Estresse faz participante do ‘BBB’ largar o programa

Especialistas afirmam que organismo pode sofrer desequilíbrios hormonal e psíquico em situação de pressão extrema

Veículo: Diário de São Paulo
Seção: Saúde
Data: 03/02/2009
Estado: SP

A desistência do paulistano Leonardo Jacu no “Big Brother Brasil 9”, que deixou o programa ontem depois de ficar mais de 17 horas confinado dentro de um cômodo lacrado, levantou uma questão que vai além dos limites do jogo. É possível que provas como essa possam comprometer a saúde mental do participante?
“Em linhas gerais, sim. Quando somos submetidos a situações extremas de estresse, o nosso organismo reage, causando algum desequilíbrio psíquico”, explica José Thomé, psicoterapeuta e coordenador da Comissão Técnica de Intervenção em Situações de Crise e Desastres e Catástrofes da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).

O especialista conta que isso se dá graças a produção de hormônios ligados à sensação de bem-estar. “Nessas circunstâncias, o corpo libera cortisol e adrenalina. O estresse impede ainda a recaptação da serotonina. Tudo isso, aliado a predisposições de ordem genética e social do paciente, pode desencadear uma crise neurótica ou psicótica”, justifica.

De acordo com a direção do programa, todos os concorrentes do “BBB” passam por uma bateria de exames antes do programa. Pelo resultado dos testes, Leonardo estava apto a lidar com as situações de estresse que encontraria na casa. Participante do “BBB 8”, o psiquiatra Marcelo Arantes conta que, no entanto, é dentro do local que o indivíduo descobre seus limites. “O cerceamento da liberdade, levado ao extremo, é capaz de fazer com que o indivíduo reveja o que considera aceitável para si. No caso de Leonardo, havia o agravante de ele já estar fragilizado pela sensação de desaprovação”, analisa ele, que considera corajosa a decisão do “brother” em abrir mão da competição: “Ele queria o prêmio para pagar as dívidas. Havia uma motivação clara. Se ele avaliou e chegou à conclusão de que não valia a pena levar adiante, não deve ser crucificado por isso. Pela saúde, é a atitude mais sábia que ele poderia tomar.”