Atualmente nos Estados Unidos, existem 22,3 milhões de dependentes ou usuários de drogas ilícitas ou álcool e o número de indivíduos que recebem tratamento para livrar-se do vício não chega a 20%.
No Brasil, o crack é uma das drogas que vem causando mais alarde ultimamente e desde 2009 vem aumentando o número de usuários em cidades como Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. Há saída para este problema?
Em recente visita a São Paulo, a mexicana radicada nos Estados Unidos Nora Volkow, diretora do Instituto Nacional sobre Abuso de Drogas dos Estados Unidos (NIDA), falou de seus estudos sobre o abuso de substâncias químicas defendendo que a dependência química é uma doença crônica que afeta o cérebro e deve ser tratada como tal.
Segundo a neurocientista, assim como a hipertensão, o vício é uma doença crônica que exige cuidados contínuos. “As taxas de recaídas de dependentes químicos são similares a outras doenças crônicas, como diabetes do tipo 1, hipertensão e asma, que também são caracterizadas por um grande número de recaídas pós-tratamento”, explica a pesquisadora, considerada pela revista “Time” uma das “100 pessoas mais influentes do mundo”.
Se nos EUA o tratamento do problema é feito por meio de grupos de ajuda em centros de recuperação, deste lado do Equador os programas são escassos. De acordo com Ronaldo Laranjeira, médico psiquiatra e coordenador da UNIAD (Unidade de Pesquisa em Álcool e drogas da Unifesp), o sistema público não oferece um programa que ajude o paciente por um período de meses ou anos.
“Nos CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), cada profissional trata seu paciente como bem entender, mas é um trabalho que precisa de uma busca ativa e o sistema público não tem essa cultura de procurar mais trabalho”, afirma o especialista. Em contrapartida, Laranjeira indica os grupos de ajuda como principais portas para a recuperação e para o apoio familiar.
Segundo Laranjeira, mesmo que a família de um dependente não seja responsável pelo uso que ele faz da substância, a colaboração dela para ajudar no tratamento é de extrema importância. “O usuário sem a família terá uma dificuldade muito maior para se recuperar”, afirma. No entanto, é difícil lidar com uma doença complexa como a dependência química e, se a família também não obtiver apoio, também pode chegar a uma exaustão emocional, física e financeira.
Mecanismo da dependência
De acordo com a especialista norte-americana, o uso repetitivo de substâncias químicas diminui a habilidade de controle do indivíduo. As drogas afetam uma área cerebral chamada córtex orbitofrontal, responsável pelas decisões que tomamos, fazendo com que ela não funcione como deveria. “Os dependentes acabam perdendo o livre-arbítrio para dizer não”, explica Volkow. Como exemplo, ela cita pacientes que têm a mesma área do cérebro afetada, mas por culpa de outro problema, como o Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC).
Para medir os riscos do uso de substâncias químicas pela primeira vez, a especialista ressalta a idade como um fator indispensável. Segundo Volkow, a infância e a adolescência caracterizam a época mais propícia para desenvolvimento do vício. “Durante este período, o cérebro ainda é muito ‘plástico’: possibilita que você aprenda mais rapidamente, mas que se torne dependente químico mais rapidamente também”.
Entretanto, não é apenas a “plasticidade” do cérebro que colabora para o desenvolvimento do vício. A neurocientista afirma que fatores genéticos e ambientais também influenciam. E bastante. “O uso frequente de drogas afeta o cérebro e ocasiona o vício, mas quanto maior a predisposição genética e o número de eventos estressores na adolescência, maior é a possibilidade dele existir”, explica.
Fonte: Delas
No Brasil, o crack é uma das drogas que vem causando mais alarde ultimamente e desde 2009 vem aumentando o número de usuários em cidades como Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. Há saída para este problema?
Em recente visita a São Paulo, a mexicana radicada nos Estados Unidos Nora Volkow, diretora do Instituto Nacional sobre Abuso de Drogas dos Estados Unidos (NIDA), falou de seus estudos sobre o abuso de substâncias químicas defendendo que a dependência química é uma doença crônica que afeta o cérebro e deve ser tratada como tal.
Segundo a neurocientista, assim como a hipertensão, o vício é uma doença crônica que exige cuidados contínuos. “As taxas de recaídas de dependentes químicos são similares a outras doenças crônicas, como diabetes do tipo 1, hipertensão e asma, que também são caracterizadas por um grande número de recaídas pós-tratamento”, explica a pesquisadora, considerada pela revista “Time” uma das “100 pessoas mais influentes do mundo”.
Se nos EUA o tratamento do problema é feito por meio de grupos de ajuda em centros de recuperação, deste lado do Equador os programas são escassos. De acordo com Ronaldo Laranjeira, médico psiquiatra e coordenador da UNIAD (Unidade de Pesquisa em Álcool e drogas da Unifesp), o sistema público não oferece um programa que ajude o paciente por um período de meses ou anos.
“Nos CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), cada profissional trata seu paciente como bem entender, mas é um trabalho que precisa de uma busca ativa e o sistema público não tem essa cultura de procurar mais trabalho”, afirma o especialista. Em contrapartida, Laranjeira indica os grupos de ajuda como principais portas para a recuperação e para o apoio familiar.
Segundo Laranjeira, mesmo que a família de um dependente não seja responsável pelo uso que ele faz da substância, a colaboração dela para ajudar no tratamento é de extrema importância. “O usuário sem a família terá uma dificuldade muito maior para se recuperar”, afirma. No entanto, é difícil lidar com uma doença complexa como a dependência química e, se a família também não obtiver apoio, também pode chegar a uma exaustão emocional, física e financeira.
Mecanismo da dependência
De acordo com a especialista norte-americana, o uso repetitivo de substâncias químicas diminui a habilidade de controle do indivíduo. As drogas afetam uma área cerebral chamada córtex orbitofrontal, responsável pelas decisões que tomamos, fazendo com que ela não funcione como deveria. “Os dependentes acabam perdendo o livre-arbítrio para dizer não”, explica Volkow. Como exemplo, ela cita pacientes que têm a mesma área do cérebro afetada, mas por culpa de outro problema, como o Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC).
Para medir os riscos do uso de substâncias químicas pela primeira vez, a especialista ressalta a idade como um fator indispensável. Segundo Volkow, a infância e a adolescência caracterizam a época mais propícia para desenvolvimento do vício. “Durante este período, o cérebro ainda é muito ‘plástico’: possibilita que você aprenda mais rapidamente, mas que se torne dependente químico mais rapidamente também”.
Entretanto, não é apenas a “plasticidade” do cérebro que colabora para o desenvolvimento do vício. A neurocientista afirma que fatores genéticos e ambientais também influenciam. E bastante. “O uso frequente de drogas afeta o cérebro e ocasiona o vício, mas quanto maior a predisposição genética e o número de eventos estressores na adolescência, maior é a possibilidade dele existir”, explica.
Fonte: Delas
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