Matéria produzida por Eliane de Souza, e veiculada no jornal Diário do Grande ABC, em 7 de janeiro.
A melancolia, tão evidente em períodos de mudança, pode ser na verdade um grave problema de saúde. Um tipo de depressão que boa parte das vezes leva à perda da capacidade de sentir prazer na vida, com grande sofrimento para os portadores da doença, em especial, as pessoas idosas.
De acordo com o especialista em transtornos do humor Teng Chei Tung, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, em São Paulo, é preciso distinguir a tristeza, uma emoção universal, do sofrimento representado pela depressão melancólica, que tem características incapacitantes e não pode ser controlada pelo paciente sozinho, necessitando de tratamento clínico.
Segundo o especialista, há cinco tipos principais de depressão: a melancólica, a atípica, a psicótica, a sazonal e a ansiosa.
Ele ressalta que a depressão melancólica é uma das menos conhecidas pela população. "Como pode atingir os idosos, é muitas vezes confundida como uma condição da idade, atribuindo sintomas da melancolia como esquecimento e desânimo a características da velhice, o que não é verdade", diz.
Até bem recentemente esses pacientes não procuravam os médicos psiquiatras - situação que vem mudando em virtude da maior aceitação dos tratamentos dos males da mente e da divulgação de informações, cada vez maior, a respeito dos mesmos. "Ainda assim, existem algumas pessoas com quadro de depressão melancólica não identificado", afirma Teng.
De acordo com o psiquiatra, alguns sintomas clássicos desse tipo de depressão são os pensamentos negativos, a idéia de morte constante, um desencanto sem fim, tédio, uma inatividade forte e, principalmente, perda de apetite e insônia. Em relação aos outros tipos de depressão, tem uma " vantagem" para sua percepção: enquanto as demais podem ser mascaradas, a melancolia é indisfarçável, está constantemente presente no rosto e na expressão do doente. "Além do abatimento físico que todos notam em função do emagrecimento do indivíduo", afirma o especialista.
Como forma de tratamento, ele recomenda o uso de medicamentos, associado à psicoterapia e exercícios físicos. "Os primeiros antidepressivos traziam muitos efeitos colaterais e até hoje a medicação deve ser acompanhada com cuidado e sempre pelo médico", explica o especialista.
Atualmente, diz ele, novos estudos e descobertas fazem com que medicamentos atuem de forma mais segura nos diversos tipos de depressão. Uma das substâncias mais adequadas, em especial nos casos de depressão melancólica, é a mirtazapina, que não tem efeitos colaterais importantes, pode ser associada a outros medicamentos (inclusive outros antidepressivos), não afeta a libido, nem o coração, com bom desempenho na recuperação do apetite e na melhoria do sono.
É uma doença relativamente fácil de tratar, podendo ser, inclusive, bem controlada, desde que haja diagnóstico rápido e efetivo da doença. Para isso, o apoio familiar é muito importante, até para a percepção dos sintomas, já que exames clínicos normais não acusam o problema. Mais informações no Ipq (Instituto de Psiquiatria) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por acessar o Psicoterapia Brasil!
Sua opinião é importante, será muito bem recebida e esperamos poder contar com ela sempre!