sexta-feira, 19 de junho de 2009

Uso indiscriminado de medicamento em crianças preocupa

O Jornal Nacional mostrou, na quarta-feira, o perigo de consumir antibióticos sem receita médica. Nesta quinta, nós trazemos outro alerta. Médicos estão preocupados com o uso crescente de um remédio popular no tratamento do Transtorno de Déficit de Atenção.

O diagnóstico de uma adolescente foi confirmado há oito anos, quando a escola chamou a atenção para um problema. “Na turma, eu sempre ficava atrasada pra caramba, eu trocava a letra, demorava a ler”, comenta a estudante. Ela diz que até hoje toma remédio pra dar conta dos estudos. “O remédio me ajuda a me concentrar na aula”, diz.

Um psiquiatra explica que problemas assim são diagnosticados com mais segurança na idade escolar da criança. “A partir dos cinco, seis anos nós já podemos verificar se essa criança é desatenta, e, o mais comum, desatenta e hiperativa. Ela atrapalha a aula, os colegas, briga muito, não consegue estudar direito, mesmo sendo inteligente”, disse o psiquiatra Claudio Costa.

Uma mãe acredita que nem toda prescrição é correta. Ela diz que sofre pressão do colégio do filho para fazer o tratamento do menino, que tem nove anos e ganhou fama de agitado e impulsivo.

“Uma vez no mês a gente é chamado lá, para levar no neurologista para iniciar o medicamento com ele. Na primeira consulta, a médica só ficou observando ele e já puxou o receituário para indicar o medicamento”, disse, preferindo não ser identificada.

O remédio mais usado pra combater o Transtorno de Déficit de Atenção é o metilfenidato. Ele age no sistema nervoso central aumentando a capacidade de concentração. Daí ter ficado conhecido como droga da obediência. O consumo do medicamento aumentou 1.600% em oito anos, no Brasil.

Especialistas acreditam que pelo menos 90% das vendas são para crianças e adolescentes. “É um diagnóstico complexo. E a intervenção normalmente ela é multidisciplinar, com médicos, psicólogos, terapeutas ocupacionais”, disse Regina Volpini, psicóloga.

Uma professora de pediatria, na Faculdade de Medicina da Unicamp, se diz assustada com o uso crescente do metilfenidato. Especialmente por conta dos efeitos colaterais.

“Na verdade, o que se quer quando usa o remédio é que a criança fique quieta. Eu não daria esse medicamento, porque é um psicotrópico e tem reações adversas bastante sérias, variando desde problemas cardíacos, psicose, alucinação e agir como um zumbi. A pessoa fica como se ela estivesse amarrada dentro dela mesma”, disse Maria Aparecida Moysés, da Unicamp.

Para a médica da Associação Brasileira de Neuro-Psiquiatria da Infância e Adolescência, Cláudia Machado, o metilfenidato, apesar de forte, é necessário em alguns casos, para combater o Transtorno do Déficit de Atenção.
“Ele tem um efeito de melhora em quase 80%, 90% dos casos. Então por isso que, quando usado e bem indicado, ele tem uma resposta muito boa para criança e também para a família”, disse Cláudia.


Assista:


Fonte: Jornal Nacional

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