Um morto a cada 10 minutos (!)
Eis a média de assassinatos no país em 2010. O índice é maior do que o de regiões em conflito, como Israel e Palestina. Pesquisa indica ainda que os crimes têm aumentado no interior dos estados.
Ao registrar 1.091.125 assassinatos nos últimos 30 anos, o Brasil fecha a primeira década do milênio com uma taxa de homicídios assustadora: 26,2 mortes por 100 mil habitantes em 2010. Ou quase 50 mil corpos tombados — média de uma vida perdida a cada 10 minutos — somente no ano passado. Além de ser praticamente o triplo do índice considerado epidêmico pela Organização Mundial de Saúde (10 por 100 mil habitantes), a violência no país matou mais que em nações devastadas por anos consecutivos de guerra. No Afeganistão, onde morreram 12.417 pessoas entre 2004 a 2007, a taxa é de 9,9 por 100 mil habitantes. No Brasil, no mesmo período, foram 192.804 homicídios, resultando no índice de 25,7 — muito superior ao registrado no confronto armado entre Israel e Palestina (8,3), no Sudão (8,8) ou no Paquistão (1).
Os dados fazem parte do Mapa da Violência 2012, divulgado ontem. O estudo, usado pelo governo federal para implementar políticas de segurança pública, apontou a interiorização da violência. Enquanto a taxa de assassinatos nas capitais e regiões metropolitanas diminuiu 22,3%, de 43,2 para 33,6 entre 2000 e 2010, no interior subiu 46%, de 13,8 para 20,1 por 100 mil habitantes. Alagoas, que em 2000 estava em 11º lugar em homicídios no ranking das unidades da Federação, passou para a primeira colocação, com 66,8 mortes. Em segundo está o Espírito Santo (50,1), seguido do Pará (45,9), de Pernambuco (38,8) e do Amapá (38,7). O Distrito Federal ocupa a 10ª posição, com 34,2 mortes por 100 mil habitantes.
"O número de homicídios no Brasil é tão grande que fica fácil banalizá-lo", diz o sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, diretor de Pesquisas do Instituto Sangari, responsável pelo levantamento. Segundo ele, o fenômeno da interiorização da violência tem se alastrado, e jovens e negros continuam sendo as vítimas preferenciais. Os dados mostram que, enquanto três negros morrem (em um grupo de 100 mil habitantes negros), um branco perde a vida no Brasil. Em determinados estados, essa relação atinge índices muito díspares. Em Alagoas, por exemplo, a cada branco morto, 36 negros são assassinados, sempre proporcionalmente a um grupo de 100 mil habitantes da respectiva cor. O DF, com oito negros mortos a cada branco, está em quarto no ranking de vitimização da população negra no país, só perdendo para Pernambuco e Paraíba.
Autora: Renata Mariz.
Publicado no jornal Correio Braziliense.
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