Informação publicada no jornal A Tribuna, Santos-SP em 01/02.
NILSON REGALADO
Uma das vigas de sustentação do projeto para o Santo Amaro é a Psiquiatria. Esse setor deverá contribuir tanto com a melhoria no atendimento prestado ao cidadão como deverá proporcionar aumento na arrecadação do hospital. Isso porque, segundo o professor Wagner Gattaz, "pelo menos 40% das pessoas que procuram o pronto-socorro têm necessidade de atendimento psiquiátrico".
Segundo o especialista, que durante 18 anos deu aulas sobre o tema na Alemanha, todos os casos de "pessoas com crise de pânico, transtorno de ansiedade, que acham que estão tendo enfarto, que abusam de álcool ou drogas, que tentam o suicídio" que chegam ao pronto-socorro apresentam um quadro que requer atendimento de psiquiatra.
"É importantíssimo que o atendimento psiquiátrico seja um coadjuvante ao atendimento que nós damos aos nossos pacientes. Isso é válido para o atendimento no pronto-socorro, mas é válido também para o atendimento em enfermarias", resume Gattaz.
"Sabe-se que pessoas que têm câncer e, junto, um quadro depressivo, têm um prognóstico pior. Se você trata essa depressão, aumenta a sobrevida. A Psiquiatria trata de doenças do cérebro, esse é um conceito novo. A Psiquiatria não trata a mente porque a mente é uma manifestação do cérebro. Então, tratando de doenças do cérebro nós influenciamos todo o organismo porque o cérebro é dono não só da mente mas do corpo todo, é ele que controla o sistema imunológico, o sistema endócrino", ensina Gattaz.
Embora reconheça que a região tem bons profissionais na área, na opinião do presidente do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, "a Baixada Santista em especial, mas de resto todo o Brasil, está mal assistida em Psiquiatria".
Essa constatação se deve ao fato de que não há "nenhum serviço integrado (na Baixada Santista) onde o atendimento psiquiátrico seja valorizado como tal e integrado dentro de um hospital geral".
HOSPITAL PSIQUIÁTRICO
Isso, porém, não significa que o atendimento será restrito ao pronto-socorro ou às enfermarias do Santo Amaro. Gattaz admite que o HSA servirá como ponte para os pacientes "que necessitem de tratamento mais intensivo por uma equipe multidisciplinar".
"Vamos formar uma rede de encaminhamentos quando o indivíduo apresentar um quadro psicótico agudo, quando ele está delirando, ouvindo vozes. Podemos mantê-lo em enfermaria por três ou quatro dias, mas ele vai precisar de um tratamento mais longo que vai terminar com a reabilitação profissional e a reinserção do indivíduo na sociedade", salienta Gattaz.
"Tenho certeza de que esse sistema médico-psiquiátrico pode ter um grande impacto na Baixada", completa.
Antes, porém, os especialistas do setor que integram a equipe de Gattaz pretendem descobrir "quantas pessoas doentes há no Guarujá e qual a prevalência de transtornos psiquiátricos" que vão desde o abuso de álcool e drogas até quadros mais graves de depressão, de psicoses.
"Precisamos saber qual é o número de transtornos psiquiátricos que procuram o pronto-socorro. Já olhei uma estatística do hospital e os transtornos psiquiátricos não são computados, não cobrados do SUS nem dos convênios. Quer dizer, estamos trabalhando de graça", conclui Gattaz.
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