segunda-feira, 16 de agosto de 2010

'Evito ao máximo sair de casa', conta brasileira que vive em Moscou

Onda de calor na Rússia provoca incêndios; fumaça encobre a capital.


A fumaça que atinge cidades da Rússia por causa dos incêndios provocados pela forte onda de calor altera o cotidiano da população. De acordo com brasileiros que moram em Moscou, a situação já passou do nível tolerável.

"Evito ao máximo sair de casa”, relata a jornalista Marina Darmaros, que mora há três anos em Moscou. Ela diz que esse é o pior momento que já viveu na capital russa.
Enquanto as autoridades do país tentam controlar os mais de 500 focos de incêndios ativos, uma mudança no rumo dos ventos trouxe novamente, neste fim de semana, a fumaça e o cheiro de queimado para Moscou. Além da capital, as cidades de Nizhnyi Novogorod, Ryazan e Vladimir também amanheceram cobertas pela nuvem de fuligem.

Os incêndios no país foram provocados por uma onda de calor, que já dura quase dois meses. No total, 54 mortes foram confirmadas em função dos incêndios, em uma área de 200 mil hectares atingida pelas chamas. Embora as autoridades garantam que o pior das queimadas e da onda de calor já ficou para trás, apenas o início das chuvas, esperado para o fim de agosto ou início de setembro, deve pôr fim ao tormento dos russos.

Abaixo, uma foto feita pela brasileira no começo deste mês mostra a situação de quem mora na capital russa.Marina afirma que os russos estão conformados com a fumaça. “Reclamam, mas sabem que não vai adiantar”, diz. Ela afirma que "a mídia fala sobre o assunto, mas alguns tópicos só estão na imprensa internacional”, diz referindo-se a regiões de Sarov e Bryansk, áreas altamente contaminadas pela radiação de Chernobyl, onde o fogo poderia criar uma nuvem tóxica e se espalhar pelo país.
Poucas
casas e prédios têm aparelhos de ar-condicionado ou mesmo ventiladores. Desta forma, a única maneira de fazer o ar circular – e evitar sofrer com a violenta onda de calor que castiga o país – seria abrindo as janelas. E é aí que a fumaça entra. Ou seja, é preciso optar entre ficar trancado em casa e sofrer com o calor, ou suportar a fumaça e o cheiro de queimado e fuligem.

O publicitário brasileiro Luís Eduardo Nogueira, que está há três meses em Moscou, relata que, ao chegar no país, se deparou com um calor impensável. A fumaça, disse ele, piorou as condições.“Eu ganhei uma máscara cirúrgica de uma colega de trabalho. E como no meu apartamento não tem ar condicionado e a calefação está ligada, era impossível ficar dentro, com as janelas fechadas. Passei muito tempo dentro da agência em que eu trabalho, inclusive o final de semana. E alguns colegas meus de trabalho fizeram o mesmo”, relata.

Nogueira também sentiu os efeitos do calor e da fuligem. Além da ardência no nariz e nos olhos, enfrentar a nuvem nas ruas é uma tarefa árdua. “Não usando máscara, ao andar um metro parece que se anda uns três quilômetros. O ar está muito pesado”, conta acrescentando que, quem pode, deixa a cidade nos finais de semana. Mas, mesmo isso não garante uma melhora na qualidade.

A advogada Darya Beldinskaya, que mora na cidade de Vidnoe, a 35 quilômetros de Moscou, na área metropolitana, diz que nas tradicionais “Dachas” – as casas de campo dos russos – a preocupação é constante. “Como estamos mais perto das áreas em chamas, a fumaça é muito densa. E há ainda o medo de que o fogo se espalhe e chegue até nós”, conta.

“Infelizmente, já estamos acostumados. Sempre enfrentamos adversidades, naturais ou não. Frio, neve, calor, enchente, guerras, fome... Faz parte da vida do russo lutar para sobreviver. A fumaça incomoda, mas nós vamos vencer”, diz Beldinskaya.

Fonte: G1

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