Parentes de dependentes de dro-gas são os primeiros a descobrir o problema, mas por falta de informação demoram a procurar tratamento e costumam res-ponsabilizar as companhias ou dizer que é culpa da baixa estima do viciado. Esse perfil é apontado na pesquisa inédita no Brasil, feita pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). De acordo com o estudo, em 68% dos casos, foi a família quem descobriu a dependência.
O trabalho, feito a partir da entrevista de 500 pessoas que procuram os grupos de ajuda Amor Exigente, mostra que a descoberta do uso de entorpecente foi feita por um familiar que percebeu mudanças de comportamento e, na grande maioria, por mulheres. “São companheiras dos usuários ou mães. Muitas delas, até procurar ajuda, já estão doentes, com depressão”, afirma a coordenadora do trabalho, Maria de Fátima Rato Padin.
“Hoje tenho consciência de que assumia parte da culpa pelo problema. E, principalmente, assumia a responsabilidade de resolvê-lo”, conta a jornalista Cleide Canduro, de 53 anos. Mãe de quatro filhos, ela descobriu há oito anos que três deles tinham usado drogas. “Dois apenas tiveram contato. Mas um deles usava de forma abusiva, afetando estudos, o rendimento nos esportes, a convivência”, relata.
A maconha é a droga mais frequente e de maior preferência dos usuários – de acordo com a percepção da família. “Há sempre a ideia de que maconha traz poucos prejuízos. Mas, para familiares, isso está longe de ser verdade”, afirma Maria de Fátima.
Atendimento
O trabalho retrata ainda as dificuldades que famílias percorrem até encontrar um atendimento adequado. “Elas estão muito desamparadas e, principalmente, não encontram nível de informação adequado”, avalia a pesquisadora. Um dos exemplos da dificuldade está no desconhecimento da oferta dos serviços públicos gratuitos para atendimento de pacientes. Segundo a pesquisa, 61,6% desconhecem os serviços. E, antes de recorrer aos grupos de ajuda mútua, já haviam tentado soluções como internação, atendimento psicológico e psiquiátrico, e até grupos religiosos.
Cleide, por exemplo, recorreu a várias alternativas antes de procurar um grupo de ajuda. Somente depois de um ano nesse grupo é que veio a decisão de internar seu filho, que associava o consumo de maconha e álcool.
“Demorei a admitir que ele tinha problemas com drogas. Demorei a tomar uma atitude mais firme”, completa. Hoje Cleide percebe que isso não é incomum. “As notas dos filhos pioram, eles chegam em casa bêbados. Mas é sempre mais confortável aceitar a versão deles: de que professores são ruins, que a bebedeira foi episódio passageiro ou resultado da combinação de álcool com estômago vazio.”
Para Maria de Fátima, uma das principais conclusões dos resultados de sua pesquisa é a necessidade de se ampliar o acesso de informações sobre serviços existentes e, sobretudo, ampliar a oferta de tratamento.
“Já não é de hoje que a dependência de droga é considerada uma epidemia. O trabalho mostra que, dentre as doenças crônicas, a dependência é uma das únicas a trazer efeitos negativos também para pessoas que estão além do núcleo familiar”, completa. “É preciso deixar claro quais são as formas de assistência e, principalmente, ampliar a oferta.”
Fonte: Jornal da Tarde
O trabalho, feito a partir da entrevista de 500 pessoas que procuram os grupos de ajuda Amor Exigente, mostra que a descoberta do uso de entorpecente foi feita por um familiar que percebeu mudanças de comportamento e, na grande maioria, por mulheres. “São companheiras dos usuários ou mães. Muitas delas, até procurar ajuda, já estão doentes, com depressão”, afirma a coordenadora do trabalho, Maria de Fátima Rato Padin.
“Hoje tenho consciência de que assumia parte da culpa pelo problema. E, principalmente, assumia a responsabilidade de resolvê-lo”, conta a jornalista Cleide Canduro, de 53 anos. Mãe de quatro filhos, ela descobriu há oito anos que três deles tinham usado drogas. “Dois apenas tiveram contato. Mas um deles usava de forma abusiva, afetando estudos, o rendimento nos esportes, a convivência”, relata.
A maconha é a droga mais frequente e de maior preferência dos usuários – de acordo com a percepção da família. “Há sempre a ideia de que maconha traz poucos prejuízos. Mas, para familiares, isso está longe de ser verdade”, afirma Maria de Fátima.
Atendimento
O trabalho retrata ainda as dificuldades que famílias percorrem até encontrar um atendimento adequado. “Elas estão muito desamparadas e, principalmente, não encontram nível de informação adequado”, avalia a pesquisadora. Um dos exemplos da dificuldade está no desconhecimento da oferta dos serviços públicos gratuitos para atendimento de pacientes. Segundo a pesquisa, 61,6% desconhecem os serviços. E, antes de recorrer aos grupos de ajuda mútua, já haviam tentado soluções como internação, atendimento psicológico e psiquiátrico, e até grupos religiosos.
Cleide, por exemplo, recorreu a várias alternativas antes de procurar um grupo de ajuda. Somente depois de um ano nesse grupo é que veio a decisão de internar seu filho, que associava o consumo de maconha e álcool.
“Demorei a admitir que ele tinha problemas com drogas. Demorei a tomar uma atitude mais firme”, completa. Hoje Cleide percebe que isso não é incomum. “As notas dos filhos pioram, eles chegam em casa bêbados. Mas é sempre mais confortável aceitar a versão deles: de que professores são ruins, que a bebedeira foi episódio passageiro ou resultado da combinação de álcool com estômago vazio.”
Para Maria de Fátima, uma das principais conclusões dos resultados de sua pesquisa é a necessidade de se ampliar o acesso de informações sobre serviços existentes e, sobretudo, ampliar a oferta de tratamento.
“Já não é de hoje que a dependência de droga é considerada uma epidemia. O trabalho mostra que, dentre as doenças crônicas, a dependência é uma das únicas a trazer efeitos negativos também para pessoas que estão além do núcleo familiar”, completa. “É preciso deixar claro quais são as formas de assistência e, principalmente, ampliar a oferta.”
Fonte: Jornal da Tarde
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