sexta-feira, 25 de novembro de 2011

A TEMÍVEL ESCALADA DO CÂNCER NO BRASIL

Inca divulga estimativa de novos casos para o próximo ano e diz que 518 mil pessoas serão diagnosticadas com tumores malignos no país. Identificar a doença precocemente é o método mais eficaz de obter sucesso no tratamento, ressaltam especialistasNotíciaGráfico

A doença de que até pouco tempo atrás muitos evitavam pronunciar o nome tem se tornado mais conhecida pela população. Casos de pessoas famosas, como Steve Jobs, Reynaldo Giannechini e, mais recentemente, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, contribuíram para a popularidade do mal que, embora cause tanta comoção quando acomete celebridades, será realidade para mais meio milhão de brasileiros em 2012. A estimativa de novos casos, divulgada ontem pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), mostra que, no próximo ano, 518 mil pessoas serão diagnosticadas no país com tumores malignos — 10% a mais em relação a 2011. No Distrito Federal, onde 8.210 pessoas adoecerão, a incidência de neoplasia na mama é a quarta maior do país (61,2 casos por 100 mil habitantes). A capital fica em quinto lugar no ranking de câncer de próstata (68,7 por 100 mil habitantes).

Esses dois tipos de tumores são os mais comuns no Brasil, respondendo, juntos, a 30% do total de casos estimados. No DF, eles representam 20% de todas as neoplasias. Para o coordenador de ações estratégicas do Inca, Cláudio Noronha, o aumento de casos é uma evolução esperada, uma vez que a população está envelhecendo. A incidência maior de câncer na próstata e de mama, segundo ele, faz parte de uma característica do Brasil. "O país sempre se comportou dessa forma por questões de hábitos, estrutura etária, entre outros aspectos. Em algumas nações, problemas no pulmão são mais comuns, especialmente onde o tabagismo foi ou ainda é um traço forte da sociedade", destaca Noronha. Segundo o médico, a solução para reduzir a mortalidade por câncer — de 60% no Brasil — é o diagnóstico precoce.

"Existe muita dificuldade para o diagnóstico precoce. Às vezes, a pessoa tem os sintomas, mas não tem acesso ao médico. E também existem médicos que não estão preparados para fazer o diagnóstico", afirma o presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, Anderson Silvestrini. A Região Norte é a única onde, entre as mulheres, o câncer de mama não é o mais frequente, e sim o de colo de útero, com 23,6 casos para 100 mil habitantes, contra a média nacional, de 17,4. Tal fenômeno, segundo o especialista, pode ser explicado por dois motivos: "As mulheres, além de iniciarem a vida sexual mais cedo nessa região, não têm acesso fácil a exames que detectam o HPV. Dez ou 20 anos depois da exposição, o câncer surge", destaca Noronha. Embora uma vacina contra o HPV já esteja sendo vendida na rede privada, o Ministério da Saúde ainda não a incorporou, por questões de preço, ao Sistema Único de Saúde (SUS).

Exames periódicos

No caso da mama, os exames periódicos também são a forma mais apropriada de descobrir a doença em estágio inicial. Mamografias anuais devem ser feitas a partir dos 35 anos, para quem tem casos na família. E um pouco mais tarde, por volta dos 40 em diante, quando a mulher não apresenta nenhum fator de risco hereditário. "O câncer de mama não tem apenas um culpado. Obesidade e exposição hormonal estão entre as causas", esclarece Silvestrini. O crescimento dos tumores na próstata — que no Brasil é o que mais acomete homens em qualquer região do país — está fortemente relacionado ao envelhecimento, diz o oncologista. "É uma doença bastante comum no universo masculino, atinge de 70% a 80% da população."

Sete novas localizações de câncer entraram pela primeira vez na estimativa do Inca. São eles a neoplasia na bexiga, ovário, tireoide, sistema nervoso central, corpo do útero, laringe e linfoma não Hodgkin. Esses dois últimos acometeram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a atual presidente, Dilma Rousseff, respectivamente. O ator Reynaldo Giannechini também luta atualmente contra um linfoma não Hodgkin.

Mortalidade

O parâmetro de mortalidade mais aceito está relacionado à sobrevida. Ou seja, o percentual de pessoas que permanecem vivas cinco anos depois de iniciar o tratamento depois do diagnóstico. Em países desenvolvidos, para câncer de mama, por exemplo, a estatística chega a 85%. No Brasil, está em 60% para os casos de mama e em geral. Determinadas neoplasias, como no pulmão ou no cérebro, têm alta mortalidade em qualquer lugar do mundo.

Publicado no jornal Correio Brziliense.

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