segunda-feira, 26 de julho de 2010

Crack: os efeitos da droga no cérebro

Liberdade é o que um rapaz que parou de fumar crack há dois anos carrega no peito.

“Todo o vazio que eu tinha dentro de mim vieram das grandes perdas - familiar, profissional – por conta do uso de drogas. Eu conheci o crack e, nos seis meses que eu fiz uso, a degradação da minha vida foi explícita”, conta o jovem.

Foi tempo suficiente para largar a família e perder tudo o que tinha.

“Troquei meu último automóvel em crack, deixei na boca-de-fumo. Foram essas perdas que me fizeram abrir os olhos e perceber que, ao mesmo tempo que aquela droga me dava asa, ela estava tirando meu cérebro. Assim que percebi que tinha perdido meu cérebro, caí de cara no chão”, relata o ex-usuário.



O psiquiatra Leonardo Moreira, especialista em dependência química, estuda a potência do crack. A droga modifica células no cérebro já primeira vez de uso.

“O crack, quando fumado por uma pessoa, chega tão rápido ao cérebro quanto se a pessoa tivesse injetado Ele chega a áreas fundamentais para causar dependência, em locais do cérebro onde está o núcleo do prazer, que a gente chama de Área Tegmentar Vental”, explica Moreira.

Ao fumar crack, a droga dispara substâncias para o cérebro. Os neurônios criam novos receptores, responsáveis pela transmissão de informações para as células nervosas. Com receptores alterados, o cérebro espera receber mais dopamina, combustível do neurônio que dá energia e disposição.

“Quando não recebem, começam a sensação de fissura. Começa então a liberação de outras substâncias. É um mecanismo complexo, que faz com que a pessoa tenha uma fissura muito grande pela droga. E essa fissura não começa dias depois que a pessoa para de fumar crack, começa segundos depois que acabou a última baforada”, acrescenta o especialista.

Há dois anos, menos de 0,5% dos atendimentos nos Centro de Atenção Psicossocial (Caps) era por conta do crack. Hoje, passam de 30%. O Ministério da Saúde recomenda um centro para cada 100 mil habitantes. Ceilândia tem 600 mil moradores e apenas um Caps com muros no chão, vidros quebrados e portas trancadas.

“Não funciona. O que está funcionando aí é um ponto para as pessoas se drogarem. É um perigo para a gente”, fala o aposentado Francisco das Chagas.

“A situação é dramática. Só há serviço público nos dois CAPS Álcool e Drogas em Brasília. Um funciona no Guará e outro em Sobradinho II. Imagina alguém sair de Planaltina e ter que ir para o Guará ou Sobradinho em busca de tratamento”, afirma o coordenador do Fórum de Dependência Química do DF, Carlos Batista.

Quem tenta romper o vício sabe que é difícil. “A distância entre mim e a droga é só a distância do meu braço. O crack está na porta da minha casa, em toda a esquina tem essa droga”, fala um rapaz.

Fonte: DFTV

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