. “Quando estava bêbado e de ressaca eu cometia verdadeiras barbaridades no trânsito.”
A diferença na condução de quando estava bêbado para quando estava de ressaca, diz, era justamente a percepção dos erros. “Bêbado eu não percebia que havia cometido algum erro ao volante. De ressaca, percebia, mas nunca dava o braço a torcer. Não aceitava de jeito nenhum admitir ter cometido uma barbeiragem”, diz.
Imprudência
60% dos entrevistados pegam carona com alcoolizados
A pesquisa Uso de bebidas alcoólicas e outras drogas nas rodovias brasileiras, da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad), traz outra constatação preocupante. Dos 8 mil motoristas ouvidos no levantamento, 60% admitiram terem sido passageiros de motoristas que haviam bebido antes de assumir o volante.
Para o médico psiquiatra Luiz Antônio Marques Mendonça, o dado revela a visão distorcida, já que a pessoa sabe que não pode beber e dirigir, mas aceita pegar carona com outro motorista alcoolizado. “Parece que o temor maior é da multa, e não o de sofrer um acidente grave ou até mesmo de morrer”, comenta. Nessa situação, afirma Mendonça, além de não pegar carona, o passageiro deve impedir que o motorista alcoolizado dirija. “A imprudência no trânsito não é necessariamente do motorista”, diz.
O coordenador da pesquisa da Senad, o também médico psiquiatra e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Flávio Pechansky, considera esse número um dos principais indícios da imprudência do brasileiro no trânsito. “Infelizmente ainda não temos a cultura de que uma pessoa do grupo de amigos fique sem beber para levar os outros para casa após as confraternizações”, lamenta o psiquiatra.
Fonte: Gazeta do Povo
O coordenador da pesquisa, o médico psiquiatra e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Flávio Pechansky, considera esses números preocupantes. Mesmo que o motorista não conduza um veículo no dia do consumo, pois os efeitos do álcool no organismo, explica Pechansky, perduram por várias horas. No dia seguinte ao consumo excessivo, quando o usuário já não está mais embriagado, os reflexos ainda estão prejudicados e alterações na coordenação. “Isso pode ocorrer mesmo que o exame de alcoolemia (presença de álcool no sangue) aponte para zero no bafômetro”, explica.
Luiz Antônio Marques Mendonça, médico do Hospital Psiquiátrico Nossa Senhora da Luz e especialista em tratamento de dependência química, afirma que o motorista não deve assumir o volante por um período de no mínimo 24 horas após beber excessivamente. Segundo Mendonça, estudos indicam que esse é o tempo mínimo que o fígado leva para metabolizar o álcool – dependendo do organismo e da quantidade ingerida, esse período pode ser ainda maior. “A pessoa bebe pesado, vai para casa, dorme e no outro dia acorda acreditando que está plenamente capaz de dirigir novamente, mas não está. É uma falsa sensação, já que a mistura álcool e direção não é perigosa somente no momento seguinte à ingestão”, enfatiza.
Senso crítico
Outro fator prejudicial é a redução do senso crítico – quando o motorista comete imprudências sem considerar que está errado. O funcionário público aposentado Paulo, 65 anos, conheceu bem essa realidade nos 25 anos em que consumiu álcool. Sem beber há 20 anos, desde que ingressou no grupo Alcoólicos Anônimos (AA), Paulo – que pelo preceito de anonimato do grupo não pode ter o sobrenome divulgado – dirigiu inúmeras vezes após longas bebedeiras, inclusive em rodovias. “Quando estava bêbado e de ressaca eu cometia verdadeiras barbaridades no trânsito.”
A diferença na condução de quando estava bêbado para quando estava de ressaca, diz, era justamente a percepção dos erros. “Bêbado eu não percebia que havia cometido algum erro ao volante. De ressaca, percebia, mas nunca dava o braço a torcer. Não aceitava de jeito nenhum admitir ter cometido uma barbeiragem”, diz.
Imprudência
60% dos entrevistados pegam carona com alcoolizados
A pesquisa Uso de bebidas alcoólicas e outras drogas nas rodovias brasileiras, da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad), traz outra constatação preocupante. Dos 8 mil motoristas ouvidos no levantamento, 60% admitiram terem sido passageiros de motoristas que haviam bebido antes de assumir o volante.
Para o médico psiquiatra Luiz Antônio Marques Mendonça, o dado revela a visão distorcida, já que a pessoa sabe que não pode beber e dirigir, mas aceita pegar carona com outro motorista alcoolizado. “Parece que o temor maior é da multa, e não o de sofrer um acidente grave ou até mesmo de morrer”, comenta. Nessa situação, afirma Mendonça, além de não pegar carona, o passageiro deve impedir que o motorista alcoolizado dirija. “A imprudência no trânsito não é necessariamente do motorista”, diz.
O coordenador da pesquisa da Senad, o também médico psiquiatra e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Flávio Pechansky, considera esse número um dos principais indícios da imprudência do brasileiro no trânsito. “Infelizmente ainda não temos a cultura de que uma pessoa do grupo de amigos fique sem beber para levar os outros para casa após as confraternizações”, lamenta o psiquiatra.
Fonte: Gazeta do Povo
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