quarta-feira, 24 de junho de 2009

Cerca de 1,5 mil usuários de crack estão sendo atendidos em Rio Grande

Ontem à tarde, o Centro Regional de Estudos, Prevenção e Recuperação de Dependentes Químicos (Cenpre), ligado à Universidade Federal do Rio Grande (Furg), deu continuidade às ações alusivas à 16ª Semana Gaúcha e à 11ª Semana Nacional sobre o Uso Indevido de Drogas.

Na ocasião, dependentes de crack participavam de uma oficina de artesanato, uma das atividades promovidas pelo Centro com o objetivo de afastá-los das ruas e, consequentemente, dos contatos com as drogas. A aula de pintura foi ministrada pela professora Valquíria Fiussen.

De acordo com o coordenador do Cenpre, Fernando Amarante Silva, as ações têm dois propósitos: o de afastar os usuários da rua, permanecendo por mais tempo em local sadio, neste caso, no Cenpre; e também o de aumentar a adesão dos usuários ao tratamento, através do convívio com os terapeutas.

Além do atendimento chamado tratamento clássico, o Cenpre intensificou as atividades junto aos dependentes de crack, pois estes possuem características diferentes dos demais usuários de drogas. "Os usuários de crack são os únicos que admitem o descontrole frente à droga. O mais difícil não é fazer com que este usuário inicie o tratamento, porém, logo após os primeiros atendimentos, pensam que estão curados e acabam usando a pedra novamente", declara o professor Amarante.

Segundo ele, 300 dependentes de crack estão cadastrados no Centro. Entretanto, atualmente cerca de 30 estão engajados nas ações, mas de forma flutuante, cerca de 10% das pessoas que procuraram o espaço. "Os pacientes aparecem por alguns dias e depois desaparecem pois entendem estar curados. Muitas vezes, por perderem o controle, procuram o Cenpre devido ao seu envolvimento com delitos ou desavenças com os traficantes", explica.

O coordenador do Cenpre declara que na maioria das vezes o próprio usuário de crack procura auxílio, sendo que uma porcentagem menor é levado por familiares.

Além do combate à dependência e a prevenção, o Cenpre trabalha a qualidade de vida dos dependentes, pois o consumo da pedra acaba tirando a fome e o sono dos usuários.

O Cenpre possui grupos de origami, artesanato e computação, psicoeducação, “Discutindo o Cotidiano” (quando debatem assuntos propostos pelos próprios usuários), entre outros trabalhos, pois o propósito inicial do Centro é que os dependentes permaneçam o maior tempo possível no local.

Fernando Amarante Silva ressalta que nos últimos 30 dias houve uma redução considerável na procura por tratamento no Centro, de 20% a 30%. "Não foi feita uma análise técnica para saber qual a explicação, mas acredita-se que a diminuição de usuários deu-se pelo fato de a comunidade estar trabalhando mais forte na repressão e prevenção, diminuindo também o consumo; ou que todos os usuários de crack da cidade estão sendo atendidos pelo município que, além do Cenpre, conta com comunidades terapêuticas, hospital psiquiátricos e demais núcleos que atendem usuários. Se todos os atendimentos forem somados, suponho que 1,5 mil usuários de crack são atendidos em Rio Grande", fala.

O Cenpre dispõe de cerca de 48 vagas através dos mais diversos grupos de trabalho. Atualmente 30 pessoas encontram-se em rotatividade (não frequentam regularmente) na modalidade terapêutica.

As atividades alusivas às semanas nacional e estadual de prevenção são coordenadas pelo Conselho Municipal de Entorpecentes (Comen/RG), e se estendem até a próxima sexta-feira, 26.

Durante toda a semana, algumas escolas da rede pública de ensino da cidade também estão promovendo trabalhos de conscientização de crianças e jovens, além da confecção de material, cartazes e outros trabalhos que buscam a ressaltar os problemas causados pelo consumo de crack.


Além das instituições de ensino, outras ações ocorrem até a próxima sexta-feira, visando à troca de informações e experiências entre usuários de crack, álcool, maconha, cocaína e seus familiares.


Fonte: Jornal Agora

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